Baterias ou hidrogénio, eis a questão! Quem vencerá?

Esta é a pergunta que muitos ainda colocam, baterias ou hidrogénio? Um tema muito pouco consensual e sem uma resposta propriamente certa.

Alguns dirão “outra vez arroz?”. Outros vão torcer o nariz e mais alguns vão continuar a vociferar contra os “carros a pilhas”. Baterias ou hidrogénio? Com toda a certeza, este é um tema pouco consensual e, certamente, perturbador entre os tradicionalistas. Porém, a busca por soluções onde a base é o hidrogénio não tem estado parada. E cada vez mais, o hidrogénio surge como solução, e, curiosamente, não apenas para a indústria automóvel. Acima de tudo, os construtores continuam a apostar no hidrogénio porque têm a esperança de fazer funcionar a tecnologia.

Os grandes impulsionadores da utilização do hidrogénio são os japoneses. E por várias razões. Em primeiro lugar, porque entendem que a opção cega pela eletricidade através de baterias é arriscada do ponto de vista industrial e, sobretudo, económico. Em segundo lugar, as reservas das matérias-primas necessárias para as baterias não são, com toda a certeza, infinitas. Finalmente, a extração dos minérios (particularmente o lítio) é poluente e gasta muitos recursos hídricos.

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Serão os carros elétricos a bateria transição para o hidrogénio?

Esta será a pergunta do milhão de euros. A transição energética avança inexoravelmente, mas muito mais devagar que o desejado. As vendas de modelos 100% elétricos avançam em todos os mercados com percentagens de crescimento impressionantes. Porém, as bases de comparação fazem com que um aumento de alguns milhares de unidades se traduza em crescimentos de duplo ou até triplo dígito.

Não é segredo para ninguém que a maioria dos construtores estão a perder muito dinheiro com as gamas 100% elétricas, compensando essa perda com a venda dos modelos de combustão interna.

A grande questão que assola os decisores está na impossibilidade de prever o futuro. Neste momento, o mercado EV está estagnado. Isto porque as empresas aderiram – graças aos benefícios fiscais e outros – e os compradores particulares com capacidade de compra já estão servidos.

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Por outro lado, os que estão, agora, a trocar de automóvel lançam no mercado de usados modelos que se desvalorizam mais que um automóvel com motor de combustão. E que geram desconfiança pelo estado das baterias.

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Paralelamente, há a necessidade de lançar modelos acessíveis para penetrar no “grande” mercado. Como os chineses têm benesses fiscais que lhes permitem lançar modelos baratos, os europeus foram apanhados com as “calças na mão”. Há esperança que vários modelos abaixo dos 25 000€ surjam no mercado, mas até lá… nada!

Por conseguinte, há necessidade de explorar outras opções que sejam mais rentáveis. O hidrogénio é a escolha óbvia. Mas, serão os carros elétricos a bateria transição para o hidrogénio?

HIDROGENIO

Por que razão apostar tanto no hidrogénio?

O compromisso dos japoneses com várias formas de energia tem uma razão muito prosaica. Estão habituados a ter dificuldades energéticas e problemas com a produção de energia, pelo que detestam colocar os ovos todos no mesmo cesto.

Por isso esta aposta no hidrogénio que faz sorrir os australianos. Porquê? Porque são um dos maiores produtores deste elemento e o maior fornecedor do Japão. Com toda a certeza olhamos para o hidrogénio como uma fonte limpa de energia. Mas… será?

Na Austrália, a produção é feita a partir de lenhite (ou Lignito) uma espécie de carvão com menor poder calorífico. Ou seja, provavelmente não é tão limpo assim!

Porém, o Estado japonês tem como lei a integração do hidrogénio nas suas reservas energéticas. E aqui está a maior razão para a aposta dos construtores japoneses nesta tecnologia e nesta fonte de energia.

HIDROGENIO 2

Opiniões divergentes: baterias ou hidrogénio?

Toyota, Honda e os coreanos do grupo Hyundai/Kia, continuam a desenvolver projetos. A Toyota tem à venda um carro a hidrogénio (Mirai) e desenvolveu motores de combustão interna que utilizam hidrogénio ao invés de gasolina. No mesmo sentido, a Honda vende o Clarity, com pilha de combustível de hidrogénio.

Perante estes desenvolvimentos, há quem diga que o próximo passo depois das baterias será a pilha de combustível a hidrogénio. Com toda a certeza esta não é uma opinião convergente.

HIDROGENIO 1

Em primeiro lugar porque a produção da pilha de combustível continua a ser dispendiosa. Tudo porque obriga à utilização de placas bipolares de carbono difíceis de fazer e que exigem mão de obra e maquinaria especializada e cara. Em segundo lugar, utiliza metais como a platina, que convertem hidrogénio em eletricidade.

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Utilização em veículos de transporte rodoviário e… marítimo

Em virtude destas condicionantes, há construtores que olharam para a questão e decidiram aplicar o hidrogénio em outros veículos. Que fazem todo o sentido quando olhamos às suas especificidades.

Com o propósito de encontrar uma solução para o transporte rodoviário, a Volvo já veio dizer que os seus tratores (camiões que puxam galeras e reboques) vão apostar em baterias e no hidrogénio. Sob o mesmo ponto de vista, a casa sueca quer os motores de combustão a utilizar hidrogénio.

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É neste ambiente que o hidrogénio terá mais facilidade em se desenvolver. Camiões e barcos a bateria é algo utópico. O tempo de recarga necessário e a dimensão da infraestrutura para carregar baterias gigantescas. E o custo exorbitante desses postos de carregamento, das baterias e o esforço elétrico necessário, são razões suficientes para empurrar o transporte rodoviário e marítimo para os braços do hidrogénio.

Ainda por cima, a pesquisa por hidrogénio puro saído do solo tem dado resultados e grandes reservas, que podem ser usadas quase diretamente, estão à disposição.