A (longa) história da Renault nos ralis em Portugal

Cumprindo o regresso aos ralis com o Clio Rally5 em formato troféu, a Renault tem atrás de si uma longa história no Campeonato de Portugal de Ralis que remonta aos anos 80 do século passado.

Com toda a certeza, nomes grandes dos ralis portugueses passaram pelas equipas oficiais da Renault. E, pelo caminho, foram recolhendo uma mão cheia de títulos ao longos de quase 40 anos de história da marca nos ralis nacionais. Agora que a Renault vai regressar à competição no nosso país, aproveitamos para passar revista à (longa) história da marca francesa nos ralis em Portugal.

A (longa) história da Renault nos ralis em Portugal começou com o R5 Turbo

Com o intuito de formar uma equipa oficial, a formação semioficial Recar foi aproveitada, depois da luz verde de Louis Brun, na época o responsável da Renault em Portugal. Nesse sentido, foi aproveitado tudo o que existia dessa equipa de um concessionário, hoje desaparecido. Nasceu assim o departamento de competição da Renault Portuguesa que cuidava do Renault 5 Turbo Tour de Corse de prova e do Renault 5 Turbo Cevennes, o carro de treinos. Ou “muleto” como se dizia na época. Por outro lado, todas as revisões aos motores e transmissões eram feitas na Bozian, o preparador oficial da Renault Sport.

Joaquim Moutinho foi o piloto que ficou da equipa Recar Elf, porém, passou a ser acompanhado no banco do lado direito por Edgar Fortes. O sucesso foi enorme com 16 vitórias em três épocas, entre elas o Rali de Portugal de 1986, à geral, depois do abandono das equipas oficiais no seguimento do acidente de Joaquim Santos na Lagoa Azul.

Por outro lado, a Renault foi campeã de Portugal de Ralis em 1985 e 1986, falhando o título de 1984 de forma polémica. A história conta-se em poucas palavras: no Rali do Algarve, Joaquim Moutinho encontrou uma pedra e troncos que provocaram dois furos e, mais tarde, uma barra de ferro com pregos apareceu no meio da estrada e furou os quatro pneus do 5 Turbo.

Renault 11 Turbo com Inverno Amaral prossegue senda vitoriosa

O fim dos carros de Grupo B, “arrumou” o Renault 5 Turbo Tour de Corse já que a equipa oficial portuguesa nunca utilizou o 5 Turbo Maxi. Dessa maneira, a Renault Portuguesa passou a utilizar o Renault 11 Turbo do agrupamento de Turismo (ou Gr. A) a partir de 1987.

Joaquim Moutinho não continuou com a equipa e para o seu lugar chegou o algarvio Inverno Amaral acompanhado por Joaquim Neto. O segundo carro foi entregue a Manuel Mello Breyner e Alfredo Lavrador. Apesar da chegada de vários modelos de tração integral, a dupla da Renault venceu várias provas.

Com efeito, Manuel Mello Breyner ganhou o Sopete e o Rali do Porto, ao passo que Inverno Amaral venceu seis ralis: Camélias, Rali de Portugal, Figueira da Foz, Volta a Portugal, Açores, Madeira e Algarve. Sagrou-se o piloto algarvio Campeão de Portugal de Ralis 1987. Foi a derradeira vitória no Campeonato de Portugal de Ralis entre os pilotos por parte da Renault.

Com a companhia de Bento Amaral, Inverno Amaral e o seu colega de equipa ainda venceram provas em 1988 (Camélias e Portugal para Inverno, Algarve para Bento), e o campeão de 1987 chegava ao vice-campeonato.

Logo após estes resultados e já sem a companhia de Bento Amaral, Inverno Amaral ganhou o Rali da Figueira da Foz e da Madeira em 1989, colecionando, ainda, mais uma mão cheia de pódios, mas chegava ao final a carreira do 11 Turbo nos ralis nacionais a nível oficial.

Renault Clio foi arma para as duas rodas motrizes

A equipa oficial da Renault regressou aos ralis em 1992 com os pequenos, leves e velozes Renault Clio 16V. Ao volante estava José Carlos Macedo, que terminou o ano no quinto lugar do campeonato, com um pódio à geral no Rali do Estrela e Vigorosa Sport.

Com toda a certeza, os resultados em 1993 foram bem melhores e José Carlos Macedo foi campeão na categoria 2RM e terceiro no campeonato à geral atrás de Jorge Bica e Fernando Peres. Ao volante do novo Renault Clio Williams, o piloto repetiu o pódio no campeonato e a vitória entre as duas rodas motrizes em 1994.

A passagem para o Clio Maxi não travou a senda de sucessos da Renault. Com o intuito de lutar pelos títulos, a equipa aumentou para dois carros, sendo escolhido para pilotar o segundo automóvel Pedro Azeredo, acompanhado por Fernando Prata. José Carlos Macedo repetiu o título de F2 (duas rodas motrizes) e o terceiro lugar no campeonato, fazendo a Renault a dobradinha na categoria.

Por outro lado, em 1996, José Carlos Macedo revelou-se rápido, mas pouco consistente, ao passo que Pedro Azeredo andou depressa e com maior consistência. Dessa forma, vários pódios ao longo do ano não foram suficientes para revalidar o título das duas rodas motrizes. Pedro Azeredo foi terceiro do campeonato de Portugal e Macedo ficou em quarto, em igualdade pontual. Foi o último ano do Clio na equipa oficial.

Renault Megane Maxi agitou o Nacional de ralis

O novo Megane Maxi ocupou a oficina do departamento de competição da Renault Portuguesa, mantendo-se José Carlos Macedo e Pedro Azeredo ao volante acompanhados, respetivamente, por Miguel Borges e Fernando Prata. O Megane só esteve três anos ao serviço da equipa oficial.

José Carlos Macedo venceu a prova inaugural do Campeonato de Portugal de Ralis de 1997 (Sopete/Póvoa de Varzim) com Pedro Azeredo em terceiro. Macedo sagrou-se vice-campeão de Portugal de Ralis, com Pedro Azeredo no quarto posto.

Apesar de vencer duas provas em 1998 – Sopete e Madeira – Macedo foi apenas terceiro no campeonato seguido de Pedro Azeredo. No derradeiro ano do Megane Maxi, José Carlos Macedo esteve irreconhecível com cinco abandonos e apenas uma vitória no Rali Casinos do Algarve. Pedro Azeredo fez uso da sua regularidade para terminar o ano com duas vitórias (Solverde e Madeira) e o vice-campeonato. A Renault conseguiu o título de marcas na categoria duas rodas motrizes. Com toda a certeza, uma boa despedida do modelo.

O regresso dos Clio aos ralis nacionais

No formato S1600, o Renault Clio regressou ao Campeonato de Portugal de Ralis e à equipa oficial com o bicampeão de Portugal de Ralis, Pedro Matos Chaves, acompanhado por Sérgio Paiva. O primeiro ano foi 2004 e o piloto nortenho ficou no quarto posto do campeonato, terceiro entre os S1600.

Para 2005, a Renault transferiu as operações para a equipa Opção 04 de Baltar e juntou-se a Pedro Matos Chaves o Nuno Rodrigues da Silva. José Pedro Fontes e Fernando Prata ocuparam o segundo Clio S1600. No final do campeonato, Fontes terminou no terceiro lugar, sagrando-se campeão nas 2 Rodas Motrizes, enquanto Pedro Matos Chaves foi oitavo.

No ano seguinte, Pedro Matos Chaves já não fez parte da equipa, ficando José Pedro Fontes sozinho a defender as cores da Renault. Dois terceiros lugares no Rali Centro de Portugal e de Mortágua, não permitiram melhor que o quarto lugar no campeonato e o vice-campeonato nas duas rodas motrizes.

Terminava, assim, a passagem oficial da Renault pelos ralis nacionais, com três títulos absolutos (1985 e 1986 com Joaquim Moutinho e 1987 com Inverno Amaral) e 31 vitórias à geral (16 para o R5 Turbo, 13 para o 11 Turbo e 1 para o Clio 16V e para o Clio Maxi).

Em 2024, o Clio Trophy está de volta com o Clio Rally5

Dezoito anos depois, a casa do losango está de volta com um troféu que tem tudo para ser um sucesso! A Renault vai regressar aos troços nacionais com o Clio Trophy Portugal que terá como ponto de partida o modelo de base da pirâmide dos ralis mundiais, o Clio Rally5. Falamos de um carro com duas rodas motrizes e poucas alterações face ao modelo de série. Ainda assim, o motor debita 180 CV, conta com uma caixa Sadev de dentes direitos com cinco velocidades e um autoblocante. Simples, fiável e fácil de pilotar. Custa entre 48.500 (versão asfalto) e 52.000€ (versão terra) e promete agitar a competição em 2024.

Fique a conhecer o Clio Rally5 e o Clio Trophy Portugal aqui.

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