“A casa está a arder!”, afirma Thomas Schafer, CEO da Volkswagen

A Volkswagen enfrenta dias difíceis. A tormenta é de tal ordem que o CEO da marca de Wolfsburg, Thomas Schafer, viu-se obrigado a realizar uma reunião de emergência.

A Volkswagen enfrenta dias difíceis. A tormenta é de tal ordem que o CEO da marca de Wolfsburg, Thomas Schafer, viu-se obrigado a realizar uma reunião de emergência. Feita com todos os administradores da marca, online, para fazer um apelo quase desesperado para que haja poupanças. Com o propósito de equilibrar as contas, profundamente desequilibradas devido ao pornográfico investimento nos modelos elétricos.

A Volkswagen enfrenta momentos difíceis que, nas palavras de Thomas Schafer, “coloca tudo em causa!” O CEO da marca alemã – que reporta, naturalmente, a Oliver Blume, o CEO do grupo VW – viu-se obrigado a fazer uma reunião online com toda a equipa de gestão.

A reunião teve a duração de uma hora. Durante esses 60 minutos, Thomas Schafer deixou claro que a seriedade dos problemas atuais da marca “coloca todo em causa” e perante os mais de dois mil gestores seniores da marca, usou esta expressão: “the roof in on fire”, ou seja, a casa está a arder.

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Thomas Schäfer, CEO da Volkswagen

Volkswagen enfrenta dias dificeis

Quem esteve presente na reunião ficou impressionado pelo tom dramático do CEO e pelo seu apelo enérgico para o congelamento de despesa. “Estamos a deixar que os custos sejam demasiado elevados em demasiadas áreas!”

Em outras palavras, o que Schafer quis dizer é que a Volkswagen está a ficar sem dinheiro e prestes a endividar-se para lá do razoável. E tudo tem uma origem: Dieselgate! A partir dai, a Volkswagen e o grupo VW, lançaram-se numa corrida desenfreada para o colo da transição energética. A gama ID está muito longe de ser o sucesso que estava prometido – sendo uma operação deficitária – e na China, a Volkswagen teve de baixar (muito) os preços dos seus modelos mais rentáveis para fazer face à concorrência dos produtos chineses.

Com o intuito de despertar as mentes, o CEO da Volkswagen disse que “nas próximas semanas e meses, a vida da Volkswagen vai ser muito difícil” pelo que exigiu aos seus pares “pequenas vitórias”. Com o intuito de conseguir poupar nos próximos três anos qualquer coisa como 10 mil milhões de euros!

Nesse sentido, o conselho de administração já reuniu e deliberou sobre vários programas e várias possibilidades de novos modelos.

Juntamente com estes problemas, a Volkswagen tem de encarar um mercado europeu que está longe de amadurecer no que toca aos modelos elétricos. As vendas não disparam e a falta de incentivos piora a situação. Por outro lado, a casa alemã tem de assegurar as receitas e elas vêm dos carros com motor de combustão interna.

Ao mesmo tempo, os motores de combustão interna estão a ser atacados e é preciso gastar muito para os manter a par das exigências quer no que toca a emissões como no que concerne a segurança dos veículos.

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Volkswagen ID.7

“O negócio não está nada bom!”

O apelo de Thomas Schafer foi pungente! “As nossas estruturas e processos são demasiado complexos, lentos e inflexíveis” acrescentando que a empresa necessita “mais do que nunca do espírito de equipa VW.”

E com o propósito de acrescentar mais drama à situação, o diretor financeiro da Volkswagen, Patrik Andreas Mayer disse, claramente que “o nosso negócio não está nada bem” e dramatizou dizendo que o apelo do CEO é uma espécie de “última chamada!”

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Patrik Andreas Mayer, CFO da Volkswagen

Oliver Blume, CEO do grupo VW, já tinha dado a entender que as coisas não estavam tão oleadas como se pensava. Ao gastador Herbert Diess, sucedeu o racional Blume que vai ter de continuar a escovar custos em tudo aquilo que puder.

Só para ilustrar, a Audi vai entrar na F1 (a contragosto de Blume que foi a tempo de retirar a Porsche) e por isso vai acabar com o Dakar e todas atividades do departamento competição cliente e dispensar todos os seus pilotos.  Dificilmente a Volkswagen regressará ao Mundial de Ralis e a Skoda manterá o seu programa porque vende carros e a sua situação financeira é boa.