Preço do lítio aumenta 500% e impede a redução do preço dos elétricos

O preço do lítio, como de todos os materiais para a produção de baterias, aumentou 500%! E agora? Como atingir os objetivos da UE?

O preço do lítio, como de todos os materiais que fazem parte da produção de baterias, aumentou 500%! E isso é um problema terrível para os construtores que têm andado a incrementar a produção de modelos 100% elétricos na esperança de que a massificação baixasse o preço e alargasse as margens. O incrível aumento dos preços das matérias-primas e dos matais de terras raras torna difícil cumprir os objetivos de emissões globais.

A produção e a aquisição de carros 100% elétricos têm estado em alta. Os primeiros com a esperança que os preços baixem para conseguirem ter algum proveito.

Porém, analistas especializados nesta área, dizem que nada disto vai acontecer devido ao aumento brutal das matérias-primas. E, assim, dificilmente serão alcançados os objetivos determinados para as emissões na Europa e no Mundo.

Preço do lítio

União Europeia rejeitou reduzir os limites de CO2 até 2035

A União Europeia rejeitou reduzir os limites de CO2 previstos até 2035, trocando isso por uma redução de 100% das emissões de CO2 em 2035.

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Preço do lítio “explodiu”

Contas feitas, o preço do lítio – e não só! – subiu quase 500% no último ano! Ora, isso poderá levar o preço do kWh a subir, pela primeira vez, em quase duma década e acrescentar mais um milhar de euros ao preço final dos modelos elétricos.

Todos os esforços dos construtores em baixar os preços para estancar a hemorragia que os custos dos BEV estão a provocar nas suas contas, vão, assim, por água abaixo.

A procura desesperada por lítio nesta altura está ligada a uma quebra de produção entre 2018 e 2020 de 50%. Um desinvestimento geral na mineração de lítio surgiu quando os BEV começaram a “explodir”. E qual a razão desse desinvestimento?

Muito simplesmente porque para se obter lítio é necessário bombar salmoura com o mineral a partir do solo. Ou então escavando a céu aberto. Ambos os processos são pouco sustentáveis e amigos do ambiente. Além disso são processos lentos e pouco eficientes. Soluções? Há algumas, mas os níveis de produção são baixos e não respondem às necessidades.

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Preços dos materiais dedicados às baterias a subir… muito!

A guerra da Ucrânia veio afetar o fornecimento de metais como o níquel, a grafite e o cobalto, levando os preços a uma escalada desenfreada a que se juntou o lítio. Não há falta de lítio – as reservas mundiais são enormes, mas extrai-lo é complicado e pouco amigo do ambiente. 

Nesta altura, com os preços tão elevados, há construtores que pedem auxílio aos Governos para alargar as explorações do minério. E outros estão, mesmo, a pensar envolver-se na mineração de Lítio.

Por outro lado, o foco da pesquisa e desenvolvimento deixou de ser a autonomia e a rapidez da carga, mas sim a maneira de reduzir a exposição ao lítio. Diminuindo a sua utilização e reciclando baterias antigas. A reciclagem seria suficiente para satisfazer, apenas, 16% das necessidades em 2035. Altura em que se espera que as novas baterias já sejam capazes de usar menos lítio.

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O ambiente de guerra que se experimenta às portas da chamada Europa tem vindo a criar problemas à indústria automóvel europeia.

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Preço do lítio pode inviabilizar explosão dos BEV

Porém, as contas são simples: em 2030, ano em que acabam as vendas de carros com motor de combustão interna, surgirá nova explosão de procura e mesmo com as novas baterias e a reciclagem de baterias antigas, será impossível satisfazer a procura.

Além disso, se os preços dos materiais não baixarem, os preços dos BEV não baixam e a massificação não sucede. 

Provavelmente, estará na hora de rever os objetivos em termos de emissões e de limitação dos motores de combustão interna. Desta forma, apostar nos combustíveis sintéticos e no hidrogénio para motores elétricos e térmicos, talvez seja uma solução. Porque não vão haver baterias suficientes para reciclar e os preços das baterias não vão baixar de preço.