Renault Mégane RS em dose tripla. Overdose de emoções!

Indiscutivelmente um nome de referência quando falamos de hot-hatch, o Mégane RS está disponível em três versões. Conheçe aqui cada uma delas em detalhe.

A cada geração do Mégane a Renault brinda-nos com as versões desportivas RS que traduzem o melhor que a divisão Renault Sport sabe fazer ao nível da competição, assim é desde 2004. Ao longo destes anos, o Renault Mégane RS tem sido um carro de nos tirar o sono. A divisão desportiva da Renault tem se aplicado em cada geração do Mégane para nos trazer um automóvel capaz de emoções fortes, tempos recordes e muitas, muitas horas sem dormir! Na atual geração, a construtor foi mais além, ao criar o RS Trophy-R, para além das anteriores versões RS e RS Trophy. Objetivo? Pista! Nos dias que correm… é de se lhe tirar o chapéu!

Se procura um bom desportivo de valor contido para o fim de semana, um carro rápido e muito divertido para o dia-a-dia, ou até mesmo um carro vocacionado exclusivamente para pista, com a vantagem inegável se poder deslocar nele até ao circuito, o Mégane RS, em cada uma das suas variantes, pode ser a resposta certa!

O “daily-driver” quase perfeito! – Mégane RS

A atual geração Mégane deve ter sido a mais aguardada de sempre. É a primeira a abandonar a carroçaria de três portas, e a primeira a adotar o sistema 4Control de quatro rodas direcionais que lhe confere mais agilidade, ainda que por vezes o comportamento se torne artificial. Por debaixo do capot passámos a ter um bloco 1.8 l com 280 cv e 390 Nm de binário. Os 100 km/h são atingidos em 5,8 segundos e a velocidade máxima é de 250 km/h. Ainda assim, esta é a versão mais “civilizada”, que recorre a um chassis “Sport” e caixa automática (como opção), que não sendo já referência, a única crítica que merece é no posicionamento e dimensões das patilhas que a comandam, pormenor importante num hot-hatch como o Renault Mégane RS.

A irrepreensível afinação do chassis mantém-se, o que possibilita a colocação cirúrgica em curva, sendo muito fácil na transferência de massas para sair da curva em contra-brecagem. De qualquer forma existe uma tendência para subviragem natural na entrada em curva, e que é contornado apenas na versão com chassis “Cup” que adiciona o autoblocante, de série no RS Trophy, e que nos parece ser a melhor opção para o Mégane RS. Ainda assim esta é, sem dúvida, a mais civilizada se a ideia for ter um carro rápido e divertido para o dia-a-dia, com a inegável mais valia de uma caixa automática para este tipo de utilização.

O Mégane RS nesta nova geração é mais filtrado e menos intenso que o anterior

O conjunto faz desta versão um automóvel demasiado filtrado e fácil, exigindo pouco de quem vai volante, o que não é obrigatoriamente mau, pelo contrário. A boa agilidade e o bom tato da suspensão fazem deste um hot-hatch adequado para uso diário, mas perde-se a intensidade característica dos modelos RS.

  • Chassis
  • Agilidade
  • Ausência de autoblocante
  • Pouca exclusividade no interior
  • 40 480€

A cereja no topo do bolo! – Mégane RS Trophy

Era, até à uns tempos atrás, o mais hardcore dos Mégane desenvolvidos pela Renault Sport! Ainda assim, tanto por fora como por dentro as alterações são mínimas, com o lettering “Trophy” bem discreto presente apenas e só na frente. As alterações que verdadeiramente interessam e fazem a diferença não são percetíveis a olho nu. Falamos da dieta de emagrecimento aplicada às jantes de 19” e ao sistema de travagem Brembo com discos em aço e alumínio, mas também ao aumento de potência (20 cv) e binário (10 Nm) conseguidos com a aplicação de um novo turbo. Para além disso, amortecedores e molas mais firmes, barras estabilizadoras mais grossas, e um diferencial autoblocante Torsen, o que acaba por representar o que a marca designa por Chassis Cup, de série neste Trophy e opcional por cerca de 1700€ no RS normal.

Sentados nas baquets Recaro, opcionais por 4200€ e colocadas 20 mm mais baixas, e com as mãos no volante com Alcântara, depressa recordamos aquele feeling… Sim, ao volante o Mégane RS é inconfundível! Ainda que o novo sistema 4Control de quatro rodas direcionais lhe confira um comportamento menos natural, este mantém-se fácil e previsível, mesmo sem as ditas ajudas e com uma dose de confiança notável. Até mesmo em piso molhado, onde os pneus Bridgestone Potenza S001 contribuem positivamente. A potência controla o resto e se for caso disso… felizmente o travão de mão ainda é mecânico! Na tabela, são mais 10 km/h de velocidade máxima e menos uma décima de segundo para atingir os 100 km/h.

A versão Trophy é capaz de emoções bem mais fortes! Se é para fazer umas serras “com a faca nos dentes”, aproveitar umas curvas ou até uns track-days, esta é a opção certa e vale a diferença!

Em andamentos de maior entusiasmo, fáceis de aparecer em qualquer um dos modos mais desportivos (Sport ou Race) dado o festival de ráteres e o ronco do sistema de escape, também ele exclusivo da versão Trophy, a caixa manual revela um tato pouco preciso e com um curso longo. Nada falha, e não tira a emoção ao volante do Mégane RS Trophy, mas fica-nos a ideia que esse era um pormenor a corrigir a caminho da perfeição.

A suspensão, apesar de tornar este RS mais civilizado que o anterior, continua a ser muito castigadora em qualquer irregularidade. Em tudo o resto o Mégane Trophy é um desportivo de raça, incluindo na velocidade com que devora litros de gasolina, diretamente proporcional à rapidez com que adquire velocidade. Fácil, previsível, eficaz, potente, empolgante, são tudo adjetivos que se podem atribuir a mais um Mégane RS Trophy.

É naturalmente melhor em tudo face à anterior geração, mas é também mais filtrado, o que lhe retira algum encanto para quem recorda o êxtase que viveu ao volante da anterior geração. Para quem pretende um desportivo para uso mais esporádico, o Mégane RS Trophy reúne atributos que fazem a diferença, revelando-se a melhor opção.

  • Chassis
  • Som do escape
  • Baquets desportivas Recaro
  • Conforto
  • Consumos (em qualquer regime)
  • 48 300€

O melhor e mais rápido tração à frente de sempre!? – Mégane RS Trophy-R

Quem não se recorda do Renault Mégane RS R26.R ? A receita para o novo RS Trophy-R foi idêntica. Redução extrema de peso! Inclusão de um capot em fibra de carbono. Remoção dos bancos traseiros e do sistema 4Control de quatro rodas direcionais provando que a relação peso/benefício deste sistema não é de todo relevante, e mais alguns detalhes. Entre eles, a remoção da escova limpa pára-brisas traseira, remoção das luzes de nevoeiro e leds diurnos, remoção de sistemas de auxílio à condução, até aos bancos Sabelt com menos 7 kg cada um. Ao todo pouparam-se 130 kg de peso para um total de 1381 kg. O motor e a potência mantém-se face ao Mégane Trophy, embora com alguns ajustes ao nível do turbo.

O que é certo é que a diferença para este Trophy-R não está de facto na potência. Está sim no peso e, principalmente em alguns componentes que, esses sim fazem toda a diferença. Falamos do sistema de travagem, e das suspensões. Se no primeiro contamos com discos carbo-cerâmicos de 390 mm de diâmetro com pinças de quatro êmbolos e que são incansáveis sempre que solicitados, do outro lado temos suspensões da Ohlins reguláveis não apenas em altura mas também em dureza, permitindo ajustar o comportamento desta ao tipo de utilização. Uma configuração mais dura para condução em circuito, ou intermédia para que seja possível digerir da melhor forma as irregularidades de uma estrada de serra como aquela onde conduzimos o Trophy-R. É possível ter um a configuração quase “de conforto”, mas acreditamos que não seja esse o propósito ao volante deste carro.

O Trophy-R proporcionou-me a melhor insónia de sempre! Tenho na memória cada curva a ritmos impróprios para cardíacos!

De referir ainda outro facto que não só contribui para a redução de peso, como foi certamente determinante na obtenção deste recorde. Pneus Bridgestone Potenza S007 com especificação própria para o Mégane RS montados em jantes de fibra de carbono com menos 2 kg cada uma. Conjunto no valor de 15 mil euros (!), mas que em Portugal fez parte do equipamento de série do Trophy-R. Sim fez… porque as apenas 10 unidades que vieram para Portugal, das 500 produzidas, já foram vendidas!

Um automóvel de coleção para utilização em circuito, e sempre em modo “full-attack“. Para pista ou valorização é a opção ideal, mas terá que esperar pelo mercado de usados cá ou no estrangeiro pois por 81 500€ venderam-se as 10 unidades num ápice.

  • Motor
  • Travagem
  • Suspensão
  • Comportamento
  • Som escape
  • Preço
  • Caixa de velocidades
  • 81 500€