Vanderhall Venice Blackjack, um “brinquedo” para gente grande! ?

Três rodas, dois lugares, 175 cv e 275 Nm de binário, em apenas 660 kg de peso. Se parado já parece rápido, agora imaginem a fundo!

Vanderhall
Roadster
Vanderhall Venice Blackjack

Depois de darmos a conhecer a chegada da marca amerinaca a solo nacional, eis que chega a altura de nos sentarmos ao volante de um destes roadsters de três rodas. A versão Blackjack, uma edição limitada e mais “simplificada” do Venice, garante um preço mais convidativo ao nosso mercado, recorrendo a menos equipamento e uma motorização inferior à restante gama. É poupado no equipamento, mas não na emoção…

Confesso que a ansiedade de testar estes pequenos “brinquedos” era muita. Não é todos os dias que aparecem novas marcas no mercado, de tal disrupção e irreverência, como Steve Hall nos brinda com estes Vanderhall. O modelo Venice é o modelo de entrada no mundo Vanderhall, e ainda que inferior ao Carmel, acaba por oferecer uma experiência tão ou mais intensa.

Apesar de dimensões muito semelhantes, o Venice tem um interior um pouco mais acanhado, e dispensa espaços de arrumação, portas e tejadilho. Existem algumas mordomias, mas estão reservadas para as versões GT e GTS. Contudo, e em contrapartida, permite uma maior sensação de liberdade e leveza, tendo em conta o seu peso-pluma. Entrar acaba por ser uma experiência por si só algo única – apenas comparada com a entrada para um real “kart” – e que requer alguma ginástica. Mas mal nos sentamos ao volante do Venice, tudo parece fazer sentido.

Minimal apenas no que não importa

Estar do lado de fora de qualquer um dos Vanderhall acaba por transparecer uma sensação de estranheza pela novidade. Contudo, em segunda instância, prevalece a garantia de estarmos perante algo único. Não só pela ausência de uma “quarta roda”, mas também pela combinação harmoniosa entre um estilo retro e ao mesmo tempo contemporâneo.

Neste caso em específico, o Vanderhall Venice Blackjack prima pelo minimalismo, onde a simplicidade dos materiais e instrumentos permite-nos uma maior ligação homem-máquina. São apenas três rodas e tração dianteira, num veículo indiscreto e de centro de gravidade bastante reduzido. E se qualquer Vanderhall já prima pela simplicidade, o Venice Blackjack resulta numa maior avareza. Do seu nome deriva a inspiração para tornar esta edição limitada do Venice, em tons escuros derivados do preto, tanto no exterior como no interior.

Os modelos Vanderhall chegaram a Portugal, e nós já os fomos conhecer!

Os Vanderhall são americanos, produzidos manualmente, e inegáveis objetos de admiração no mundo automóvel que prometem momentos únicos de prazer de condução.

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De série, conta apenas com um para-brisas de menor dimensão (estilo “speedster”), não inclui guarda-lamas na roda traseira, e os das rodas da frente são mais curtos. Tudo para reduzir alguns custos e conseguir uma versão “mais em conta”. Contudo, mostraram-se extras indispensáveis para um uso mais recorrente (a unidade ensaiada dispunha desses extras montados à posteriori). Foi o que nos safou nos dias de chuviscos, vento e algumas poças de água. Já no interior, apenas dispõe do típico volante, manómetros e um travão de mão manual. Quanto às ajudas à condução… são inexistentes. Ou melhor, dispõe apenas de ABS e controlo de tração (possível de desligar), mas quanto ao resto, somos nós e a máquina.

Não é carro, mas também não é mota… o que é então?

Os Vanderhall não são carros mas também não são motas. São um misto de ambos, mas de homologação como “motociclo”, que lhe valem uma redução na lista de material obrigatório. Na dianteira, não dispõe de matrícula e os próprios faróis escondem-se atrás da grelha, garantindo uma maior simplicidade no seu desenho. Têm roll-bar, e cinto de segurança, naturalmente obrigatório. Por esse mesmo motivo não é necessária a utilização de capacete.

Além disso, foram precisos esforços que se mostraram cruciais para garantir a sua homologação nos EUA, como o caso dos refletores laterais. Fã do minimalismo, Steve Hall teve de garantir que os seus roadsters dispusessem de refletores laterais na carroçaria (amarelo na frente, vermelho na traseira). Contudo, e de forma bem engenhosa, encontrou o local perfeito para tal sem “estragar” o desenho simplista. Dessa forma, é nos centros das jantes de 18″ que se encontram estes indicadores, imprescindíveis para a homologação.

Um “turb(ilhã)o” de emoções

Sob a dianteira deste Venice Blackjack temos ao nosso dispor um motor GM de 1.4 litros e 4 cilindros, com uma potência máxima de 175 cv e 251 Nm de binário. A desmultiplicação fica a cargo de uma caixa de velocidades de seis relações automática, que não sendo exímia, garante uma boa comunicação com o condutor. Neste caso até posso ir mais longe e afirmar que não precisará de adicionar a opção sequencial para tirar melhor partido deste motor.

A tração é disponibilizada às rodas dianteiras, o que permite uma melhor estabilidade e controlo face a qualquer outro concorrente, todos de tração traseira. Como a maior parte do peso reside sobre o eixo dianteiro, é necessário ganhar alguma habituação à pressão do travão, que tem uma excelente afinação. E sempre que se pisa de forma mais contundente, sentimos o peso a ser transferido para a dianteira, sendo necessário compensar na direção ficando a traseira mais solta. Ainda assim, e por mais curva e contra-curva ou aceleração e travagem, vamos ganhando uma cada vez maior relação de proximidade com estes triciclos, dando por nós a esquecer tudo o que nos envolve e passamos a ser um só com o Vanderhall.

O som do motor e descargas do turbo são uma constante, garantindo uma maior emoção sempre que é hora de acelerar. Bastante audíveis, são ainda brindados com o acompanhar do som da “wastegate”, que se torna viciante, especialmente em retas, curvas e túneis. E não nos podemos esquecer que são 175 cv para 660 kg de peso, equivalentes a 3,77 kg por cada cavalo. O que nos catapulta sempre que abusamos do acelerador, a ritmos inebriantes e só ao alcance de um real carro desportivo.

É impossível ficar indiferente

Depois de conduzirmos em variados cenários e locais, foi fácil entender que estamos perante uma máquina diferente, extasiante e pouco discreta. Travámos inúmeros sorrisos, fotografias, acenos, perguntas e muitas alegrias não só para quem ia do lado do volante mas como quem passava de fora. São experiências como estas que tornam o mundo motorizado mais rico, menos monótono e bastante entusiasmante, numa época em que muito se fala da eletrificação. Desculpem-me os mais fundamentalistas ?

Vanderhall Venice Blackjack 9

Enquanto eu me divertia à grande com este Venice Blackjack, o Nuno Antunes fez o mesmo com o outro modelo disponível em Portugal, o Carmel. Encontrámo-nos na Serra da Arrábida para trocar impressões e o resultado ficou registado neste vídeo que podes ver no nosso canal de YouTube.

Em suma, é preciso coragem, apelo e bastante sacrifício, para projetos como estes verem a luz do dia, garantindo a alegria dos que podem um dia vir a conduzir um. Para os mais afortunados, a gama Vanderhall Venice começa nesta edição Blackjack, com um preço de venda de 38 795€. Para ficar a conhecer a restante gama, podes aceder ao site da Vanderhall Portugal ou visitar o stand em Odivelas (Lisboa).

Conclusão

O Venice Blackjack é a porta de entrada no mundo Vanderhall, que graças à ausência de equipamento e interior mais simplista, o deixa bem mais próximo de uma máquina analógica e bem divertida de se conduzir. Graças ao seu baixo centro de gravidade, relação peso-potência e afinação, podemos afirmar que este sim é um real "kart street-legal", e um "brinquedo" para gente grande. Contudo, e como tudo, o preço a pagar está longe do "comum mortal".

Ficha Técnica

Cilindrada

1399 cm3

Cilindrada

251 Nm

Binário Máximo

175 cv

Potência

Cilindrada

6 s

0-100 KM/H

225 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada

n.d. l/100 km

Combinado

7 l/100 km

Registado

n.d. g/km

Emissões CO2

Cilindrada

43 895€

Base

38 795€

Ensaiado


Thumbs UpAceleração. Relação peso-potência. Diversão ao volante.

Thumbs DownPreço. Brecagem. Falta de espaço de arrumação.