Afinal, quem inventou o ESP?

Quem inventou o ESP? Foi um acidente na Suécia que levou Frank-Werner Mohn, engenheiro, a inventar um engenho que evitasse saídas de estrada.

Foi uma invenção que mudou o mundo e tornou as estradas mais seguras, tendo sido salvas milhares de vidas. A história diz que foi Anton van Zanten, um neerlandês, quem inventou o Electronic Stability Program (ESP) liderando uma equipa de 30 pessoas dentro da Bosch. Porém, a história não foi bem assim e o nascimento do ESP dá-se, verdadeiramente, por acidente. Frank-Werner Mohn, engenheiro da Mercedes-Benz, despistou-se numa estrada gelada na Suécia e lembrou-se de criar um engenho que evitasse o acidente. Afinal, quem inventou o ESP?

Com toda a certeza, esta é uma das invenções mais importantes do universo automóvel. Responsável pela poupança de milhares de vidas, este anjo da guarda silencioso e desconhecido, nasceu como muitas outras invenções… por acidente. Literalmente!

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 3

Acidente na Suécia abre portas ao ESP

De acordo com a história, tudo começou em 1989 quando um jovem engenheiro da Mercedes-Benz foi destacado para a Suécia. Mais precisamente para a zona do Círculo Polar Ártico. Local onde a esmagadora maioria das marcas automóveis possuem pistas e bases de ensaios.

Billboard Escape Livre GIF

Frank-Werner Mohn estava a participar nos testes de inverno da Mercedes-Benz graças às suas aptidões como engenheiro e como piloto. Um dia a física decidiu não ajudar o jovem engenheiro e numa estrada gelada perdeu o controlo do carro, derrapou e acabou numa valeta.

Para adicionar insulto à desgraça, estava sozinho e longe de qualquer zona habitada. Os quilómetros que teve de fazer a pé, enregelado, ficou entregue aos seus pensamentos. Foi nessa altura que pensou numa forma de evitar que outros passassem pelo mesmo.

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 6

ESP ajudado pelo ABS

Ultrapassado o incidente, Mohn não deixou de pensar no assunto e no regresso a casa pensou no ABS. O sistema eletrónico de anti blocagem dos travões era a grande novidade da época. O raciocínio era lógico: se os sensores do ABS analisam tanta coisa, não poderiam analisar o ângulo do volante e a trajetória ideal do veículo, corrigindo quando o carro saia dos limites?

De facto, havia essa possibilidade e Mohn apresentou o projeto em Estugarda. O entusiasmo foi pequeno, mas foi-lhe dado espaço, uma pequena equipa e um orçamento minúsculo. Mohn e os seus colegas não baixaram os braços e começaram a… inventar!

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 11

A necessidade aguça o engenho

Com efeito, o caderno de encargos e os meios não eram, propriamente, faustosos. E, quase de imediato surgiu uma dificuldade: para medir com relativa precisão os movimentos do veículo era necessário ter um giroscópio.

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 14

Assim sendo e sem possibilidade de requisitar um destes sensores, a pequena equipa teve uma ideia de génio. Foram a uma loja de brinquedos e compraram um… helicóptero telecomandado. Depois, foi só desmontar tudo e tirar o precioso giroscópio. Instalado no veículo de testes, funcionou, mas era lento e muito impreciso.

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 15

Perante este revés, a equipa de Mohn insistiu e conseguiu arranjar um giroscópio igual ao utilizado nos mísseis balísticos soviéticos. Apesar de antigos tinham uma excelente tecnologia. E foi assim que Frank-Werner Mohn conseguiu chegar, dois anos depois, a um protótipo funcional que foi usado para testar o ESP.

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 7

Um chefe lento prova a teoria

Se o acidente de Mohn foi o gatilho para criar o ESP, outro sortilégio deu o empurrão final. A Mercedes-Benz enviou à Suécia um dos seus responsáveis para testar os desenvolvimentos. Conhecido por ter, digamos, um pé muito ligeiro no acelerador foi para a pista de gelo muito escorregadia. E, pasme-se, no final fez jogo igual com os pilotos de teste no que tocou à rapidez. Se provas fossem necessárias, sempre que se desligava o ESP, o referido diretor não chegava à primeira curva. Ligado o engenho, andava como um campeão! Estava provada eficiência do ESP.

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 10

Bosch assume o comando do desenvolvimento do ESP

De acordo com os registos, foi aqui que aconteceu a Frank-Werner Mohn o mesmo que sucede à carno do talho… o nome desapareceu. Ficou a equipa com mais de 30 engenheiros liderados por Anton van Zanten a desenvolver a ideia de Mohn. Com o auxílio dos engenheiros da Mercedes-Benz.

EPO16 Van Zanten

ESP apresentado em 1995

No momento em que o ESP se tornou fiável, a Mercedes-Benz revelou em 1995 um Classe S Coupé nas pistas geladas do Norte da Europa. O sistema, caro na época, acabou instalado nos modelos com motor V12 e como opcional no Classe S V8. O Classe S recebeu o sistema  e o SL também.

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 13

Sendo caro e complexo, o ESP estava reservado aos topos de gama. A extensão do sistema às gamas inferiores, foi, naturalmente, feito ao longo dos anos. Porém… o Mercedes-Benz Classe A não se deu bem com os Alces e a revista sueca Teknikens Värld, decidiu colocar à prova os rumores.

O resultado todos conhecemos – capotanço replicado por vários órgãos de comunicação até em Portugal – e isso forçou a Mercedes-Benz a tomar medidas. Mudou as afinações do chassis, aplicou o ESP e realizou a mais espantosa e bem sucedida campanha de marketing. O problema ficou resolvido! Foi assim que o ESP começou a ser de série em todas as gamas.

ESP FRANK WERNER MOHN MERCEDES BENZ INVENTOR ESP 1

Afinal, quem inventou o ESP?

Claramente foi Frank-Werner Mohn, que depois de um acidente onde a física o traiu, foi em busca de uma solução que incluiu o ABS, um brinquedo e mísseis balísticos. Acabou por ser a Bosch a desenvolver o sistema e a ficar com os louros.

Hoje o ESP é usado em todos os carros e já salvou milhares de vidas, sendo obrigatório desde 2014. Quem inventou o ESP? Frank-Werner Mohn! Quem o desenvolveu? Uma equipa da Bosch liderada por Anton van Zanten.