Honda e. Tinha TUDO para ser um SUCESSO!

O Honda e é um modelo ao volante do qual nos sentimos verdadeiramente bem. Fomos com ele para a cidade ver o que lhe falta para ser perfeito.

Honda
Citadino
Honda e

Calma! Tinha, e tem! A proposta da Honda é muito eficiente, deveras apelativa, e tecnologicamente bem conseguida. Ainda assim ao início é impossível não sentir um “amargo de boca” com esta criação da Honda. Um modelo revivalista mas completamente fora da caixa. Em boa hora a marca decidiu não alterar aquilo que havia vindo a mostrar nos Salões automóveis ao longo dos últimos anos. Mas e na estrada, como é o dia-a-dia com o Honda e?

É o primeiro modelo 100% elétrico da Honda e para o efeito não podia de facto ter melhor identidade do que esta. O modelo recorda os saudosos Honda 600 e não deixa ninguém indiferente, facto que comprovámos durante os dias do nosso ensaio nos quais tivemos até várias abordagens a pedir informações. Apesar disso, tem exatamente a mesma distância entre eixos do Honda Jazz, e praticamente o mesmo comprimento. Tanto na frente como na traseira, o destaque vai para os faróis redondos, unidos por uma superfície preta, que naturalmente se destaca mais nas cores claras, que não era o caso na “nossa” unidade ensaiada.

O modelo é de cinco portas, mas na traseira estas estão bastante bem dissimuladas. Para além disso o puxador das portas dianteiras é retrátil, o que lhe confere um desenho “clean” que agrada. Nem mesmo os habituais retrovisores destoam já que contamos apenas com umas pequenas “barbatanas” onde se incluem as câmaras que fazem a função de retrovisor, e que são de série, ao contrário dos outros modelos onde as encontramos.

Interior acolhedor, confortável e… revolucionário!

Se o exterior é cativante, o que dizer do interior? Opiniões não se discutem, mas quanto a mim… apaixonante! Bons materiais, acolhedores e agradáveis, conforto e… muita tecnologia! São cinco ecrãs! Dois nas extremidades (6″) que transmitem a imagem das referidas câmaras que servem de retrovisores, e mais três ao centro. Um com as informações para o condutor (8,8″), e os outros dois (12,3″) vocacionados para o sistema de info-entretenimento, e que felizmente está bem acima do que a Honda disponibiliza nos restantes modelos. A informação pode ser comutada entre estes dois, de forma a aproximá-la do condutor, ou do passageiro. Outro ponto positivo são os comandos independentes para a climatização. Para além disso existem ainda alguns comandos de atalho no friso da consola, bem como o botão físico para controlo do volume. Em alguns detalhes não vale a pena inventar, e foi o que a Honda fez, felizmente!

Os retrovisores, ou melhor… as câmaras retrovisoras, revelam-se eficazes e apenas requerem algum hábito. Contudo, convém referir que em termos de perceção da distância não há nada melhor que o simples espelho!

Honda e 52

Ainda em relação ao sistema de info-entretenimento, este inclui um assistente pessoal para poder executar algumas operações por voz, e permite várias personalizações, até porque a base é nada mais nada menos que um sistema Android. A nota menos positiva vai apenas para um ligeiro atraso na resposta aos comandos. Ainda assim, todas as informações são de fácil leitura. Os cinco ecrãs e as câmaras retrovisoras são de série, bem como as ligações USB, HDMI e 220v. Desta forma é possível ligar um computador ou uma consola ao sistema de info-entretenimento do Honda e.

Pequeno, mas com muito espaço

O espaço é adequado, com especial destaque para os lugares traseiros que oferecem bons níveis de espaço para as pernas, apesar dos cerca de 3,9m de comprimento do Honda e. Aqui, apenas a inclinação das costas, demasiado vertical, pode comprometer o conforto. Contudo, convém referir que este não é um modelo familiar, mas sim um citadino, facto que justifica os limitados 171 l de capacidade da bagageira, e que se devem também à posição do motor bem como ao tipo de suspensão aplicada.

Mas então, se é um elétrico para a cidade… nada melhor que nos fazermos às ruas mais apertadas da cidade de Lisboa. Aquelas onde normalmente só circulam os… elétricos(!) claro está! Parámos o trânsito, parámos o próprio elétrico e deixamos os transeuntes pendurados com o telemóvel a fotografar o pequeno Honda. Lá fotogénico é ele!

Sem dúvida alguma que o Honda e se desloca na cidade “como peixe na água”. Com o excelente raio de viragem e as suas dimensões contidas, agilidade não lhe falta, mesmo nas ruas mais apertadas.

Com uma boa distribuição do peso, e um centro de gravidade muito baixo, o comportamento do Honda e é, acima de tudo, muito previsível e seguro. Não existem pretensões desportivas nem é esse o propósito deste citadino, apesar de termos disponível um modo Sport que disponibiliza mais binário e uma resposta mais célere ao acelerador. Ao invés disso o Honda e brinda-nos com bons níveis de conforto e segurança. A justificá-lo estão as suspensões independentes McPherson tanto à frente como atrás. A direção é precisa e o volante multifunções de dois raios tem muito boa pega. Depois, com a montagem do motor no eixo traseiro, conduzi-lo na cidade é brincadeira de crianças, com um raio de viragem de referência.

Os níveis de regeneração podem ser controlados através das patilhas do volante, ou do sistema “Single Pedal” que aumenta significativamente a regeneração para possibilitar a condução com apenas um pedal.

Pouca bateria, mas muita eficiência!

Com um motor de 136 cv nesta versão, os 100 km/h são cumpridos em 9 segundos e a autonomia anunciada (WLTP) é de 222 km com uma bateria de 35,5 kWh. Contudo, nisto dos carros elétricos a eficiência é que dita os números reais, e ao contrário de algumas outras propostas, o Honda e é daqueles em que efetivamente conseguimos fazer mais quilómetros numa utilização citadina. Com uma média de 14 kWh/100 km, conseguimos percorrer mais de 250 km, anunciando a marca que é possível alcançar os 300 km. Talvez…

Sabendo que fizemos um percurso de cerca de 250 km com uma média de 12,7 kWh, e acreditando que ainda é possível reduzir um pouco, os cerca de 313 km em cidade anunciados pela marca estão bem longe de ser uma utopia.

Já um ponto menos positivo é o facto de apesar do Honda e permitir um carregamento DC até 100 kW, na prática e na maior parte do tempo, vai carregar a uma velocidade consideravelmente inferior para efeitos de “proteção da bateria”. Ainda assim, é possível carregar 80% da bateria em cerca de 30 minutos. Em corrente AC, e com um carregador como aquele que nós utilizamos para os nossos ensaios, uma solução da ADN Energy, é possível carregar até uma velocidade de 6,6 kW, valor consideravelmente abaixo dos mais habituais 11 kW. Ainda assim destacamos a boa posição da tomada de carregamento, ao centro do capot, bem como o facto de ser corretamente iluminada.

Por fim, é impossível afirmar que o preço pedido pela marca para a versão base do Honda e, é acessível. São cerca de 38 mil euros para um citadino que, na nossa opinião, merecia uma maior autonomia, ainda que seja de referir a boa adoção de equipamento. Ainda assim, com uma maior bagageira e uma maior autonomia, o Honda e continua a ter tudo para ser perfeito! O preço? Faz parte, afinal a perfeição tem sempre um valor a pagar! Até porque esta inclui 7 anos de garantia sem limite de quilómetros e 8 anos ou 160 000 km de garantia da bateria.

Conclusão

Apesar da pequena bateria, o Honda e surpreende com uma excelente eficiência. Os consumos reduzidos levam-no a conseguir na prática uma autonomia bem superior à anunciada. Para além disso, o pequeno modelo é bem equipado, bem construído, espaçoso para as suas dimensões, e muito ágil. Tem muito equipamento, um nível de tecnologia bem interessante, e uma imagem arrebatadora. É, no entanto, limitado na bagageira.

Ficha Técnica

Cilindrada

315 Nm

Binário Máximo

136 cv

Potência

Cilindrada

9 s

0-100 KM/H

145 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada
Cilindrada

36 360€

Base

37 010€

Ensaiado


Thumbs UpCondução. Tecnologia. Imagem. Conforto. Equipamento. Eficiência.

Thumbs DownAutonomia. Espaço bagageira.