Estrada Nacional 18 – Da Serra à Planície

Este é o roteiro detalhado para uma viagem inesquecível pela Estrada Nacional 18, da Guarda até Ervidel, da Beira Interior ao Alentejo.

Bem-vindo às Rotas de Portugal do Clube Escape Livre! Aqui vai poder encontrar o roteiro detalhado para uma memorável viagem pela Estrada Nacional 18, da Guarda até Ervidel, da Beira Interior ao Alentejo. São 388 quilómetros de aventura, cultura, história e sabores tradicionais que ligam 14 municípios, 5 Aldeias Históricas e 2 regiões vitivinícolas, que fomos descobrir à boleia da SEAT.



Descobrir Portugal

Num país geograficamente pequeno como Portugal, não é fácil admitirmos que, de norte a sul, ainda há sítios de que apenas ouvimos falar e tantos outros que já nem na memória habitam. A N2 foi o grande chamariz que nos fez perceber que o litoral é apenas uma pequena facha de um grande país que merece ser explorado. O famoso, e já saudoso, “vá para fora cá dentro” parece que se esmorece ano após ano e assim ficam esquecidos os recantos que tornam Portugal tão apetecível.

Se dissermos que 388 km, pouco mais que a distância que separa o Porto de Lisboa, lhe vão mostrar um país que nunca mais vai esquecer, que o vão fazer serpentear serras e montanhas e percorrer planícies que se confundem com o horizonte, fica curioso? Então acrescente uma gastronomia riquíssima, vinhos que se distinguem pelo cheiro, mesmo antes de se afirmarem no sabor, e um turismo local digno de uma projeção internacional. E para descobrir tudo isto, só tem mesmo que ter a ousadia de querer descobrir Portugal. 

A Estrada Nacional 18 é a segunda mais longa de Portugal, com 388 quilómetros entre Guarda e Ervidel.

As Rotas de Portugal são apenas o princípio da viagem, o ponto de partida, um impulso para ajudar quem se aventura, mas a verdade é que quando se apaixonar novamente pelo nosso país, vai querer perder-se em todos os recantos. Quando isso acontecer, está na hora de partilhar a sua experiência, alimentar esta curiosidade nos outros e, quem sabe, repetir a experiência uma e outra vez.

A rota das montanhas que se agigantam em planícies 

A Estrada Nacional 18 liga a cidade da Guarda, capital da Beira Alta, a Ervidel, no Alentejo. Pelo caminho, cruza-se com algumas das principais estradas nacionais portuguesas, nomeadamente a EN2, EN3, EN4 e EN16. Com 388 km, é a segunda estrada mais longa de Portugal e, apesar de alguns troços já descaracterizados, mantém a sua alma serpenteante, recordando velhas rotas e escrevendo as linhas de um poema à gastronomia e hospitalidade destas regiões do país. 

A N18 atravessa algumas das principais localidades das regiões da Beira Interior e do Alentejo. Começando na Guarda, segue para Belmonte, Covilhã, Fundão, Castelo Branco, Vila Velha de Rodão, Nisa, Portalegre, Estremoz, Évora, Portel, Vidigueira, Beja e termina em Ervidel, no entroncamento com a célebre N2.

A N18 é um poema à história, cultura, gastronomia e hospitalidade beirã e alentejana.

Em algumas partes do seu trajeto, descaraterizada pela modernização dos tempos, a N18 mascara-se de N3, de N4 e de IP2. Um ligeiro travestismo rodoviário que apenas torna esta aventura mais desafiante e satisfatória de completar. 

Depois das Serra da Estrela e Serra da Gardunha, as grandes elevações que atravessa a N18, a entrada nas planícies alentejanas faz-se pelas míticas curvas de Nisa, logo depois de passar pelas Portas de Rodão.

As Aldeias Históricas mesmo aqui ao lado 

Antes de começar a viagem pela Estrada Nacional 18, permitimo-nos lançar-lhe um desafio paralelo que, acredite, vale bem a pena. À medida que descemos pela N18 em direção ao Alentejo, cruzamos algumas das mais belas Aldeias Históricas de Portugal (e passamos ali bem perto de outras) e, apesar do embalo da estrada nos continuar a puxar em frente, não podíamos deixar passar a oportunidade de fazer estes desvios cheios de história e beleza que nos aproximam ainda mais das nossas raízes. 

Assim, nesta viagem vai poder visitar 5 das 12 Aldeias Históricas de Portugal: Belmonte e Castelo Novo mesmo no percurso da N18 e, com ligeiros desvios ao trajeto, Sortelha, Idanha-a-Velha e Monsanto. Vá por nós, que valem bem a visita.

Os nossos companheiros de viagem

Para fazer esta viagem, subimos a bordo dos novos SEAT Leon FR e SEAT Leon Sportstourer. O primeiro, um familiar com uma veia mais desportiva que nos permitiu saborear ao máximo cada curva da Estrada Nacional 18. O segundo, uma carrinha familiar que nos relembrou as maravilhas de uma roadtrip em família, com espaço para tudo, para todos e ainda para as lembranças que fomos recolhendo em cada ponto de paragem. A gama SEAT inclui ainda três interessantes SUVs, o Arona, o Ateca e o Tarraco.

Mas regressando aos nossos companheiros de viagem, pode ficar a conhecê-los a fundo nos ensaios detalhados do Clube Escape Livre, clicando no link de cada carro acima, e visite a página oficial SEAT.

Estrada Nacional 18 06

Onde dormir, onde comer e quantos dias de viagem? 

Nesta estrada de ligação das antigas rotas da transumância entre a Serra da Estrela e a Planície Alentejana, não faltam boas razões para parar, ver, cheirar e saborear.  

Apesar de toda a extensão da Estrada Nacional 18 ser facilmente conquistada de uma assentada, sugerimos que reserve, pelo menos, um fim-de-semana para a percorrer. Assim, vai poder calcorrear todos os quilómetros com a calma necessária para parar, visitar e desfrutar das infindáveis maravilhas que este percurso tem à sua espera.

Neste guia encontrará todas as dicas para organizar a sua viagem. Do mapa dos percursos, aos locais onde dormir e comer.

Para tornar tudo mais simples, ao longo deste guia vai encontrar muitas (e muito boas!) sugestões de locais a visitar, sítios para provar as iguarias da região e lugares onde dormir. Assim, pode programar a sua viagem ao seu ritmo e aproveitar tudo ao máximo.

Mas não lhe vamos mostrar tudo! Primeiro porque a riqueza cultural, o património natural e humano, a história e os sabores que poderá encontrar nesta viagem são incontáveis. Depois, porque se não seria uma aventura de descoberta se já soubesse tudo o que vai encontrar. E, finalmente, porque, dependendo da altura do ano em que percorrer a N18, há novas paisagens, novos eventos e os sabores típicos de cada época para provar. 

Por isso, não se fique apenas pelas nossas sugestões e atreva-se a descobrir a fundo cada local por onde passa esta magnífica estrada, visitando os postos de turismo e falando com as gentes e comerciantes locais. E quem sabe, repetir esta viagem várias vezes!

Planear a viagem

Preparámos dois mapas que pode usar para percorrer a Estrada Nacional 18. O ponto de partida, o quilómetro zero, poderá encontrá-lo na cidade da Guarda, recentemente recolocado ao abrigo deste projeto das Rotas de Portugal, no início da Rua 31 de Janeiro. Daí segue em frente pelo centro histórico, a Sé e a Torre de Menagem, que é necessário contornar pois uma pequena parte da ligação da N18 que atravessava o Centro Histórico da Guarda está agora vedada ao trânsito automóvel. 

Neste guia, vai ainda encontrar os mapas de ligação entre cada uma das localidades que visitámos, para que possa sempre seguir a N18 a partir de qualquer um dos pontos. Basta clicar em cada botão e poderá ver e seguir cada mapa em formato Google Maps. Posto isto, façamo-nos então ao caminho!


Rotas de Portugal – Estrada Nacional 18

O primeiro dia de viagem fica reservado para a chegada à cidade da Guarda. Seja para dar início à viagem ou como primeiro ponto de dormida, a cidade mais alta de Portugal Continental tem muito para lhe oferecer.

Guarda, a cidade dos 5 éfes. 

Comecemos por um clichê. Não que esta cidade o seja, mas falar da Guarda sem falar dos 5 éfes é impensável.

Forte. Não nos referimos apenas à geografia predominantemente rochosa que alimentou a histórica arquitetura da cidade. A sua localização conferiu-lhe uma importância ímpar na estratégia militar. Descobrir o castelo e as suas muralhas vão dar-lhe uma noção bem profunda disso e claro, uma vista de tirar o fôlego.  

Farta. Ora aqui está um termo que bem define a riqueza do Vale do Mondego. Falamos da riqueza natural, da fauna à flora, que em breve poderá ser apreciada ao longo de 11 km de passadiços. Até lá, estacione o carro, pergunte a um local, calce umas botas confortáveis e parta à aventura. Não se vai arrepender!

A Guarda é a cidade mais alta de Portugal Continental, conhecida como a cidade dos 5 éfes: Farta, Forte, Fria, Fiel e Formosa.

Fria. É verdade, na Guarda, quando o frio aperta, aperta a sério. Esta é uma vantagem, acredite. Num mundo cada vez mais ameno, onde as estações se confundem, é bom encontrar recantos onde o ano pinta diferentes paisagens sobre um mesmo quadro natural. 

Fiel. O Alcaide-Mor, durante a crise de 1383-1385 recusou-se a entregar as chaves da cidade a Castela. Mas sabe o que isto nos diz hoje em dia? Que há uma paixão enorme dentro de quem cá vive em manter a identidade cultural e natural desta região e vão fazer questão que o sinta, bem como uma vontade enorme de se render a ela. 

Formosa. Quase parecem gratuitos os elogios que nos escapam quando falamos da paisagem que abraça esta cidade. Mas não são. E, quando for altura de sair para começar este roteiro, até lhe vai custar, como nos custou a nós. Afinal, todo o tempo parece pouco e cada momento dá vontade de o repetir.

EN18 Guarda 01

Não podendo pedir cidade mais hospitaleira para nos receber no início desta viagem, fazemo-nos à estrada, em direção a Belmonte, saindo da cidade pela famosa “Rotunda do G”.

Incontornavelmente

  • Solar dos Vinhos da Beira Interior
  • Sé Catedral da Guarda
  • Torre de Menagem
  • Judiaria
  • Igreja da Misericórdia
  • Torre dos Ferreiros 
  • Museu da Guarda

Belmonte, Aldeia Histórica de Portugal 

Não se apresse! Não deixe que os 30 minutos pela Estrada Nacional 18, que separam as duas primeiras paragens, lhe deem vontade de fazer toda a viagem de uma assentada só. Cada paragem e cada lugar que parar para visitar só irão enriquecer a experiência!

E agora é a vez de descobrir a vila de Belmonte, Aldeia Histórica de Portugal. O nome já ajuda a levantar o véu: Belmonte ergue-se num belíssimo monte e encavalita-se em séculos de história. 

Foi daqui que partiu, ainda sem nau, pois claro, Pedro Álvares Cabral. Mas saiba que o seu passado é ainda mais remoto e mais rico. As primeiras pistas gravam-se no período Neolítico, sendo que a idade do Bronze/Ferro também deixou por cá as marcas de uma civilização ativa.

Este importante ponto de desenvolvimento, floresceu com o império romano, que por cá deixou o seu legado arquitetónico, económico e claro, histórico. Outro facto curioso, e de grande importância, assenta na comunidade judaica, que durante séculos prosperou nestas paisagens e que ainda hoje perdura.

Belmonte é a cidade berço de Pedro Álvares Cabral que, em 1500, descobriu o Brasil.

Foi também aqui que se combateu a intolerância religiosa na Península Ibérica no século XVI, aquando da reconquista dos territórios portugueses e espanhóis pela mão dos Reis Católicos. E se este caldeirão de acontecimentos já mostra muito do potencial que esta vila tem, deixe-nos acrescentar mais uma em acordes de liberdade: Zeca Afonso também por cá assentou. Longe dos pais, numa curta passagem na sua infância, em casa de um tio que defendia tudo o que um dia esta figura nacional viria a combater, foi aqui que completou a sua instrução primária.

EN18 Belmonte 01

Bem, motivos já sobram, agora é só explorar e deixar que a mente e o corpo absorvam tudo aos pouquinhos, bem intensamente como deve ser feito. E, quando se sentir pronto, continue pela N18 até ao próximo destino que, no nosso caso, foi um quase obrigatório desvio até Sortelha. Afinal, melhor do que visitar uma Aldeia Histórica, é visitar duas!

Incontornavelmente

  • Antigos Paços do Concelho
  • A Prensa 
  • Caminhos de Santiago 
  • Candelabro “Hanukkah” 
  • Torre de Centum Cellas 
  • Castelo de Belmonte 

Sortelha, Aldeia Histórica de Portugal

Quando o mundo se apressa a tentar recuperar e reconstruir o legado que o tempo foi destruindo, Sortelha é um exemplo vivo de que este é um trabalho que deve ser feito constantemente. Esta paragem leva-nos a uma das mais bem preservadas Aldeias Históricas de Portugal, com uma fisionomia urbana e arquitetónica inalteradas. 

Prepare-se para recuar no tempo, literalmente, numa viagem que remonta a 1228. Quando o forte serviu o seu propósito militar, a população estabeleceu-se na zona mais fértil e menos acidentada que rodeava a muralha e isso é parte do segredo da sua preservação. 

A serenidade e a inexistência de sons ao percorrer a aldeia, batizou Sortelha de “Reino do Silêncio”.

Entre as ruas e ruelas é impossível não nos imaginarmos num cenário de um livro de histórias de encantar onde príncipes e princesas se enamoram e escapam entre portas secretas para as paisagens verdejantes. 

Este é um autêntico museu a céu aberto com uma vista avassaladora sobre o vale de Ribacôa, pacífico e relaxante e não é à toa que lhe chamam o “Reino do Silêncio”, por muito que os sons do tempo ecoem pelas suas paredes.

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Tempo agora de regressar ao trajeto da Estrada Nacional 18 e seguir viagem em direção à Covilhã, uma das portas de entrada da Serra da Estrela, cidade rejuvenescida pela chegada da Universidade da Beira Interior.

Incontornavelmente

  • Lagartixos 
  • Cabeça da Velha 
  • Casa da Câmara e Cadeia
  • Casa Árabe 
  • Castelo e Muralhas 
  • Casa dos Falcões 
Onde Comer

D. Sancho 

O Celta 

Palmeiras 


Covilhã, porta da Estrela

Preparado para um choque? A Covilhã é uma caixinha de surpresas, uma cidade que mostrou que o engenho é a chave para contrariar as adversidades de quem vive num terreno, aparentemente, tão inóspito. 

O têxtil trouxe a indústria, o tempo fez com que se desvanecesse a força. Fundada em 1764 pelo Marquês de Pombal, a Real Fábrica de Panos é hoje o Museu dos Lanifícios. O provérbio, imortalizado na parede, diz que “Se os filhos de Adão pecaram, os da Covilhã sempre cardaram.” Mas o tempo continua e a Covilhã também. Como sempre o fez. Sem medo de se reinventar. 

Nas ruas, os murais evocam as histórias da terra. Mãos que tecem, um velho pastor… A Universidade deu-lhe um novo alento, a arte urbana uma nova cara, a tecnologia um novo futuro. Esta é a resiliência de quem vive tão próximo do ponto mais alto de Portugal continental.

A cidade da Covilhã renova-se todos os outonos com a chegada dos estudantes da Universidade da Beira Interior.

Quando visitar a Covilhã pela Estrada Nacional 18 vai sentir a energia, a história e a cultura a pulsarem a um ritmo muito próprio em experiências únicas. Não é apenas uma das portas para a Serra da Estrela. É uma metrópole cheia de vida, que ganha novos contornos com o turismo de inverno e a vida estudantil. E parar para ver o mar? Sim, aqui é possível ver um mar de nuvens que se estende no horizonte num fenómeno de cortar a respiração.

EN18 Covilha 01 1

Aproveite para mergulhar numa culinária tipicamente serrana, com sabores fortes e ao mesmo tempo delicadamente florais. Absorva tudo, respire fundo, e a sobremesa, essa, se calhar, pode ficar a cargo das célebres cerejas do Fundão, local da nossa próxima paragem.

Incontornavelmente: 

  • Universidade da Beira Interior
  • Circuito de Arte Urbana
  • Museu dos Lanifícios
  • Funicular de Santo André
  • Igreja de Santa Maria
  • Igreja de São Francisco
  • Ponte da Carpinteira
  • Varanda dos Carqueijais

Fundão, muito mais que cerejeiras

Cerejas? Sim, sem dúvida as cerejas são a primeira coisa que nos passa pela cabeça quando falamos do Fundão, mas há um mundo inteiro a descobrir… e que mundo este! 

As serras da Estrela e da Gardunha encerram nas planuras da cova da beira uma biodiversidade riquíssima e alimentam dos mais belos percursos de BTT e trilhos do nosso país. Mas, se procura um bocadinho menos de adrenalina, nada como caminhar pelas margens do Rio Zêzere e descobrir as aldeias do Xisto da Barroca e Janeiro de Cima. 

A região produz, todos os anos, cerca de seis mil toneladas de “ouro vermelho”, a Cereja do Fundão.

Uma boa alternativa também passa por descobrir o centro histórico, detentor de um robusto património religioso e urbano com um grande número de museus, igrejas, capelas e uma oferta hoteleira ímpar. Sim, falamos de boa cama e boa mesa, um complemento perfeito para assentar uns dias enquanto se prepara para continuar a jornada pela Estrada Nacional 18.

EN18 Fundao 01

E foi precisamente isso que fizemos no maravilhoso Hotel O Alambique D’Ouro, às portas do Fundão, ladeando a N18 que depois atravessa o centro da cidade pela avenida principal, a da Liberdade. 

Neste alambique dourado, somos sempre bem recebidos pelo proprietário, Alberto Carlos, pelo Diretor, José Almeida, e por toda a restante equipa. Este é um dos projetos hoteleiros mais ambiciosos da Beira Interior, o equilíbrio perfeito entre o luxo cosmopolita, um resort paradisíaco e o ar puro da serra. 

Prepare-se para relaxar no mais moderno SPA do país e degustar as iguarias de um restaurante que mantém bem vivos os sabores tradicionais e as doses generosas que tão bem caracterizam esta zona e tão bem nos reconfortaram nesta viagem.

EN18 Fundao Hotel Alambique 07

Descansados e reabastecidos, seguimos viagem para visitar uma tripla de aldeias históricas: Castelo Novo, Idanha-a-Velha e Monsanto. As duas últimas com um ligeiro desvio da Estrada Nacional 18 , mas um a que é impossível resistir!

Incontornavelmente

  • Aldeia de Janeiro de Cima
  • Aldeia de Castelo Novo
  • Centro de Interpretação
  • Museu Arqueológico José Monteiro
  • Serra da Gardunha
  • Parque Fluvial da Lavandeira

Castelo Novo, Aldeia Histórica de Portugal 

Mesmo à beira da Estrada Nacional 18 , fica o anfiteatro natural de Castelo Novo. Em plena Serra da Gardunha, aqui o misticismo sente-se na paisagem granítica perfurada por cursos de água fresca e eleva-se num património arquitetónico único em tons de verde e cinza.

O Castelo, implantado a 650 m de altitude, constitui um ponto evidente de organização do povoado. Pela encosta da Serra da Gardunha estendeu-se a povoação, desprovida de cerca, mas ao abrigo da estrutura fortificada dos Templários. 

A antiga vila surge assim inscrita num perímetro de configuração circular, numa estrutura urbanística quase labiríntica. As casas graníticas e as vielas irregulares guardam os sons e os cheiros de outrora e imprimem memórias que teimam em não ser apagadas pelo tempo.

Nas ruas de Castelo Novo corre água e granito. Do som dos ribeiros da gardunha, aos banhos na ribeira de Alpreade. É aqui que nasce a água do Alardo.

A nobreza dos edifícios senhoriais confunde-se com a sobriedade de uma povoação que se mistura com o terreno onde se edificou. Aqui podemos ver os estragos que o terramoto de 1755 causou, percebendo a real dimensão deste marco histórico natural no nosso país. As portas coloridas das casas destacam-se numa pitoresca criação que adorna o passeio que nos faz perder nestas ruas. 

Não é de estranhar, portanto, que seja também aqui a casa de Arte Manuela Justino, uma das mais originais pintoras e escultoras da segunda metade do século XX. A arquitetura manuelina e barroca justifica-se pelas intervenções nos séc. XVI e XVII, em terras que, segundo reza a lenda, fariam parte dos territórios doados à Ordem dos Templários.

EN18 Castelo Novo 01

Daqui, continuamos viagem para Idanha-a-Velha e Monsanto, duas Aldeias Históricas de Portugal que plenamente justificam o desvio maior do trajeto da Estrada Nacional 18 e que, pela sua proximidade, pode visitar pela ordem que escolher.

Incontornavelmente

  • O Castelo
  • Atelier de Histórias Criativas
  • Lagariça
  • Casa de Arte Manuela Justino
  • Os Chafarizes
  • Antiga casa da câmara
Onde Comer
Onde Dormir:

Pedra Nova – Turismo d’Aldeia 

Solar Dom Silvestre 

Casa de Castelo Novo 

Hotel Fragas do Lobo 

Quinta do Souto da Ordem


Idanha-a-Velha, Aldeia Histórica de Portugal

Aqui está tão perto de Lisboa como do Porto ou de Madrid, um ponto perfeito para uma brusca paragem na rotina. Sabemos que é um padrão no percurso desta estrada nacional, mas as gentes de Idanha-a-Velha têm uma generosidade especial e vai senti-la. 

Esta aldeia histórica é considerada um Monumento Nacional, com o batistério, local onde se realizavam batismos, mais antigo da Península Ibérica. Quando a paisagem o assoberbar, imagine que há 480 milhões de anos este era um imenso mar recheado de biodiversidade e ainda hoje conseguimos encontrar vestígios do que então aqui existia. 

Pelo notável conjunto de ruínas que conserva, ocupa um lugar de realce no contexto das estações arqueológicas do país. Ergue-se no espaço onde outrora existiu uma cidade de fundação romana, capital da Civitas Igaeditanorum (séc. I a.C.). Uma inscrição datada do ano 16 a.C., onde consta que Quintus Tallius, cidadão da Emerita Augusta (Mérida) “deu de boa vontade um relógio aos Igeditanos”, testemunha a existência no núcleo urbano nesse momento cronológico.

Idanha-a-Velha é testemunha de uma história muito antiga, um Monumento Nacional e o Batistério mais antigo da Península Ibérica. 

Intencionalmente, e ao longo dos séculos, pretendeu-se reorganizar todo o espaço urbano, revitalizando-o no domínio social, económico, político e cultural. Porém o seu percurso histórico, de desertificação, estava traçado. 

EN18 Idanha a Velha 01

Hoje, Idanha-a-Velha, surge renovada. Uma Aldeia Histórica criteriosamente adaptada para os que aqui residem e para os que a visitam. Cruzam os céus águias, abutres e grifos, por exemplo, coroando a vida terrena. Quando se entregar a tudo isto, é tempo para mais uma curtíssima viagem até Monsanto, Aldeia Histórica de Portugal já mesmo ali ao lado.

Incontornavelmente

  • Batistérios
  • Torre dos Templários
  • Igreja Matriz e Pelourinho
  • Lagar de Varas
  • Ponte Romana do Rio Pônsul
  • Capela de São Sebastião
  • Igreja de Santa Maria
  • Arquivo Epigráfico 

Monsanto, Aldeia Histórica de Portugal

Quer um bom ponto de partida? Em 1938 Monsanto foi reconhecida como a Aldeia mais Portuguesa de Portugal. 

Situada a nordeste das Terras de Idanha, aninhada na encosta de uma elevação escarpada – o cabeço de Monsanto (Mons Sanctus) – que irrompe abruptamente na campina e que, no seu ponto mais elevado, atinge 758 metros. 

Desde o paleolítico que por cá a humanidade trilha o seu caminho, dispersando-se entre vilarejos que se resvalam até à planície. Se a destruição parcial do castelo lhe cativar a atenção, saiba que também isso é um curioso pedaço de história, ficando-se a dever a uma explosão acidental no paiol de munições. Também aqui os templários deixaram marcas da sua passagem, após a sua doação por D. Afonso Henriques que a conquistou aos Mouros em 1165, e no seu ponto mais alto encontramos uma Torre de Menagem. 

Convida-se então para uma visita ao que resta do poderoso Castelo na escarpada encosta, onde se pode observar a alcáçova, a cintura de muralhas e torres de vigia, bem como as belíssimas ruínas da Capela de S. Miguel e a Capela de Santa Maria do Castelo.

Na aldeia mais portuguesa de Portugal, os adufes e as marafonas animam o cortejo na Festa de Nossa Senhora das Cruzes.

A gloriosa resistência aos invasores comemora-se na Festa de Santa Cruz, deitando-se das muralhas do castelo simbólicos cântaros com flores, levando as mulheres ao cimo das torres as tradicionais bonecas de trapos – as marafonas. 

As casas são um dos focos de atenção pela peculiaridade de aproveitarem os pedregulhos para formarem a sua estrutura, por vezes um único bloco de pedra forma o telhado e por isso se diz que casas são ‘de uma telha só’. Percorrê-la pode ser exigente, mas é absolutamente recompensador com miradouros de perder de vista e uma cultura absorvente, genuína e inesquecível.

EN18 Aldeia Historica Monsanto 02

Deste gigante pedaço da nossa história, é altura para regressar ao traçado natural da N18, para não mais nos desviarmos do percurso até chegar a Ervidel. Próxima paragem – Castelo Branco.

Incontornavelmente 

  • Capela de Santa Maria do Castelo 
  • Capela de S. Miguel
  • Capela de S. Pedro de Vir-à-Corça
  • Baluarte
  • O Castelo
  • Os Chafarizes
  • A Cidadela
  • A Cisterna
  • Estação Arqueológica Romana de São Lourenço
Onde Dormir:

Monsanto GeoHotel Escola 

Sun Set House 

Casa do Castello 

Casa do Chafariz


Castelo Branco, 250 anos na linha do futuro 

De volta a uma civilização mais urbanizada, sirva esta paragem para descobrir que a história não se apaga com a modernização e o evoluir dos tempos. Em Castelo Branco, história e modernidade coabitam em perfeita harmonia. 

Esta cidade de luz, secular, tem um património de valor incalculável, com uma rota de dez museus que são uma janela para a nossa história. Destaca-se a indústria da seda, uma analogia ímpar para percebermos como o homem e a natureza privam aqui numa relação simbiótica. 

Um dia não basta e quando se apaixonar ainda ficará na ideia a vontade piscar o olho a mais dois ou três. Deixe os níveis de adrenalina subirem com desportos radicais, alimente a curiosidade com a história que aqui vai descobrir ou simplesmente procure refúgio na natureza e deixe-se perder na imensidão de mancha verde que envolve a cidade.  

Ao contrário de outras cidades da região, que cresceram notavelmente devido à indústria têxtil, Castelo Branco sempre teve uma importância geoestratégica e política em Portugal. Já foi considerada como a segunda capital de distrito do centro do país como a cidade com melhor qualidade de vida. 

Capital da Beira Baixa, Castelo Branco é cidade de luz, património e muitas tradições.

Castelo Branco terá tido a sua origem no local de um castro pré-romano. No início do séc XII existia uma povoação no cimo da Colina da Cardosa, em cuja encosta se desenvolveu o povoamento da vila. 

Um dos produtos típicos da região são as colchas de linho bordadas com fio de seda natural, conhecidas como bordado de Castelo Branco, que se crê serem de inspiração oriental. São conhecidas por suas cores vivas e pelos elementos que retratam, normalmente relacionados com a Natureza, destacando-se o frequente uso de árvores e pássaros. 

Esqueça por momentos que o relógio do tempo não para e perca-se nas ruas e ruelas da zona histórica da cidade. Aproveite para degustar os produtos locais e, rapidamente, vai sentir-se em casa.

EN18 Castelo Branco 01

A nossa viagem, essa, seguiu para Sul, agora num troço descaraterizado da Estrada Nacional 18 que se transforma na N3, rumo a Vila Velha de Rodão, onde aproveitámos para pernoitar na magnífica Herdade da Urgueira.

Incontornavelmente

  • Jardim do Paço Episcopal 
  • A Rota dos Museus
  • Cidade Antiga
  • Praça de Camões
  • Torre do Relógio
  • Palácio Episcopal

Vila Velha de Rodão, portas que o Tejo abriu

A saída de Castelo Branco é feita pela N3, estrada que faz as vezes da N18 até a recuperarmos novamente na saída para Sarnadas de Rodão. E daí, estamos a um saltinho de Vila Velha de Rodão, a nossa próxima paragem. 

O Tejo ajudou a esculpir a paisagem, com um resultado único e deslumbrante, quer pela beleza natural que hoje encontramos, quer pela abundância de recursos que garantiu a fixação das primeiras populações humanas desde a pré-história, registado em mais de 20 mil gravuras rupestres. 

Mas não só de homens se reza a lenda, aqui podem ser observadas mais de 116 espécies de aves, muitas delas raras ou em vias de extinção, com destaque para a maior colónia de grifos do país.

Vila Velha de Rodão foi um ponto estratégico na delimitação das fronteiras cristãs face aos muçulmanos e na garantia de liberdade de navegação no Tejo.

As Portas de Ródão são uma paragem obrigatória: uma imponente garganta escavada pelo rio na serra do Perdigão. Se a natureza o conquistou, procure o Castelo do Rei Wamba, numa escarpa sobranceira ao Tejo, erguido para garantir a defesa dos territórios conquistados aos muçulmanos e repositório das lendas sobre este lugar.

EN18 Vila Velha de Rodao 01

Foi também nesta zona que aproveitámos para fazer a pernoita da nossa viagem, na fabulosa Herdade da Urgueira, antes da travessia do Tejo rumo ao Alentejo. 

Com uma área de 620 hectares, implantada numa zona com forte vocação agrícola, é dominada por terrenos bastante férteis, servidos por abundantes linhas de água. É local de referência no olivoturismo em Portugal, trabalhando ao mesmo tempo para a sustentabilidade do território, apostando num turismo de qualidade, que respeite a natureza e o ser humano. 

E se o local é paradisíaco, a equipa que o irá acolher não lhe fica atrás. Do proprietário Carlos Lourenço, à simpatia da Dânia Cruz e do Pedro Roxo que nos receberam de braços abertos, sem esquecer o talento do Chef João Mateus. 

Foi ali “No meio do nada”, nome do belíssimo restaurante da Herdade da Urgueira, que nos presenteou com uma tábua de carnes com borrego da herdade, tomahawk, magret de pato e porco duroc, rematada com uma tigelada tradicional.

EN18 Vila Velha de Rodao Herdade da Urgueira 06

Uma última dica vai direitinha para os amantes das caminhadas: por aqui encontra trilhos fantásticos que o levam por paisagens inacreditavelmente bonitas. E agora, tempo de dormir antes de atravessar o rio e rumar além Tejo.

Incontornavelmente

  • Portas de Ródão
  • Castelo do Rei Wamba
  • Zona Balnear da Foz do Cobrão
  • Estação Arqueológica do Enxarrique
  • Centro de Interpretação da Arte Rupestre
  • Percursos Pedestres
  • Núcleo Museológico do Contrabando
Onde Comer

Meio do Nada 

O Júlio 

Varanda da Vila 

A Ponte do Encherrique


Duas regiões vitivinícolas, muitos néctares para descobrir

Na fronteira entre a Beira Interior e o Alentejo, e com os SEAT Leon estacionados para a pernoita, já podemos falar à vontade de um dos grandes atrativos desta viagem: os vinhos!

Estrada Nacional 18 Vinhos da Beira Interior 01

A N18 cruza duas das regiões vitivinícolas de referência do nosso país, a da Beira Interior e a do Alentejo. Néctares talhados por duas regiões bem distintas, dos solos à altitude, e que bem espelham a riqueza e os saberes vínicos de Portugal.


Os Vinhos da Beira Interior 

Até aqui, pela N18, passámos pela mais alta região vitivinícola de Portugal. Para o apreciador de vinhos, a altitude é talvez a característica que mais facilmente define a Beira Interior. Mas esta região é muito mais do que os seus planaltos e montanhas: da diversidade das sub-regiões à singularidade das castas de uva locais, passando pelo fantástico património das vinhas velhas e pela preservação ambiental, a Beira Interior é todo um reservatório de autenticidade vitivinícola, onde qualidade e diferença andam sempre de mãos dadas. 

Rodeada pelas Serras da Estrela, Gardunha, Malcata e Marofa, as vinhas estão normalmente plantadas em zonas planálticas ou de encosta, entre os 350 e os 750 metros de altitude. Numa explicação simplista, a altitude significa, sobretudo, acidez e frescura, um bem raro e precioso nas regiões de vinho mais afastadas do litoral.

EN18 Rota dos Vinhos da Beira interior 02

A Beira Interior está dividida em três sub-regiões: Pinhel, Castelo Rodrigo e Cova da Beira, a maior das três e a mais a sul. Diferenças de altitude, relevo, humidade e temperatura, conduzem a diferentes terroirs nos cerca de 16.000ha de vinha da região. Para essa diversidade contribui também o perfil do solo na Beira Interior, maioritariamente granítico, mas com várias zonas arenosas, de xisto e quartzo. 

A interioridade permitiu à Beira Interior conservar grande parte do seu património genético vitícola, patente nas muitas parcelas de vinha velha existentes na região.

Os vinhos da mais alta região vitivinícola de Portugal espelham fielmente o forte caráter do terroir que os viu nascer.

Ao nível de castas identitárias cumpre destacar as brancas Síria e Fonte Cal, e a tinta Rufete. A Síria será porventura a variedade que mais apreciadores relacionam com a Beira Interior e é conhecida no Alentejo como Roupeiro. Mas a mais identitária até seja talvez a Fonte Cal, uma uva local praticamente inexistente fora da Beira Interior, e que cada vez mais produtores elegem como primeira escolha graças à estrutura, cremosidade e elegância dos vinhos que origina.  

Seja qual for a casta ou castas utilizadas, as variedades de uva fazem parte de um terroir onde solo, clima e gentes se moldam e conjugam para criar uma identidade. Esse todo é maior do que a soma das partes e os vinhos da Beira Interior são o reflexo disso mesmo. Vinhos dos altos, brancos, rosés e tintos firmes, sérios, elegantes, longevos, com todo o carácter da terra que os viu nascer. 

No trajeto da N18, passamos bem perto de alguns dos melhores produtores da região e nada como levar consigo alguns destes vinhos que, mais tarde, o irão fazer voltar a estas terras.

A nossa seleção na N18:

Os Vinhos do Alentejo

A história do vinho e da vinha no território que é hoje o Alentejo exige uma narrativa longa, com uma presença continuada no tempo e no espaço, uma gesta ininterrupta e profícua que poucos associam ao Alentejo.

A planura característica do Alentejo e a correspondente falta de barreiras orográficas impedem a condensação da humidade vinda do mar, subtraindo qualquer veleidade de expressão atlântica no Alentejo. Mas são precisamente os poucos acidentes da paisagem alentejana que condicionam e individualizam as diferentes sub-regiões, proporcionando condições singulares para a cultura da vinha em toda a região.

EN18 Rota dos Vinhos do Alentejo 01

A Serra de S. Mamede sita no norte do Alentejo, a cordilheira mais alta a sul do Tejo, constitui o exemplo flagrante desta individualidade, aportando a frescura retemperadora que só a altitude pode proporcionar. Também o Redondo, protegido pela barreira natural da Serra da Ossa, tal como a Vidigueira, abrigada pela Serra de Portel, beneficiam da cumplicidade da natureza para garantir vinhos singulares. 

O Vinho Regional Alentejano que, por conceder regras mais liberais e maior autonomia na escolha das castas, acolheu, para além dos produtores cujas vinhas se situam fora das oito sub-regiões com direito a denominação de origem, um conjunto elevado de produtores clássicos. Nesta rota passamos mais próximos das sub-regiões de Portalegre, Borba, Évora, Redondo e Vidigueira.

Os vinhos do Alentejo têm uma capacidade única para serem bebidos cedo, sabendo envelhecer com distinção.

Nas brancas, a região eleva as castas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro. Nas tintas Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão, Syrah, Touriga Nacional e Trincadeira.

Em comum, os vinhos alentejanos oferecem um prazer sem fim, brancos, rosados e tintos, com vinhos cheios e de forte exuberância aromática, vinhos redondos e suaves, com uma capacidade única para serem bebidos cedo… sabendo envelhecer com distinção. 

Os quilómetros da N18 que atravessam o Alentejo, contornam alguns dos melhores produtores desta região, e a garrafeira da viagem não ficará completa sem eles!

A nossa seleção na N18:


Nisa, terra de queijo e termas 

Há algo de profundamente retemperador e libertador na paisagem alentejana, no espaço sem fim, na imensidão das planícies ondulantes, no céu amplo e de um azul imaculado, no horizonte infinito… e nas gentes, no povo tranquilo e orgulhoso do Alentejo.  

A paisagem discorre suave por entre a vinha e os campos de cereais, pintada ora de um verde intenso no final do Inverno, ora cor de palha no final da Primavera, ora ocre no braseiro dos meses de Verão. O semblante inconfundível dos sobreiros e azinheiras marca a linha do horizonte, traços de identidade da região que ocupa mais de um terço da área do território continental. 

Na segunda metade desta viagem, aventuramo-nos por aqui, onde o tempo parece andar mais devagar. Mas antes das planícies que nos aguardam já depois de Portalegre, seguem-se as curvas de Nisa, maravilhosamente serpenteadas na rocha pela Estrada Nacional 18, e que são um autêntico prazer de condução. 

Queijos e termas. Parecem-lhe bem? Então começamos mesmo por aí, um bom queijo de ovelha, tão característico desta vila e região, é um excelente pretexto para cá vir reconfortar o estômago e o espírito.

O Queijo de Nisa é produzido por queijarias locais, sobretudo na localidade de Tolosa, mantendo a sua elaboração artesanal.

Depois, uma visitas às águas termais, da nascente da Fadagosa, vão fazer maravilhas pelo corpo já cansado da viagem e de tanta descoberta. Mas saiba que há muito mais para descobrir nesta deliciosa vila portuguesa. 

A povoação de Nisa tem origens muito antigas e ter-se-á desenvolvido a partir de um castro no cimo do Monte da Nossa Senhora da Graça, tendo sido fortemente influenciada pela ocupação romana. E se a história tem um lugar de destaque na sua agenda, saiba que a anta de São Gens e as gravuras rupestres junto ao Tejo são uma paragem obrigatória, entre muitos outros pontos de interesse que o vão conquistar.

EN18 Nisa 01

Depois de bem abastecido com as iguarias locais, siga o roteiro pela Estrada Nacional 18 até Alpalhão, onde a N18 se transforma no IP2. Depois, rumo a Portalegre porque, nesta viagem, ainda há muito para ver… e provar!

Incontornavelmente

  • Castelo de Nisa
  • Porta de Montalvão
  • Castelo de Amieira do Tejo
  • Anta da Vila de Nisa
  • Termas da Fadagosa de Nisa 
  • Centro histórico de Nisa 
Onde Dormir:

A Palhota 

Al Tarabau – Casa Medieval de Nisa 

Casa B 

Residencial S. Luís 

Residencial Nossa Sr.ª da Graça


Portalegre, alegre vista para as planícies 

Quando pensa em Portalegre, as tapeçarias são a primeira coisa que lhe vêm à cabeça? Se não são, deviam. Esta cidade recheada de palácios e monumentos teve o seu pico de prosperidade nos séculos XVII e XVIII devido ao investimento na indústria têxtil e a qualidade do produto final atravessou os séculos até hoje, gabando-lhe um reconhecimento internacional. 

Foi também neste período que a cidade herdou um carácter profundamente barroco que ainda se preserva em muitos monumentos. É aqui, não no tempo, mas no espaço, que começa a transição para uma paisagem mais plana, adivinhando o percurso que se avizinha.

Situada no Parque Natural da Serra de São Mamede, a cidade partilha a imponente geologia e a fauna e flora que o caracterizam.

O Parque Natural da Serra de São Mamede, que integra uma área considerável do concelho, é uma homenagem à beleza natural que Portalegre encerra. Por isso estacione o carro e faça-se aos trilhos que vai valer a pena.   

Do plátano centenário que o recebe à chegada, a todas as suas gentes hospitaleiras e calorosas, é em Portalegre que a Estrada Nacional 18 perde um pouco da sua identidade e se transforma no IP2. Mas se o trajeto menos sinuoso da rota soar algo enfadonho para quem vai a conduzir, vale a pena para poder apreciar melhor a transformação da geografia do terreno, de serra em planície, de encosta em vastidão.

EN18 Portalegre 01

Aqui, já não há dúvida nenhuma onde estamos. Bem-vindo ao Alentejo! Próxima paragem: Estremoz

Incontornavelmente:

  • Parque Natural da Serra de São Mamede
  • Museu Municipal de Portalegre
  • Catedral de Portalegre
  • Castelo de Portalegre
  • Museu das Tapeçarias de Portalegre
  • Museu José Régio

Estremoz, cidade branca do Alentejo

Abraçadas por velhas muralhas, as inconfundíveis casas pintam a colina e assinalam a chegada à terra do Mármore que catapultou Portugal para o segundo lugar como maior exportador mundial. 

Mas nem só do minério vive a terra, com uma dedicada história ao cultivo de vinhas e olivais. Esta combinação de beleza e riqueza natural fizeram dela casa de muitos reis e rainhas e apresenta-se como local de um património riquíssimo, com inúmeros monumentos pela cidade. 

Na História foi palco de grandes batalhas, determinantes para o nosso país, como a Batalha do Ameixial e a Batalha dos Montes Claros. Como não podia deixar de ser, o bom vinho e a irresistível mesa são dois trunfos para a sua estadia. Desfrute deles, vai precisar de ganhar energias e recuperar forças. 

O Anticlinal de Estremoz, fonte do mármore português, alimenta o triângulo de mármore do Alentejo, formado por Borba, Vila Viçosa e Estremoz.

Estremoz está dividida em duas zonas bem demarcadas, de belezas e encantos distintos. Uma é a zona baixa e comercial, chamada “vila nova”, que se prolonga pela área plana da cidade. A outra, a “cidade velha”, situa-se na zona alta, junto ao Castelo, onde se chega por entre ruas labirínticas e sinuosas. Uma vez no topo, desfrute do prazer da riqueza monumental da paisagem alentejana. Até onde a vista alcança.

EN18 Estremoz 05

Deixamos um desafio: tente escolher uma favorita, vila nova ou cidade velha? Nós não fomos capazes! E foi com essa dúvida em mente que partimos rumo a Évora.  

A saída de Estremoz faz-se pela N4, mas apenas durante alguns quilómetros até voltar à sua designação original. Até Évora, a Estrada Nacional 18 ainda voltará à sua dança com o IP2, que por estes lados também faz par com a A6, para chegar à capital do Alto Alentejo. Seguimos então viagem, mas não sem antes lhe deixar mais uma pequena sugestão de desvio desta rota, para uma merecida visita a Evoramonte.

O apelo histórico e a beleza natural de Evoramonte mantêm, nos dias que correm, a força e fúria de outrora. Vila cujo caráter se forjou a ferro, sangue e fogo, reconstruindo-se a cada ataque sofrido, Evoramonte ostenta orgulhosamente as suas cicatrizes e fundações inabaláveis. Por isso, aproveite as tardes quentes do verão e venha ouvir as histórias que Evoramonte tem para lhe oferecer em sussurros de brisa fresca.

Incontornavelmente

  • Castelo de Estremoz
  • Fonte das Bicas
  • Torre das Couraças
  • Capela de Nossa Senhora dos Mártires
  • Museu Berardo Estremoz
  • Herdade das Servas

Évora, capital do Alto Alentejo 

Começando pelo mais importante: estacione o carro. A melhor forma de visitar uma das cidades mais bonitas de Portugal é mesmo a pé. Só assim vai conseguir percorrer cada detalhe das suas ruas estreitas que escondem a história de Évora e muito da História de Portugal. 

Espere encontrar um ambiente acolhedor, tranquilo e riquíssimo que a elevou a Património Mundial pela Unesco. Pela descoberta da cultura ou para uma merecida pausa, Évora é um destino a ter em conta e acreditamos que se torne num dos momentos altos deste percurso. 

Património Mundial da Unesco desde 1986, Évora é uma cidade-museu na planície alentejana.

Ande ao acaso, deixe-se perder e encontre um património que atravessa o tempo e que se modernizou com nuances de bom gosto. Esta é uma cidade de monumentos, praças, largos, palácios, mosteiros e igrejas, mas acima de tudo é o berço de uma população acolhedora que o vai fazer sentir-se bem, sem vontade de partir.

EN18 Evora 04

Foi bem junto à Sé e ao Templo Romano de Évora que fizemos uma merecida pausa nesta viagem para almoçar. À nossa espera esta Jorge Fava Rica, proprietário e cozinheiro do Momentos. Diz-nos que a “a vida é demasiado curta para comer batatas fritas todos os dias” e que não tem um menu para apresentar. Isto porque a ementa é sempre feita com os ingredientes que cada dia lhe trazem à porta os pequenos produtores locais, saudável, orgânica e despretenciosamente deliciosa. Dos petiscos acompanhados de azeite biológico, passando pelas bochechas de porco preto lentamente cozinhadas, a uma queijada tradicional, receita e homenagem à sua mãe.

EN18 Evora Momentos 05

Durante a nossa conversa com Jorge Fava Rica ficámos a conhecer um pouco mais desta região e da cidade que chama sua. Mas o apelo da Estrada Nacional 18 chamava por nós e já era hora de seguir rumo à nossa próxima paragem: Portel

Incontornavelmente

  • Rota dos Vinhos do Alentejo
  • Capela dos Ossos
  • Tempo Romano de Évora
  • Cromeleque dos Almendres
  • Aqueduto da água de Prata
  • Praça do Giraldo
  • Igreja de São Francisco 

Portel, nas margens do Alqueva

Está na hora de ir a banhos. Portel é um convite perfeito para um bom mergulho, principalmente quando o calor faz as planícies mais longas do que realmente são. 

O Alqueva, o maior lago artificial da Europa, dá destaque a esta bonita vila, bem no coração do Alentejo, que merece ser explorada e conhecida. Um castelo majestoso, no cimo de uma colina, demarca o raio de ação e pode ser usado como guia quando se aventurar. 

Portel terá sido habitada por Romanos e porventura Fenícios, exploradores de minas de metais, e os seus vestígios ainda são visíveis no sítio dos Algares. Foi depois habitado por árabes e mouros que deixaram como vestígios da sua presença as muralhas de taipa que já se encontram em ruínas. 

A vila de Portel é a porta de entrada para o Alqueva, o maior lago artificial da Europa, formado pela barragem com o mesmo nome. 

A paisagem é dominada pelo montado rico, uma serra farta e diversa de flora. Uma boa dica é pernoitar. Mas não adormeça cedo! As estrelas vão conferir um espetáculo magnifico que ilumina os céus, ideal para descobrir o cosmos, mesmo a olho nu.

EN18 Portel 03
EN18 Portel 01

Antes de deixar Portel e rumar pela Estrada Nacional 18 até à Vidigueira, vila cujo nome se pronuncia muito devagarinho, não se esqueça de visitar ainda o Monumento à Mulher Alentejana, bela homenagem. 

Incontornavelmente

  • Castelo de Portel
  • Barragem de Alqueva
  • Praia Fluvial da Amieira
  • Capela de Santo António
  • Igreja Matriz
  • Sítio dos Mosteiros 
Onde Comer

Cozinha d’Aboim 

S. Pedro 

Casa da Açorda 

O Chafariz 

O Castelo

Onde Dormir:

Monte da Boa Vista 

Hospedaria O Castelo 

Herdade do Rio Torto 

A Casa


Vidigueira, terra de paz e de cante

Vasco da Gama foi nomeado Conde da Vidigueira, Almirante da Índia, e este é um bom princípio de conversa. Esta pequena vila alentejana localiza-se numa bonita e típica planície, afirma-se como uma região de vinhos famosos, pomares, do cante alentejano e arte contemporânea. Tudo isto enquanto se envolve de campos e vinhas com paisagens únicas. 

O cenário idílico da Vidigueira transporta-nos para o imaginário de um Alentejo verde e farto onde a história, mesmo nos lugares mais pequenos, se agiganta pela importância que esta região sempre teve. 

A 2 km da Vidigueira, no Convento de Nossa Senhora das Relíquias, esteve sepultado Vasco da Gama antes do translado para o Mosteiro dos Jerónimos.

A história da região estende-se ao longo de vários séculos, mantendo-se até hoje vestígios dos povos que por lá passaram. Uma riqueza em património histórico, visível por todo o município, onde a própria natureza se encarregou de dotar as terras da Vidigueira de muitas maravilhas. 
 
Aqui, na fronteira do Baixo com o Alto Alentejo, entre Beja e Évora, os montados alimentam de bolota o porco alentejano, dando origem a saborosos enchidos e presuntos, e a flora silvestre dá às abelhas a matéria-prima para um mel de primeira.

É neste cruzamento de serra, planície e rio, que assenta a diversidade e o caracter excecional destas terras de pão e de vinho, e das suas gentes de paz e de cante alentejano.

EN18 Vidigueira 02

E foi assim, ao som do Património Cultural Imaterial da Humanidade, que seguimos pela Estrada Nacional 18 , rumo a Beja. E, pelo caminho, paragem obrigatória para um café… 

Incontornavelmente

  • Ruínas Romanas de São Cucufate
  • Ermida de S. Pedro
  • As Antas
  • Albufeira de Pedrógão
  • As Ribeiras
  • Torre do Relógio 

Beja, capital do Baixo Alentejo

A caminho da capital do baixo Alentejo, onde o IP2 volta momentaneamente a caracterizar-se de N18, fica o famoso Snack-Bar Pastelaria “Nacional 18”, que bem podia ser o título de uma canção dos anos 80. Uma paragem obrigatória para quem faz esta viagem para um café e dois dedos de conversa com as gentes de São Matias. 

Ali a dez quilómetros fica Beja, uma das cidades mais antigas da Península Ibérica. Quando, em meados do primeiro milénio antes da nossa era, os povos, que viviam na extensa planície que hoje conhecemos como território de Beja, instalaram um povoado numa elevação que lhes permitia controlar quilómetros de férteis campos em redor, certamente não imaginaram que estavam a dar início a uma história que se iria prolongar por mais de 2.500 anos. Eram então lançadas as primeiras pedras de uma cidade que, no cimo da sua colina, acompanhou, por vezes de forma dramática, a vida quotidiana, as vicissitudes e as mudanças que ocorreram nesta região.

Em Beja bate o coração da Planície Dourada, uma região de turismo conhecida por se encontrar rodeada de um mar de campos de trigo.

Beja, que nunca perdeu de vista a sua planície, foi uma cidade importante, capital do sul, de portas abertas ao Mediterrâneo, centro económico e de culturas. As suas ruas foram eco de várias línguas, por elas andaram gentes da Idade do Ferro, romanos, bizantinos, visigodos, muçulmanos, judeus e cristãos, por vezes em guerra, mas maior parte do tempo em paz. Uma mistura que faz da cidade o que ela é nos nossos dias, na sua paisagem urbana mas também natural, no seu modo de falar, e de cantar, na sua comida e na forma como pensa e como vive o seu dia-a-dia.’

EN18 Beja 01

Em Beja, a Estrada Nacional 18 volta a recuperar todo o seu nome e fulgor de estrada nacional para nos levar pelos últimos quilómetros desta aventura que termina já ali à frente, em Ervidel.

Incontornavelmente: 

  • Castelo de Beja
  • Museu Rainha D. Leonor
  • Vila Romana de Pisões
  • Praia Fluvial dos Cinco Reis
  • Catedral de Beja
  • Núcleo Museológico da Rua do Sembrano
  • Museu Jorge Vieira
  • Moinho Grande

Ervidel, Alentejo em estado puro

Pela Estrada Nacional 18 entramos no concelho de Aljustrel, onde muito mais há para descobrir. Mas, por agora, os últimos quilómetros da N18 guiam-nos direitinhos às portas de Ervidel. Chegámos ao fim da nossa viagem! E, Ervidel, é uma excelente forma de a terminar. 

A paisagem estende-se pela albufeira do Roxo, o que nos faz quase esquecer que estamos em pleno baixo Alentejo. Terra de vinho, cereais e azeite, encontra nas gentes o seu maior tesouro e, por isso, guardamos muito bem este elogio: é profundamente autêntica, um hino ao que esta viagem representa. 

Se a conquista da Estrada Nacional 18  o deixou com sede de mais, aproveite para descer pela N2 até Aljustrel e conhecer o coração deste concelho alentejano. 

A chegada a Ervidel faz-se com pompa e circunstância, no grande cruzamento que faz desembocar a Nacional 18 na Nacional 2, a maior de Portugal, que liga Chaves a Faro. O pequeno jardim à entrada é lindo e acolhedor, perfeito para a fotografia da praxe de quem cumprir esta viagem. Depois, é só seguir pelas ruelas até ao coração de Ervidel para desvendar os seus segredos e mistérios.

EN18 Ervidel 01

Encontre uma adega, siga o eco de um cante alentejano, misture-se que será bem recebido e sairá da EN18 de coração cheio.

Incontornavelmente

  • Capela de S. Pedro
  • Igreja Matriz
  • Moinhos de Vento
  • Adegas
  • Lagar de Azeite
  • Barragem do Roxo
  • Museu Rural de Ervidel 
Onde Comer

Sabores do Monte 

Alvorada Futebol Clube

Café Pôr do Sol

Café o Guerreiro

Pastelaria A Travessa


Estrada Nacional 18 10 2

Boas viagens! 

A Estrada Nacional 18 é apenas uma de muitas aventuras que as Rotas de Portugal do Clube Escape Livre vão preparar para si, para a sua família e para os seus amigos. Seja qual for a forma de a percorrer, da Guarda a Ervidel, de Ervidel até à Guarda, ou qualquer percurso pelo meio, não se esqueça de que o mais importante é aproveitar ao máximo cada quilómetro do caminho, sempre em boa companhia. Queremos receber as suas fotografias… Até lá, boas viagens!

N18 Branded LOGOS
AHP BARRA 2020 CORES 01