Kia XCeed PHEV. Se já era bom, agora é AINDA MELHOR!

O Kia XCeed continua igual em muitos aspetos, mas agora tem a possibilidade de tirar partido de um motor a combustão e um motor elétrico, capaz de percorrer até 59 km em modo 100% elétrico (WLTP urbano).

Kia
SUV
Kia XCeed 1.6 GDI PHEV

Faz agora exatamente um ano que tive a oportunidade de testar o Kia Xceed 1.0 T-GDi, um SUV, desculpem… um CUV com uma identidade muito própria e que tinha como objetivo cativar um público mais jovem. Volvido um ano, e agora numa perspetiva mais ambiental, eis que me chega às mãos o mesmo modelo, mas agora na versão PHEV (híbrido plug-in). E se anteriormente me queixei dos seus elevados consumos como um dos seus defeitos, o mesmo não aconteceu com esta versão electrificada, o Kia XCeed PHEV.

Kia XCeed PHEV Hybrid 187

E se o novo ano começou ao volante de um outro veículo híbrido plug-in, e não estivesse o mercado dos PHEV em ascensão, eis que me calha novamente na “rifa” testar outro da longa lista de modelos eletrificados. Já é o presente e parece que assim irá ser por mais uns bons tempos… Desta vez um SUV que já me era familiar, e duas coisas posso dizer: Tudo mudou, e nada mudou!

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Por dentro e por fora, tudo igual

Não estivéssemos perante o mesmo carro, pouco ou nada parece ter mudado. Começando no exterior, uma das diferenças está na segunda porta (de carregamento) sobre a cava da roda dianteira. Depois também nas novas jantes de 16” de desenho aerodinâmico (e específicas deste modelo), que têm como principal objetivo favorecer a diminuição do arrasto – e por conseguinte, aumentar a autonomia. Mais pequenas e “calçando” pneus 205/60, ajudam não só nos consumos como também no conforto, onde os pneus de maior perfil acabam também eles por dar uma boa ajuda.

Igualmente o interior mantém o estilo, esquema de cores e materiais. Tanto em qualidade como no conforto, é difícil encontrar razões para não gostar da sobriedade deste SUV. Lá estou eu… CUV! Da mesma forma que me surpreendeu antes, o cockpit 100% digital de 12,3” continua bem à frente de muitos concorrentes, e possivelmente foi o que mudou mais face ao outro modelo a combustão. Não em aspeto, mas em funcionalidade.

No caso, o conta-rotações passa a dar lugar a um monitor de consumo. Além de monitorar o comportamento do pedal direito, mostra ainda se a regeneração se encontra em carga da bateria, aproveitando a desaceleração para recuperar alguma energia. E este até mudou onde eu mais gostaria, que é no registo do consumo médio. Mas lá chegaremos mais à frente. Ah, e o monitor de temperatura é agora o monitor de carga da bateria, passando o primeiro para um menu secundário.

Em conjunto com o painel tátil de 10,25” ao centro do tablier, é possível consultar os registos e estado atual da bateria, tal como o consumo e postos de carregamento mais próximos, que boa ajuda dão quando mais necessitamos deste motor para manter um registo de consumo baixo.

Mas há novidades

Já que se trata de uma versão híbrida plug-in, existem outros “extras” que noutras versões são inexistentes. Em primeiro lugar o botão de seleção do modo elétrico/híbrido (EV/HEV), próximo do seletor da caixa de velocidades. Este permite selecionar entre três modos de condução distintos:

  • EV: modo 100% elétrico que permite usar a carga atual da bateria para uma condução 100% elétrica.
  • HEV: modo híbrido, que tira partido de ambos os motores para aumentar a autonomia e manter um consumo médio baixo.
  • Automático: neste modo, o computador de bordo irá fazer uma gestão automática de ambos os motores, favorecendo a economia de modo a manter um consumo de combustível baixo.

Um botão abaixo deste encontramos outro que também não fazia parte do conjunto do Kia XCeed anterior. Ao clicar no botão “SPORT”, este faz “acordar” ambos os motores e põe a descoberto os 141 cv e 265 Nm de binário máximo, permitindo andamentos a ritmos mais acelerados, ao passo que por descuido nos faz esgotar a bateria sem darmos por isso.

E se nesta nova versão poderíamos esperar que os 200 kg extra do conjunto motor elétrico/bateria pudessem prejudicar o conforto e dinâmica do Kia XCeed, isso é algo que se torna impercetível, especialmente em estrada. O trabalho da suspensão é determinante, e a sua altura ao solo permite abafar até os pisos mais irregulares. 

No entanto, por culpa da bateria, acaba por perder alguma capacidade na bagageira, vendo-a descer de 426 litros para 291 litros de capacidade (menos 135 litros). O mesmo aconteceu com o pneu suplente, que agora é inexistente e deu lugar ao usual kit “anti-furo”.

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Prestações e consumos

Vamos ao que interessa. Se há um ano me queixava dos elevados consumos do Kia XCeed 1.0 T-GDi, será que a sua versão 1.6 eletrificada terá o mesmo apetite insaciável por gasolina? O resultado final depois de vários dias ao volante não poderia ser mais promissor.

A alimentar o Kia XCeed PHEV estão dois grupos propulsores distintos. A combustão é feita através do bloco 1.6 GDI de 105 cv e 147 Nm. Já o elétrico fica a cargo de um motor de 44,5 kW (61 cv) e 170 Nm. Combinados, permitem alcançar 141 cv e um binário de 265 Nm, valores mais que suficientes para lidar com as necessidades do dia-a-dia. Tudo combinado com uma “verdadeira” caixa de seis velocidades de dupla embraiagem, muito agradável de utilizar.

A ritmos calmos, tanto em cidade como fora dela, o novo Kia XCeed PHEV permite tirar partido de ambos os grupos propulsores e ser capaz de reduzir consumos a valores quase impensáveis, tendo em conta a nossa experiência anterior. 

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No resultado do nosso contacto prolongado, os valores alcançados são o espelho daquilo que é possível esperar num contexto real. O consumo médio final alcançado foi de 2,5 l/100 km, ao longo de vários dias e vários cenários, num uso mais próximo da realidade do comum utilizador. Ainda assim, constatamos uma necessidade do motor a combustão em circular com uma determinada temperatura, facto que o obriga a funcionar mesmo quando selecionamos o modo 100% elétrico, mantendo-se ao ralenti até atingir essa temperatura. Em modo totalmente elétrico é possível ainda percorrer os mesmos 59 km anunciados pela marca. Ou então, se forem como eu, conseguem até um pouco mais ao recuperar alguma energia em travagem e descidas. Só convém é manter sempre a carga na bateria, caso contrário os consumos poderão ir um pouco além dos 6,0 l/100 km. 

Para carregar a bateria de 8,9 kWh temos tempos de carga a rondar as 4h para um carregamento completo a 3.7 kW/h. Pouco mais usando uma tomada convencional doméstica a carregar a cerca de 2.3 kW/h.

É o Kia XCeed PHEV a aposta certa?

Do mesmo modo que no XCeed 1.0 T-GDi me pareciam haver fortes indícios que seria uma boa proposta, este não fica nada atrás. Já vos tinha dito que a Kia diz que é um CUV, certo? Dotado de um porte atlético e visual, o Kia XCeed PHEV mostra-se capaz de enfrentar a concorrência com bons argumentos.

Mas nem tudo é perfeito… como híbrido plug-in o Kia XCeed apresenta duas ou três lacunas face ao que a concorrência disponibiliza. Em primeiro lugar a ausência de um modo que permita “reservar” a carga da bateria para uma utilização posterior. De igual forma não existe também um modo que permita utilizar o motor a combustão para recarregar a bateria. Em segundo lugar, não existe forma de aumentar a regeneração efetuada, de forma a otimizar descidas e desacelerações para recarregar a bateria.

What you see… is what you get!

Por fim, para quem gosta de personalização ou de gamas mais desportivas, como é o caso da GT Line da Kia, esta também não é a versão mais adequada. O Kia XCeed PHEV é o típico “What you see is What you get!” O único opcional possível, para além da pintura metalizada, é o teto panorâmico. Nada mais é alterável, personalizável ou acrescentável! Não quero com isto dizer que o modelo esteja mal equipado, muito pelo contrário. A lista de equipamento de série é enorme e nos dias que passei ao volante deste Kia não senti falta de nenhum opcional.

Surpreendentemente, esta versão consegue prestações e consumos bem abaixo das versões exclusivamente a combustão, conseguindo uma maior poupança. Caso seja particular, o valor a ter em conta é de 42 990€ para esta unidade, contando com os sete anos de garantia (ou 150 000 km). Caso consiga ainda aproveitar a campanha a decorrer, pode ver este valor chegar a um patamar bastante mais acessível. Todavia, para cliente empresarial, a poupança pode ser ainda maior, aproveitando os benefícios fiscais.

Conclusão

Ainda que aparentemente igual, o Kia XCeed PHEV está completamente diferente daquele que testei anteriormente. Agora com recurso também à força elétrica, permite prestações e consumos que lhe faltavam para o tornarem ainda mais apetecível, num mercado que tem crescido (e vendido) a olhos vistos. Perde apenas parte da sua bagageira em favor da bateria, ao passo que o preço é ainda um peso que deixa muitos clientes longe da realidade híbrida plug-in. Aproveitando as campanhas a decorrer, ou até uma unidade "de serviço" como esta, poderá ser a proposta plug-in híbrida mais em conta do mercado.

Ficha Técnica

Cilindrada

1580 cm3

Cilindrada

265 Nm

Binário Máximo

141 cv

Potência

Cilindrada

11 s

0-100 KM/H

188 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada

1,4 l/100 km

Combinado

2,5 l/100 km

Registado

32 g/km

Emissões CO2

Cilindrada

42 990€

Base

42 990€

Ensaiado


Thumbs UpConsumos. Equipamento de série. Bons materiais e qualidade.

Thumbs DownImpossibilidade de equipar diferentes opcionais. Ausência de modos de gestão de bateria e regeneração.