Estrada Nacional 221 – Do Douro às portas da Estrela

Aqui tem o roteiro detalhado da incrível viagem ao longo da EN221, de Miranda do Douro à Guarda, de Trás-os-Montes à Beira Interior.

Bem-vindo às Rotas de Portugal do Clube Escape Livre! Aqui vai poder encontrar o roteiro detalhado para uma viagem inesquecível pela Estrada Nacional 221. De Miranda do Douro à Guarda, de Trás-os-Montes à Beira Interior, são 184 quilómetros de aventura, cultura, história, miradouros e sabores tradicionais que ligam 6 municípios, 1 Aldeia Histórica e 3 regiões vitivinícolas. Fomos percorrê-la à boleia da SEAT.


Aventure-se em Portugal

Em primeiro lugar não há nada melhor do que percorrer o nosso belo país e descobrir os seus recantos e encantos. Depois de nos termos aventurado pelos 380 Km da Estrada Nacional 18, da Guarda a Ervidel, chegou a altura de ir até Terras de Miranda para descer a Estrada Nacional 221 ao longo da fronteira, atravessar o Douro e enfrentar a “Excomungada” até chegar à cidade mais alta.

A Estrada Nacional 221 tem 184 quilómetros e liga Miranda do Douro à cidade da Guarda.

Com toda a certeza as Rotas de Portugal são apenas o princípio da viagem, o ponto de partida, um impulso para ajudar quem se aventura, mas a verdade é que quando se apaixonar novamente pelo nosso país, a vontade de partir à descoberta já não desaparece mais. Quando isso acontecer, está na hora de partilhar a sua experiência, alimentar esta curiosidade nos outros e, quem sabe, repetir a experiência vezes sem conta.

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A rota da terra fria

A Estrada Nacional 221 tem cerca de 184 Km de extensão, e faz parte da rede de quatro estradas nacionais mais importantes que faziam a ligação à Guarda, juntamente com a EN18, a EN16 e a EN17.

Atravessa os municípios de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Guarda. Pelo caminho liga uma rede de imperdíveis miradouros e liga-nos a uma das mais belas Aldeias Históricas de Portugal, Castelo Rodrigo. A EN221 atravessa 3 importantes regiões vitivinícolas, Trás-os-Montes, Porto e Douro e Beira Interior.

Da carne Mirandesa aos enchidos transmontanos e beirões, não faltam predicados para uma rica viagem gastronómica pela EN221.

A Nacional 221 continua impecavelmente bem sinalizada, mantendo a quase totalidade dos seus marcos quilométricos. Com o quilómetro zero à porta de Miranda do Douro, desce ao longo da fronteira e do rio Douro e, apesar do IC5 ser uma alternativa bem mais rápida, a beleza e o prazer de condução continuam bem firmes no asfalto desta estrada nacional.

Depois, a EN221 avança para Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta, aproveitando para cruzar o Douro em Barca de Alva antes de descer até Figueira de Castelo Rodrigo. Logo após segue-se a “Excomungada”, como é chamado o troço da EN221 que liga Figueira a Pinhel, antes de percorrer os seus quilómetros finais até à capital da Beira Alta.

Um cheirinho a Aldeia Histórica

Quando passamos na EN221, em Figueira de Castelo Rodrigo, podemos ver no cimo do monte a Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo. Parte da rede de 12 Aldeias Históricas de Portugal, é paragem obrigatória nesta roadtrip. Não se vai arrepender de visitar os encantos e a história que pulsam das ruínas das suas muralhas com vista para a Serra da Marofa.

As nossas boleias na Estrada Nacional 221

Para percorrer esta estrada, levámos connosco os novos SEAT Leon FR e-Hybrid e SEAT Ateca. O primeiro, uma carrinha desportiva que nos permitiu tirar todo o partido das apertadas curvas da Estrada Nacional 221 enquanto serpenteia ao longo do Douro. O segundo, um SUV familiar, com espaço e conforto para toda a família poder disfrutar do passeio confortavelmente, aproveitando a paisagem sem se aperceber de todas as curvas e contracurvas.

Com o propósito de os conhecer em detalhe, visita os ensaios do Clube Escape Livre, clicando no link do nome de cada carro, e visite a página oficial SEAT.

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Onde dormir, onde comer e quantos dias de viagem pela EN221?

Graças à sobejamente conhecida hospitalidade beirã e transmontana, o que não falta ao longo da Estrada Nacional 221 são ótimos sítios não só para parar, mas também pernoitar e desfrutar de uma viagem sem pressas.

Se a isso juntarmos a fabulosa gastronomia das duas regiões, as praias fluviais, os miradouros, os museus e os monumentos, os 184 Km desta estrada são claramente para fazer com tempo. Sem pressas, deixe-se guiar pelas nossas sugestões e desfrute.

Neste guia encontrará todas as dicas para organizar a sua viagem. Do mapa dos percursos, aos locais onde dormir e comer.

Ao longo deste guia vai poder encontrar muitas coisas para fazer, para ver e para provar. Mas deixe que isso seja apenas o começo de uma descoberta que deve ser sua, dos seus amigos e da sua família. Atreva-se a explorar cada sítio e vai encontrar uma riqueza tão grande que seria impossível descrevê-la toda aqui.

Vamos a isso!

Preparámos vários mapas que pode usar para percorrer a Estrada Nacional 221, um para cada parte do trajeto, bem como alguns desvios imperdíveis que vão enriquecer ainda mais a experiência. O ponto de partida, o quilómetro zero, poderá encontrá-lo na rotunda às portas de Miranda do Douro.

Basta clicar em cada botão e poderá ver e seguir cada mapa em formato Google Maps. Posto isto, façamo-nos então ao caminho!

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Rotas de Portugal – Estrada Nacional 221

O primeiro dia de viagem fica reservado para a chegada a Miranda do Douro. Seja para dar início à viagem ou como primeiro ponto de dormida, há muito para descobrir por estas Terras de Miranda.

Miranda do Douro, terra da Lhéngua Mirandesa

Cidade raiana no nordeste transmontano, Miranda do Douro é dona de um património único em Portugal. Do castelo à sé catedral, passando pelo maravilhoso centro histórico medieval, a sua beleza natural e vasta riqueza cultural está ao virar de cada esquina.

Em Miranda, o Douro faz a sua fronteira com Espanha. Dotada de paisagens de pura beleza natural, a cidade ergue-se no alto das escarpas de xisto. Miranda do Douro é terra de uma riqueza cultural ímpar que faz da sua história o seu futuro. Da língua mirandesa à música, das tradições à gastronomia, o que não faltam são razões para vir, ficar e voltar. Quem nunca ouviu falar da célebre Posta à Mirandesa!

Em Miranda do Douro ainda se fala o Mirandês, a segunda língua oficial do nosso país, e um legado inestimável a preservar.

Para já, comece por descobrir todo o seu património histórico, do Castelo à Sé, da Casa da Música Mirandesa ao Centro Histórico da cidade. Não se esqueça do miradouro e das ruas do Centro Histórico. Aproveite para falar com as suas gentes e descobrir os encantos da segunda língua oficial de Portugal.

Aqui transborda a hospitalidade transmontana de gentes genuínas e orgulhosas das suas raízes, tradições e festividades. Em qualquer altura do ano há sempre um motivo para sair à rua, em especial os Pauliteiros de Miranda e os cantares em Mirandês.

A viagem que lhe propomos fazer pela EN221 vai levá-lo a percorrer o Parque Natural do Douro Internacional, pelo maior canhão fluvial da Europa, esculpido num vale de desfiladeiros monumentais e miradouros magníficos. A fauna e a flora são riquíssimas e as paisagens deslumbrantes.

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Assim, depois de absorver todas as maravilhas de Miranda do Douro, siga para a saída da cidade, onde vai encontrar o marco do Km0 da EN221 que irá marcar o início da viagem até à Guarda.

Incontornavelmente

  • Centro Histórico de Miranda do Douro
  • Concatedral de Miranda do Douro
  • Ruínas do Paço Episcopal e Convento dos Padres Trinos
  • Muralhas Pré-Româncias de Miranda do Douro
  • Castelo de Miranda do Douro
  • Casa de la Lhéngua Mirandesa
  • Parque Urbano do Rio Fresno
  • Estacão Biológica Internacional de Miranda

Mogadouro, refúgio transmontano

A caminho de Mogadouro passamos pela vila de Sendim, “Capital das Arribas”. Da Igreja Matriz ao Cais de Sendim, são muitos os pontos de interesse desta típica vila mirandesa que bem merecem alguns momentos desta viagem.

Situado entre os rios Douro e Sabor, Mogadouro é uma terra antiga, herdeira de tempos onde ainda se podem observar vestígios da presença dos muitos povos que habitaram a região desde tempos pré-históricos. Exemplo disso são os monumentos megalíticos de Pena Mosqueira, Sanhoane, Barreiro e Modorra e também a arte rupestre da Fraga da Letra, e vários outros achados que podemos ver na Sala Museu de Arqueologia de Mogadouro.

Abrir o baú de segredos de Mogadouro é descobrir um território de uma hospitalidade, beleza e história sem igual.

Não pode deixar de visitar o Centro Histórico, o Castelo e a Igreja Matriz. O Pelourinho e o Solar dos Pegados são outros dos muitos atrativos de Mogadouro. Com um pouco mais de tempo, poderá descobrir a vasta riqueza e marcas indeléveis de um vasto património histórico, espalhado pelas várias aldeias do concelho.

A gastronomia, ponto forte de toda a região transmontana e do Planalto Mirandês, está à sua espera para ser degustada com vagar. Do fumeiro à feijoada à transmontana, do cabrito ao javali, o bulho com cascas, a marrã e os chichos.

Bordados e rendas feitos pelas artesãs são uma recordação imprescindível de Mogadouro. E se visitar a região em fevereiro e março terá à sua espera o encantado manto branco das amendoeiras em flor, que pode ver do alto da Serra da Castanheira ou do Castelo de Penas Róias, ali nas redondezas.

Descoberto Mogadouro, aproveite para fazer um desvio para um mergulho na Praia Fluvial de Peredo da Bemposta! Depois seguimos viagem pela Estrada Nacional N221, rumo a Freixo de Espada à Cinta, com uma pequena paragem pelo caminho!

Incontornavelmente

  • Castelo de Mogadouro
  • Torre do Relógio
  • Igreja Matriz
  • Convento de São Francisco
  • Sala Museu de Arqueologia
  • Biblioteca Municipal Trindade Coelho
  • Casa da Cultura
  • Baloiço de São Cristóvão

O Cavalo de Mazouco

O trajeto pela EN221 está cheio de lugares mágicos que nos transportam para outras eras. O Cavalo de Mazouco é um deles. Aqui, num planalto de xisto, entre a ribeira de Albargueira e o Douro, a figura de um equídeo gravada na pedra trouxe nova luz à pequena localidade de Mazouco. Terá pouco mais de 60 centímetros mas é evidência de talento antigo para as artes tal é a forma dinâmica com que se apresenta.

Cavalo de Mazouco

O Cavalo de Mazouco é a peça central de um mosaico paleolítico que se propaga à sua volta. No total serão mais quatro as figuras que se vislumbram, fortemente degradas pelo avanço inexorável do tempo. Sobretudo por se tratar de gravuras ao ar livre e não em grutas, como era comum na era glaciar.

Seguindo as linhas traçadas há mais de dez mil anos, cabe a cada um imaginar um grupo de antepassados distantes acampados entre dois cursos de água registando na pedra o mundo que os rodeava.

Em Mazouco, mergulhe no passado por uns momentos e deixe-se envolver no percurso que o trouxe até aqui. Quanto à Estrada Nacional 221, essa continua, curva e contracurva, até Freixo de Espada à Cinta.

Freixo de Espada à Cinta, terra de lendas

As origens de Freixo de Espada à Cinta perdem-se na neblina da história até tempos anteriores ao Reino de Portugal. Palco de lendas e batalhas históricas, chega a vila em 1240 pela mão de D. Sancho II como recompensa pela valentia das suas gentes nas guerras com Castela.

No centro da vila encontra o famoso Freixo, árvore da família das Oliveiras, com a sua espada à cinta. Reza uma das lendas que um cristão solitário perseguido pelos mouros tomou a árvore como esconderijo, pendurou a sua espada na árvore e escondeu-se nos ramos. Ao longe, a silhueta da imponente árvore armada com a espada foi de tal forma assustadora que fez fugir os perseguidores.

Uma visita a Freixo de Espada à Cinta é uma viagem pelas memórias vivas de um Portugal de outras eras.

Percorra as suas ruas cheias de História e janelas manuelinas e as antigas muralhas medievais. Deixe-se encantar pela Encruzilhada, pela Rua das Flores, pelo Vale, pelo Castanheiro ou pelo Outeiro.

Depois, suba ao miradouro do Penedo Durão ou desça à praia fluvial da Congida. Razões não faltam para se perder por aqui e simplesmente desfrutar da viagem.

De volta à estrada, tempo de seguir viagem até Barca de Alva. Mas não sem antes lhe falarmos de dois dos grandes atrativos que vai encontrar espalhados pela EN221 – os miradouros e as praias fluviais!

Incontornavelmente

  • O Freixo com a espada à cinta
  • Igreja Matriz
  • Castelo
  • Calçada de Alpajares
  • Gravuras do Mazouco
  • Penedo Durão
  • Praia Fluvial da Congida

Miradouros da Estrada Nacional 221

Para perceber a imponente imensidão do Parque Natural do Douro Internacional é preciso ir lá cima ver a vista. Falamos, claro, de subir aos muitos Miradouros espetaculares da região ao longo da Estrada Nacional 221.

De miradouros com vistas únicas para o Douro, aos que contemplam quilómetros de terras de Espanha, até ao mais alto miradouro da região, aqui deixamos uma lista de alguns promontórios de vistas singulares que pode encontrar neste trecho da viagem, de Miranda do Douro até Barca de Alva, fazendo, por vezes, alguns pequenos desvios do trajeto principal.

Três regiões vitivinícolas, vinhos únicos para saborear pela EN221

A Estrada Nacional 221 atravessa três magníficas regiões vitivinícolas, Trás-os-Montes, Douro e Beira Interior. Três bem distintas zonas de vinificação, com terroirs únicos e distintos, que produzem vinhos de altíssima qualidade.

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Durante a sua viagem, não se esqueça de guardar espaço na bagageira para as novas adições na adega lá de casa.

Os Vinhos de Trás-os-Montes

Situada no canto Nordeste de Portugal, a Região Vitivinícola de Trás-os-Montes estende-se de Montalegre ao Planalto Mirandês, passando pelo coração da terra quente Transmontana. É uma região única e com características especiais, na qual o cenário muda rapidamente, entre exuberantes vales verdejantes, ou colinas antigas cobertas por uma colcha de retalhos de bosques, olivais verde-cinza ou extensas vinhas verdes brilhantes, amendoeiras floridas ou outras árvores de fruto.

A riqueza dos vinhos reflete essa diversidade, estando a produção intrinsecamente implementada e com origem secular. Com um clima marcante, no qual se verifica a ocorrência de verões muito quentes e invernos extremamente rigorosos, as vinhas plantadas a cotas de altitude que rondam os 350 a 750 m, os solos que vão do granítico ao xistoso, e as diversas castas autóctones, que ganham ainda maior expressão em vários hectares de vinhas velhas centenárias ainda existentes na região, têm permitido a afirmação pela diferenciação e produção de vinhos únicos.

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Aqui, é possível definir três sub-regiões com direito à Denominação de Origem Trás-os-Montes, que diferem entre si na altitude, exposição solar, clima e constituição dos solos. São elas Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês.

Três sub-regiões, 50 castas nobres e mais de 50 produtores regionais representam a força da qualidade dos vinhos transmontanos.

Nas castas brancas, destacam-se a Viosinho, Gouveio, Côdega de Larinho, Síria, Rabigato, Malvasia Fina e Fernão Pires. Nas tintas a Bastardo, Tinta Amarela, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, e Tinta Gorda (esta última presente no Planalto Mirandês).

No trajeto da EN221, podemos observar várias das vinhas que servem de matéria prima para os melhores néctares da região. Fique a conhecer alguns dos produtores e aproveite a viagem para levar complementar a sua garrafeira.

A nossa seleção na Estrada Nacional 221:

Os Vinhos do Douro

Sob a alçada do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, esta região fica situada no nordeste de Portugal, na bacia hidrográfica do Douro, rodeada de montanhas que lhe dão características mesológicas e climáticas particulares. A região estende-se por uma área total de cerca de 250 000 ha, estando dividida em três sub-regiões naturalmente distintas: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior.

A individualidade do Douro deve-se à sua localização, sendo grande a influência que exercem as serras do Marão e de Montemuro, servindo como barreira à penetração dos ventos húmidos de oeste. Situada em vales profundos, protegidos por montanhas, a região caracteriza-se por ter invernos muito frios e verões muito quentes e secos. A maior parte da Região Demarcada, em particular ao longo do vale do Douro e seus afluentes, pertence à formação geológica do complexo xisto-grauváquico ante-ordovícico, com algumas inclusões de uma formação geológica de natureza granítica, envolvente.

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A Região Demarcada do Douro representa duas Denominações de Origem: Porto e Douro, que garantem a tipicidade, a unicidade dos respetivos produtos e a sua origem. É da associação entre o Homem, o seu saber-fazer, a sua herança cultural e a natureza, numa relação complexa, que surge um produto com características típicas e únicas.

Entre Trás-os-Montes e a Beira Interior, a EN221 atravessa a sub-região do Douro Superior, nos terroirs do Douro com menos influência do mar.

Hoje em dia existem formas distintas de vinificar vinho “Douro”. A tradicional, elaborada em lagar, que produz vinhos com maior extracção de cor e taninos, o que lhes confere, de uma forma geral, um bom potencial de envelhecimento. Por outro lado, existe uma mais moderna, que tem registado um considerável aumento, e que utiliza cubas de inox com controlo de temperatura, produzindo assim vinhos mais elegantes e onde os aromas do vinho são melhor preservados.

A EN221, que por breves quilómetros atravessa a sub-região do Douro Superior, bebe destes saberes vínicos antigos e promove os vinhos do Douro no seu expoente máximo. Nada como visitar alguns produtores e arranjar espaço para levar consigo alguns destes néctares.

A nossa seleção na Estrada Nacional 221:

Os Vinhos da Beira Interior

A parte final da EN221 entra pela mais alta região vitivinícola de Portugal. Para o apreciador de vinhos, a altitude é talvez a característica que mais facilmente define a Beira Interior. Mas esta região é muito mais do que os seus planaltos e montanhas: da diversidade das sub-regiões à singularidade das castas de uva locais, passando pelo fantástico património das vinhas velhas e pela preservação ambiental, a Beira Interior é todo um reservatório de autenticidade vitivinícola, onde qualidade e diferença andam sempre de mãos dadas. 

Rodeada pelas Serras da Estrela, Gardunha, Malcata e Marofa, as vinhas estão normalmente plantadas em zonas planálticas ou de encosta, entre os 350 e os 750 metros de altitude. Numa explicação simplista, a altitude significa, sobretudo, acidez e frescura, um bem raro e precioso nas regiões de vinho mais afastadas do litoral.

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A Beira Interior está dividida em três sub-regiões: Pinhel, Castelo Rodrigo e Cova da Beira, a maior das três e a mais a sul. Diferenças de altitude, relevo, humidade e temperatura, conduzem a diferentes terroirs nos cerca de 16.000ha de vinha da região. Para essa diversidade contribui também o perfil do solo na Beira Interior, maioritariamente granítico, mas com várias zonas arenosas, de xisto e quartzo. 

Os vinhos da mais alta região vitivinícola de Portugal espelham fielmente o forte caráter do terroir que os viu nascer.

Ao nível de castas identitárias cumpre destacar as brancas Síria e Fonte Cal, e a tinta Rufete. A Síria será porventura a variedade que mais apreciadores relacionam com a Beira Interior e é conhecida no Alentejo como Roupeiro. Mas a mais identitária até seja talvez a Fonte Cal, uma uva local praticamente inexistente fora da Beira Interior, e que cada vez mais produtores elegem como primeira escolha graças à estrutura, cremosidade e elegância dos vinhos que origina.  

No trajeto da EN221, passamos bem perto de alguns dos melhores produtores da região e nada como levar consigo alguns destes vinhos que, mais tarde, o irão fazer voltar a estas terras.

A nossa seleção na Estrada Nacional 221:

Barca de Alva, nas ondas Douro

De regresso à EN221, preparamo-nos agora para cruzar o Douro em Barca de Alva. Situada no vale da margem esquerda do Douro, que faz aqui a sua entrada triunfante em Portugal, Barca de Alva é dona de paisagens naturais magníficas. Este porto de passagem dos cruzeiros no Douro é também reconhecido pelas maravilhas das suas Amendoeiras.

Esta aldeia, uma das mais típicas de Portugal, foi refúgio de Guerra Junqueiro, durante vários anos proprietário de uma das maiores quintas do Douro, a Quinta da Batoca. Seja qual for a época do ano, está sempre convidado para aproveitar o melhor que a natureza tem para oferecer. Seja um passeio primaveril, uma escapadinha de verão ou um serão no aconchego da lareira.

De barco, de carro, ou a pé pelos antigos trilhos ferroviários, descobrir Barca de Alva é uma aventura memorável.

Uma das alturas mais distintas para passar por cá é em final de fevereiro, início de março. A paisagem em tons de branco, rosa e lilás das amendoeiras anuncia a chegada da primavera e, com elas as famosas Amêndoas Doces de Barca de Alva e Festa do Almendro, uma tradição com mais de 70 anos.

Barca de Alva é fruto do desenvolvimento agrícola da região, da construção da Estrada Nacional 221, da linha do Douro e da ligação ferroviária com Espanha. O dinamismo que perdeu com o encerramento dos carris, ganhou com a construção do novo cais fluvial e a ligação rodoviária para Espanha pela foz do Águeda.

A Estação de Caminhos de Ferro de Barca de Alva funcionou de 1887 a 1988 e ali continua, como memória de outros tempos. Ainda é possível ver algumas das antigas estruturas, a plataforma giratória o gabinete do Chefe da Estação. Foi aqui que Jacinto chegou de França, o célebre personagem de Eça de Queiroz em “A Cidade e as Serras”. Hoje, os cerca de 30 km de carris entre Barca de Alva e Pocinho percorrem-se a pé, num duro mas magnífico passeio à beira-rio.

Aproveite para tomar um café junto ao cais e deixe-se banhar pela serenidade deste local. Quando se sentir preparado, tempo para voltar à estrada e seguir a EN221 até Figueira de Castelo Rodrigo. Mas antes, mais uma paragem obrigatória em Escalhão.

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Incontornavelmente

  • Estação de Caminhos de Ferro de Barca de Alva
  • Cais de Barca de Alva

Escalhão, flor da Beira

A caminho de Figueira de Castelo Rodrigo, não deixe de fazer uma paragem em Escalhão. Num planalto de onde se vislumbram largos horizontes, Escalhão sempre representou papel de importância no Concelho devido à sua grande riqueza económica e humana.

Sobre a ribeira de Aguiar, a Ponte Romana ergue-se como símbolo da passagem deste povo por estas terras. São ainda visíveis alguns metros da primitiva calçada utilizada pelos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela.

A doçaria típica de Escalhão, dos biscoitos às flores, é uma autêntica relíquia desta região do país.

A igreja Matriz assemelha-se a uma austera fortaleza, de linhas robustas. A parte frontal do templo e a torre do relógio supõe-se que sejam restos de um antigo castelo medieval. Por aqui, o tempo passa mais devagar. Perca-se nas ruas e visite a fonte de mergulho, o museu e a biblioteca.

Antes de partir, não se esqueça de provar algumas das iguarias locais. Os Biscoitos de Escalhão, claro, mas, sobretudo, as Flores de Escalhão. Uma pérola da doçaria tradicional portuguesa que outrora enfeitava as mesas dos casamentos ricos. As Flores, feitas com os antigos moldes de ferro que levam a massa à fritura, são um legado para descobrir e partilhar com todos. Para acompanhar com gelado, nos dias de calor, ou chocolate e doces da época, nos dias frios.

Daqui até Figueira de Castelo Rodrigo é mais um saltinho. E ainda há muito para descobrir nesta magnífica viagem pela EN221.

Incontornavelmente

  • Igreja Matriz
  • Ponte Romana
  • Cruzeiro
  • Museu de Artes e Ofícios

Figueira de Castelo Rodrigo, às portas da Marofa

Uma vila, uma serra e uma Aldeia Histórica. Garanta que guarda bastante tempo desta viagem para visitar tudo o que Figueira de Castelo Rodrigo tem para lhe oferecer. Uma coisa é certa, não se vai arrepender!

Inserida no coração da região do Riba Côa, Figueira de Castelo Rodrigo é dona de um património de grande riqueza. Castelo Rodrigo, claro, uma das mais belas Aldeias Históricas de Portugal e uma das 7 Maravilhas de Portugal – Aldeia Autêntica, mas também o mítico Mosteiro de Santa Maria de Aguiar, a magnífica Serra da Marofa, as deslumbrantes vistas do Alto da Sapinha, as imponentes Igrejas do Concelho e a Reserva da Faia Brava.

A história de Figueira de Castelo Rodrigo está recheada de episódios dramáticos e atos heroicos. Alvo da cobiça das duas soberanias ibéricas, foi pilar da defesa geoestratégica do território e a batalha de Castelo Rodrigo um momento decisivo da guerra pela restauração da independência portuguesa As marcas desses dias turbulentos ficaram gravadas na arquitetura da região, lado a lado com vestígios da ocupação romana, como as ruínas de Almofala ou a Torre das Águias.

No alto da Marofa, a 977 m de altitude, o imponente Cristo-Rei abraça todo o território e a sua paisagem de cortar a respiração.

A diversidade do artesanato como a cestaria, latoaria, olaria ou as miniaturas em madeira, e a sua riqueza gastronómica são argumentos de peso para prolongar a visita.Festival do Borrego da Marofa e o Festival das Sopas e Migas são ótimos pretextos para conhecer a riqueza dos sabores do concelho. Todavia, não deixe de fazer a obrigatória paragem na loja da Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo, um autêntico monumento aos néctares produzidos na região.

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Antes de deixar para trás a beleza de Figueira e seguir pela EN221 até Pinhel, impõe-se, sem sombra de dúvidas, a visita à Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo. Vamos até lá cima?

Incontornavelmente

  • Igreja Matriz
  • Mosteiro de Santa Maria de Aguiar
  • Solar dos Metelos
  • Torre das Águias
  • Cruz de Pedro Jacques de Magalhães
  • Miradouro do Alto da Sapinha

Castelo Rodrigo – Aldeia Histórica de Portugal

A Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo é, no seu todo, um autêntico espaço monumental que conserva importantes referências no plano medieval. Entre os monumentos que acrescentam valor ao património histórico são de destacar as velhas muralhas, as ruínas do palácio de Cristóvão de Moura, o Pelourinho quinhentista, a igreja matriz, a cisterna medieval e os vestígios que atestam a presença de uma importante comunidade de cristãos-novos. Durante mais de 600 anos, a povoação foi vila e sede de concelho. Em vários momentos da história nacional, os seus habitantes destacaram-se pela sua coragem e lealdade à coroa.


Castelo Rodrigo está rodeado por uma cintura amuralhada inicialmente composta por 13 torreões. Mantém a sua traça medieval, que irradia da alcáçova e acompanha a topografia. Pelas suas ruas encontram-se casas interessantes, umas manuelinas, outras construções árabes, como a casa nº 32, com inscrição e uma carranca, para além da cisterna, de 13 m de fundo, com uma porta em arco de ferradura e outra ogival.

Perca-se a pé pelas suas ruas e deixe-se transportar para tempos de outrora através dos ecos do passado que soam a cada esquina.

Conquistada aos Árabes no séc. XI e dependente do Reino de Leão, foi vila elevada a concelho por Afonso IX, integrando definitivamente o território português a 12 de Setembro de 1297, pelo Tratado de Alcanizes. Por ter tomado partido por Castela na crise de 1383-85, D. João I castigou Castelo Rodrigo, mandando que o seu brasão ficasse com as armas reais invertidas.


Historicamente, nenhuma povoação raiana exerceu por tão longo período um lugar tão relevante nas relações Luso-Castelhanas e na defesa do território português. Sinta a atmosfera de Castelo Rodrigo e deixe-se embeber pelo espírito de conquista. Logo depois vai precisar dele para a etapa que se segue na Estrada Nacional 221 rumo a Pinhel e aos desafios de condução da “Excomungada”!

Incontornavelmente

  • Castelo
  • Muralhas
  • Cisterna Medieval
  • Pelourinho
  • Porta da Traição
  • Posto Turismo
  • Porta Nascente
  • Bombardeiras Cruzetadas
  • Palácio de Cristóvão de Moura

Pinhel, a Cidade Falcão

Figueira e Pinhel estão separadas por 25 km e 150 curvas! É sem dúvida o troço mais desafiante da EN221 que, nos anos 70, recebeu a alcunha de “Excomungada”. Felizmente, as obras de alargamento e recuperação trouxeram alguma serenidade ao malfadado percurso e, apesar de ainda exigir atenção nas suas curvas fechadas com pouca visibilidade, sobretudo no inverno, há oportunidade agora para apreciar a belíssima paisagem da Serra da Marofa até ao vale do Côa, que atravessamos pelo caminho. Desfrute!

Pinhel é conhecida como a Cidade Falcão, uma história que remete ao tempo da luta pela independência nacional. Reza a lenda que o destacamento de Pinhel presente na Batalha de Aljubarrota capturou o falcão de estimação de D. Juan, rei de Castela, tornando-se o símbolo da coragem e do brasão dos pinhelenses.

Quando chegar vai encontrar os braços da cidade abertos à sua espera. Das mãos das suas gentes nasce o belíssimo artesanato e a excelência ímpar da sua gastronomia e dos seus vinhos. Contudo, não deixe de visitar a loja da Adega Cooperativa de Pinhel para o comprovar, afinal, está na Cidade do Vinho 2020/2022.

A maior riqueza de Pinhel são as suas gentes. São elas quem carrega as histórias, as tradições, os saberes, as artes e os dons.

Do alto do imponente Castelo estendem-se histórias e tradições gravadas nas dezenas de brasões espalhados pela cidade. A enorme muralha da cidade abre-se em cinco portas e deixa espreitar as fontes, janelas, igrejas e os inúmeros solares da cidade.

Percorrer Pinhel, de carro ou a pé, é uma experiência distinta de qualquer outra metrópole. O Centro Histórico da cidade, de ruas estreitas perfeitamente esculpidas na morfologia do terreno, mostra com orgulho e vaidade as suas origens e pode ser percorrida pelo “Caminho da Ronda”, o acesso habitual de quem assegurava a defesa da povoação.

A Feira das Tradições é o evento que marca e distingue Pinhel, mas também a Feira Medieval e o certame Beira Interior – Vinhos & Sabores. Todas as épocas do ano são perfeitas para uma visita à cidade que em 2020 celebrou o seu 250º aniversário.

Nesse sentido, aproveite tudo o que este lugar tem para lhe oferecer e, quando se sentir de coração cheio, é tempo de voltar à Estrada Nacional 221 para percorrer os últimos quilómetros que o separam do final e da chegada à cidade da Guarda.

Incontornavelmente

  • Castelo
  • Casa da Cultura
  • Solares
  • Museu Municipal
  • Museu José Manuel Soares
  • Adega Cooperativa de Pinhel

Guarda, a cidade dos 5 éfes.

Inesperadamente, a chegada da Estrada Nacional 221 à cidade mais alta de Portugal Continental faz-se pelo seu ponto mais baixo. O que lhe permite ter uma visão da cidade que se erguer no cimo do monte. Mas comecemos por um clichê. Não que esta cidade o seja, mas falar da Guarda sem falar dos 5 éfes é impensável.

Forte. Não nos referimos apenas à geografia predominantemente rochosa que alimentou a histórica arquitetura da cidade. A sua localização conferiu-lhe uma importância ímpar na estratégia militar. Descobrir o castelo e as suas muralhas vão dar-lhe uma noção bem profunda disso e claro, uma vista de tirar o folêgo.

Farta. Ora aqui está um termo que bem define a riqueza do Vale do Mondego. Falamos da riqueza natural, da fauna à flora, que em breve poderá ser apreciada ao longo de 11km de passadiços. Até lá, estacione o carro, pergunte a um local, calce umas botas confortáveis e parta à aventura. Não se vai arrepender!

A Guarda é a cidade mais alta de Portugal Continental, conhecida como a cidade dos 5 éfes: Farta, Forte, Fria, Fiel e Formosa.

Fria. É verdade, na Guarda, quando o frio aperta, aperta a sério. Esta é uma vantagem, acredite. Num mundo cada vez mais ameno, onde as estações se confundem, é bom encontrar recantos onde o ano pinta diferentes paisagens sobre um mesmo quadro natural.

Fiel. O Alcaide-Mor, durante a crise de 1383-1385 recusou-se a entregar as chaves da cidade a Castela. Mas sabe o que isto nos diz hoje em dia? Que há uma paixão enorme dentro de quem cá vive em manter a identidade cultural e natural desta região e vão fazer questão que o sinta, bem como uma vontade enorme de se render a ela.

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Formosa. Quase parecem gratuitos os elogios que nos escapam quando falamos da paisagem que abraça esta cidade. Mas não são. E apesar de tudo o que já viu até agora neste roteiro, a cidade da Guarda ainda tem muito para de lhe dar. Afinal, todo o tempo parece pouco e cada momento dá vontade de o repetir.

Incontornavelmente

  • Sé Catedral da Guarda
  • Torre de Menagem
  • Judiaria
  • Igreja da Misericórdia
  • Torre dos Ferreiros
  • Museu da Guarda
ROTAS DE PORTUGAL 2021 EN221 709

Boas viagens pela EN221! 

Em conclusão, a Estrada Nacional 221 é apenas uma de muitas aventuras que as Rotas de Portugal do Clube Escape Livre vão preparar para si, para a sua família e para os seus amigos. Seja qual for a forma de percorrer este roteiro, de Miranda do Douro à Guarda, da Guarda até Miranda do Douro, ou qualquer percurso pelo meio, não se esqueça de que o mais importante é aproveitar ao máximo cada quilómetro do caminho, sempre em boa companhia. Queremos receber as suas fotografias… Até lá, boas viagens!

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AHP BARRA 2020 CORES 01