VW T-Roc R - O foguete "made in Palmela"

Com a proliferação de SUV’s para todos os gostos, carteiras e segmentos têm aparecido nos últimos anos vários destes modelos executados como versões desportivas. São estes que abrem um novo segmento e dão sentido à expressão “hot-SUV”. O Volkswagen T-Roc R é um dos primeiros desta nova moda.

Submetido pelo departamento R da Volkswagen a um conjunto de alterações, das quais destacamos os reforços na carroçaria e a suspensão rebaixada em 15 mm, o VW T-Roc R tem exactamente os mesmos atributos aplicados no Golf R. A saber: motor 2.0 l Turbo EA888 com 300 cv e 400 Nm de binário entre as 2000 e as 5000 rpm, caixa DSG de sete velocidades e tração integral 4Motion. O conjunto proporciona uma aceleração até aos 100 km/h em 4,8 segundos, utilizando o sistema de “launch control“. Em exclusivo nesta versão, o controlo de tração e estabilidade é totalmente desligável.

Tal como é habitual nas realizações desportivas da marca de Wolfsburgo, as alterações estéticas são pequenas. Novos pára-choques com assinatura LED e quatro saídas de escape pouco discretas, duas em cada uma das extremidades.

Bancos desportivos diferenciam o modelo

No interior a dotação de equipamento foi reforçada. Encontramos um volante de boa pega com base cortada e uns excelentes bancos desportivos forrados a Alcântara, muito confortáveis e que suportam corretamente os passageiros em curva. As quotas de espaço interior mantém-se inalteradas, sendo que o SUV fabricado em Palmela transporta com espaço quatro passageiros. O quinto terá naturalmente que ter alguma paciência, dada a largura do banco traseiro. A bagageira tem uma capacidade de 421 l e pode ter abertura e fecho elétrico (395€).

O interior é decalcado da restante gama T-Roc apresentando boa montagem, mas plásticos duros na sua totalidade. Nem as portas merecem algum outro material a revestir o seu interior.

VW T Roc R 108 1 — Interior decalcado dos restantes T-Roc

VW T Roc R 99 1 — Interior decalcado dos restantes T-Roc

O info-entretenimento é o aplicado no VW Polo e apresenta um funcionamento simples, estando equipado com navegação, ligação a smartphones Apple Carplay/Android Auto (198€) e manómetros digitais, muito completos e com várias possibilidades de personalização. O carregamento sem fios do smartphone é opcional por 472€, mas o acesso ao mesmo é dificultado pelo seletor da transmissão, algo cada vez mais frequente.

T-Roc R – O camaleão!

O SUV da Volkswagen tem cinco modos de condução (Eco, Comfort, Normal, Race e Individual) que permitem alterar o comportamento do carro, através de programações distintas para a direção, caixa de velocidades, motor, suspensão e som do escape. O último (Individual) permite configurar a gosto cada uma das opções.

Para além destes existem outros modos atribuídos pelo sistema de tração integral 4Motion. São eles o Snow, Off-Road e, pela primeira vez, o Off-Road Individual que permite parametrizar a gosto alguns parâmetros.

A conjugação de todos, permite ao VW T-Roc R adaptar-se a qualquer ocasião e tipo de piso, como se de um camaleão se tratasse.

VW T Roc R 112 1 — Seletor dos modos de condução

Revista a teoria, passemos à pratica.

Com 300 cv à disposição e um peso abaixo dos 1600 kg o T-Roc R é um autêntico foguete. Sentimos debaixo do pé direito toda a potência e disponibilidade, quer na cidade, no ocasional semáforo, quer nas ultrapassagens em estrada, despachadas sem apelo nem agravo, embora seja em estrada sinuosa que mais surpreende.

A utilização citadina é fácil, em virtude das dimensões contidas e em auto-estrada a estabilidade em ritmos elevados é referência. O VW T-Roc R consegue transmitir muita confiança ao condutor. Para este facto contribuem a direção precisa e informativa, bem como a suspensão electrónica DCC, um opcional no nosso entender obrigatório por 821€, que no modo Comfort garante bom conforto em zonas com maus pisos e um bom compromisso para quando a intenção não é apenas… devorar asfalto!

Numa zona de montanha, e com o modo Race selecionado, o T-Roc R revela um comportamento muito eficaz, a direção fica mais pesada sem ser distante e a suspensão DCC faz um trabalho notável de controlo dos movimentos da carroçaria, sobretudo se tivermos em conta que o centro de gravidade e o peso são maiores do que no VW Golf equivalente, e que o modo mais duro da suspensão, é utilizável em estradas de bom piso, ficando o Normal para as zonas mais degradadas.

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Hot-SUV é a expressão que está na moda!

Em andamentos mais desportivos a frente é precisa e fácil de inserir e a tração 4Motion, que utiliza um sistema Haldex para transferir binário para o eixo traseiro quando deteta perdas de motricidade na dianteira, realiza o seu trabalho com rapidez. O elo mais fraco são mesmo os pneus. Apenas porque não estão à altura da eficácia do chassis e da potência do motor, começando a alargar trajetórias, especialmente em piso molhado. A vocaão dos Bridgestone Turanza T001 é outra. Algo que está uma vez mais relacionado com a configuração, neste caso não muito bem conseguida. Quando equipado com jantes de 19″, o T-Roc R traz de série uns performantes Bridgestone Potenza S001, e aí a conversa é outra, permitindo maior velocidade de passagem em curva com mais neutralidade.

Os travões estão à altura das exigências e têm maxilas pretas com o logótipo R. A resposta ao acelerador é boa e a caixa DSG raramente é apanhada em falso, especialmente se se encontrar em modo Sport ou em controlo manual. As patilhas de comando da caixa no volante continuam no entanto, e como tem sido habitual, pequenas, deixando-se escapar quando mais precisamos delas.

O som de escape emanado pelas quatro saídas está bem trabalhado e apresenta ocasionais detonações em modo Race, mas tem um volume contido, algo que poderá ser benéfico quando se pretende “low-profile”. Se não for o caso, a opcional panela Akrapovic, certamente transformará este “hot-SUV” num modelo ainda mais interessante de explorar.

O T-Roc R pede andamentos rápidos

O VW T Roc-R é capaz de ritmos impressionantes em estradas de serra, mesmo sem ser o desportivo mais divertido e interativo do mercado, nem esse foi o propósito da VW aquando da sua criação. É, antes, um daily-driver sobredotado, capaz de impressionar pela facilidade com que converte potência em andamento de um modo desconcertante.

Os consumos naturalmente ressentem-se sempre que tiramos partido do T-Roc R, atingindo facilmente valores em redor dos 15 l/100 km. O que é menos normal, é a dificuldade em registar valores abaixo dos 12 l/100 km, mesmo com um andamento muito pacato e utilizando o modo Eco.

O preço base do VW T-Roc R em Portugal, anunciado no configurador da marca, é de 51 418 € com um nível de equipamento de série razoável. Para além da já referida navegação, destacamos a iluminação LED, a câmara traseira de estacionamento, o sistema de manutenção na faixa de rodagem, o cruise control adaptativo e os vidros traseiros escurecidos. Com mais alguns opcionais, a versão ensaiada atingia os 56 334 €. Talvez esse seja o seu principal óbice, dado que o seu preço de venda está alinhado pelo do Volkswagen Golf R, mas apresenta um interior mais pobre e que merecia melhores materiais. Contudo, com o pé direito em baixo rapidamente esquecemos todos esses… pormenores!

Conclusão

O Volkswagen T-Roc R é um SUV com capacidades dinâmicas e andamentos muito pouco comuns, apesar de pertencer ao recente e tão exclusivo grupo de "hot-SUV". Através dos vários modos de condução consegue se adaptar a cada situação de uma forma eficaz. Dinamicamente convence fruto de uma direção precisa, um motor potente com muita elasticidade, uma caixa de velocidades que sabe aproveitar toda a disponibilidade do bloco, e uma suspensão adaptável sem falhas. Pelo preço elevado, merecia uma melhor atenção no interior e os consumos são sempre elevados.

Ficha Técnica