Ford Mustang Mach-E. O verdadeiro elétrico anti-Tesla! ⚡

A Ford arriscou tudo. O Mustang Mach-E é um SUV 100% elétrico, mas estará ao nível de tamanha responsabilidade ao ostentar o cavalo selvagem?

Ford
SUV
Ford Mustang Mach-E AWD

A Ford até podia ter tudo para fazer um bom carro 100% elétrico, mas a opção por lhe atribuir a imagem de um ícone da indústria automóvel foi, sem qualquer dúvida, arriscada. Criticada por alguns por associar o símbolo do cavalo selvagem com quase 60 anos, a um modelo que não só é 100% elétrico, como também se assume como um SUV, a marca veio provar que afinal o novo Ford Mustang Mach-E até tem muito pedigree de cavalo selvagem e é digno do nome e emblema que ostenta.

Em primeiro lugar, e como se costuma dizer, a Ford apostou as fichas todas neste Mustang Mach-E. Associou-lhe um nome forte, converteu-o para um dos segmentos mais populares, os SUV, eletrificou-o a 100%, e ainda lhe atribuiu um pacote tecnológico de encher o olho. Neste último item, talvez só a Tesla esteja um passo à frente… ou atrás(!) conforme o ponto de vista.

Curiosamente existem muitas parecenças entre os dois modelos, este Mustang Mach-E e o mais recente modelo da norte-americana, o Model Y. Se gostos não se discutem, depois deste teste ao Mustang, eu já tinha a minha escolha feita se tivesse que o fazer.

Imagem inconfundível

Apesar da Ford lhe ter conferido um aspeto SUV ou, se preferirem, crossover, não deixou de fora vários detalhes que não suscitam qualquer dúvida. É um Mustang! E não falo apenas do cavalo selvagem na dianteira e na traseira. Os grupos óticos também não geram qualquer dúvida, principalmente os posteriores com a imagem que acompanha o modelo americano desde a sua origem, em 1964. Na frente o destaque vai para a ausência de uma grelha com o tal equídeo bem ao centro.

Na lateral, destaca-se a ausência de puxadores tradicionais, ao invés disso a Ford optou por colocar um pequeno “apêndice” para puxar a porta já que o destrancamento é feito de forma elétrica após pressionar um botão. No pilar B existe ainda um teclado digital que também permite abrir a porta em causo de ausência da chave e/ou do smartphone. Para além disso, as vias alargadas tanto na frente como na traseira ajudam a conferir-lhe o aspeto mais desportivo que se exige de um modelo que ousa ostentar um dos mais emblemáticos logotipos da indústria automóvel.

Tecnologicamente avançado

No interior as boas notícias mantêm-se. Há muito pouca coisa a criticar. Aliás, começando por aí, a única coisa que de todo não combina com a imagem e aptidões do Ford Mustang Mach-E são os bancos, muito pouco envolventes e que oferecem pouco apoio.

Havia outro detalhe que verificámos durante o nosso ensaio e que era também deveras criticável. Não existia qualquer opção para limitar a carga da bateria a uma determinada percentagem. Não havia, de facto, mas já há! A última atualização OTA veio adicionar essa opção, entre algumas outras melhorias. Passou inclusivamente a permitir diferentes percentagens de acordo com a localização. Vantagens dos carros modernos!

Esquecendo este “detalhe”, tudo nos agrada no interior. Não se trata de um interior premium, mas a escolha e qualidade dos materiais agrada muito e, acima de tudo, revela bom gosto.

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O meu é maior que o teu!

Depois, há o grande ecrã de 15,5″ ao centro em posição vertical. Este permite ter todas as informações espaçadas o suficiente de forma a que seja fácil “acertar-lhes” com o dedo, mesmo em andamento. Outro detalhe, na minha opinião inteligente, foi o botão rotativo na zona inferior do ecrã. Há certas coisas que não funcionam bem com a digitalização, e normalmente o botão do volume do som é uma delas. Dispomos de Apple Car Play e Android Auto sem fios e muitas opções de parametrização do enorme ecrã onde tudo pode ser controlado. Na zona inferior deste, situam-se os comandos da climatização que, apesar de não serem fixos, estão sempre presentes e funcionar de forma simples e intuitiva. É também aqui que estão os comandos para os bancos e volante aquecidos.

Ao contrário do seu maior concorrente, felizmente a Ford também manteve um pequeno ecrã em frente ao condutor com todas as informações importantes referentes à condução.

A posição de condução é, naturalmente, mais alta, mas não exagerada. Na minha opinião o melhor compromisso, pelo menos para quem não gosta de conduzir demasiado alto, como eu. Como referido, para ser perfeita só faltavam mesmo uns bancos mais envolventes.

Vamos ao que interessa?

Já vos tinha dito que cada vez mais gosto de elétricos, certo? Pois bem, o Ford Mustang Mach-E é mais um desses. Aliás, é talvez para mim “O” elétrico. Gostei particularmente do Kia EV6, mas este Mustang parece ser ainda mais interativo, e a tração AWD confere-lhe um comportamento bem mais interessante e claro, seguro.

A combinação dos dois motores, um em cada eixo, da-lhe uma potência de 351 cv o que, juntamente com um binário de 580 Nm, atribui-lhe prestações bem respeitosas. Para além disso, também o travão oferece um bom feedback, sendo fácil dosear a travagem.

Suave quando se quer, sempre divertido de conduzir, e suficientemente desportivo quando nos empenhamos. Para criar um melhor ambiente, é até possível colocar som para o motor. Contudo, quando o entusiasmo aumenta é necessário ter em conta os 4,7 m de comprimento e as mais de duas toneladas de peso. Mesmo assim, a resposta é imediata dado o excelente binário.

O mais divertido!

No interior da curva o eixo traseiro faz as delícias para ter que se dar um pouco de volante mas depois, na saída, é o eixo da frente que comanda. Ou seja, conseguimos provocar o chassis, usufruir da tração no eixo traseiro, mas manter a segurança atribuída pelo sistema AWD. Aliás, ao esmagar o acelerador, normalmente até é possível constatar uma deliciosa deriva às quatro rodas, mas atenção (!), precisamos de algum espaço! Afinal são quase cinco metros de comprimento e mais de duas toneladas de peso. Para além disso, os pneus escolhidos também não ajudam para este efeito, um pneu mais desportivo seria de todo mais interessante. Mesmo assim, não hesito em dizer que o Mustang Mach-E é o 100% elétrico mais divertido que conduzi até hoje.

Depois, para além disso, o Mustang elétrico consegue uma boa estabilidade, e bons níveis de conforto, ainda que nos lugares traseiros se viaje com as pernas ligeiramente mais levantadas do que seria ideal. Consequências inevitáveis da colocação das baterias por baixo do piso. Mais relevante é uma construção sólida sem lugar a ruídos indesejados. O espaço é correto, não existe túnel central, e contamos com tomadas USB e USB-C e ainda saídas de climatização. Lá atrás, temos cerca de 400 l de capacidade na bagageira, mas não é tudo… Na frente ainda existem 100 litros devidamente isolados e com iluminação para guardar os cabos de carregamento e algo mais. Ou seja, este é também, sem dúvida alguma, o primeiro Ford Mustang capaz de fazer as vezes de um automóvel familiar.

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Bateria & Carregamentos

A bateria de 88 kWh de capacidade útil carrega em cerca de oito horas em corrente AC à velocidade máxima de 11 kW. Já em corrente contínua (DC), à velocidade máxima de 150 kW, 80% da bateria podem ser recuperados em apenas 45 minutos. A uma velocidade mais comum (50 kW), os 80% são atingidos em cerca de uma hora e meia. No nosso caso, com o carregador da ADN Energy, conseguimos fazer o carregamento a 7,4 kWh e carregar a bateria do Mustang em cerca de 13 horas. Já numa tomada doméstica (2,3 kW) serão necessárias mais de 40 horas, o que se torna, naturalmente, insuportável.

E a autonomia?

A Ford é muito honesta nos consumos que revela para o Ford Mustang Mach-E. Isto porque é até possível verificar consumos inferiores aos anunciados, como é o caso em cidade. Aqui, consumos entre os 14/15 kWh são possíveis, o que dá uma autonomia perto dos 600 km.

Já em estrada, e mesmo registando valores ligeiramente acima dos anunciados como aqueles com que terminamos o nosso teste (19 kWh/100 km), 460 km de autonomia são sempre possíveis, o que me parece bastante bom.

Depois, o nível de equipamento é bastante completo, no qual se inclui Faróis LED Adaptativos, Jantes de liga leve de 19”, Telefone como chave, carregador para smartphones sem fios, tejadilho integral panorâmico, Vidros escurecidos, e vários sistemas de ajuda à condução. Adicionalmente o Pack Tech + tem um custo de cerca de 3000€ mas é imprescindível já que inclui sistema de som B&O Play, abertura e fecho da bagageira mãos livres, Co-Pilot 360º, sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, câmara 360º, sistema automático de estacionamento, ajuste eléctrico dos bancos do condutor em 8 posições com memória e estofos estilo couro Black com pespontos Carbonized Gray.

Por fim, e apenas para exemplificar, falta dizer que o Ford Mustang Mach-E é disponibilizado em duas versões de bateria (75,7 e 98,8 kWh, respetivamente 68 e 88 kWh de capacidade útil) e duas versões de tração (traseira e integral). As duas versões com a bateria mais pequena têm 269 cv de potência, ao passo que as com maior bateria têm 285 e 351 cv, com tração traseira e integral respetivamente.

Conclusão

Com muito equipamento, uma boa imagem, consumos comedidos e um comportamento muito divertido, o Ford Mustang Mach-E parece ter tudo para inundar as estradas em muito pouco tempo. É dos elétricos mais divertidos de conduzir e, por isso, digno de ostentar o cavalo selvagem. Uma boa cartada da Ford!

Ficha Técnica

Cilindrada

580 Nm

Binário Máximo

351 cv

Potência

Cilindrada

5,1 s

0-100 KM/H

180 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada
Cilindrada

75 568€

Base

78 719€

Ensaiado


Thumbs UpCondução. Comportamento. Tecnologia. Autonomia.

Thumbs DownBancos pouco envolventes e sem apoio.