Nissan em crise profunda fecha fábricas e corta empregos

Uma Nissan em crise profunda fecha fábricas e corta empregos face a um prejuízo líquido de 4,5 mil milhões de dólares.

O mais novo CEO da Nissan recebeu uma herança pesada e… espinhosa! Ivan Espinosa assumiu o cargo de Makoto Uchida depois deste ter falhado a fusão com a Honda e ter deixado um rasto de problemas. Dessa maneira, uma Nissan em crise profunda fecha fábricas e corta empregos face a um prejuízo líquido de 4,5 mil milhões de dólares. Todas estas medidas duras servem para recolocar a Nissan no caminho certo.

Sabia-se que o buraco negro nas contas da Nissan poderia ser histórico. De acordo com os dados da marca apresentados por Ivan Espinosa, a Nissan perdeu 4,5 mil milhões de dólares, o maior prejuízo em 25 anos! Pior só em 2000 quando a Nissan esteve perto de fechar portas, sendo salva pela Renault.

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Fechar fábricas, deslocalizar produção

Com ar grave, Ivan Espinosa – habitualmente sempre sorridente – apresentou os resultados negros da Nissan e o novo plano de revitalização denominado Re:Nissan. É o primeiro plano do mexicano desde que tomou o lugar de Makoto Uchida.

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“É uma decisão muito, muito dolorosa e triste que tenho de tomar” disse Espinosa ao anunciar que vai fechar 7 fábricas e despedir quase 20 mil colaboradores. Dessa maneira, a Nissan vai perder muita da capacidade produtiva que dispõe. Mas que, neste momento, está em sub-rendimento, nomeadamente nos EUA onde apenas 57% dessa capacidade é aproveitada. “Não estaria a fazer isto se não fosse necessário para a sobrevivência da Nissan!”

Por outro lado, Espinosa quer ajustar a produção para um valor entre 2.5 e 3 milhões de veículos atá ao final do ano fiscal de 2027 (que termina em março de 2028).

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Nissan em crise profunda com magro lucro operacional

Só para exemplificar a agonia da Nissan, o lucro operacional caiu 88% para 466 milhões de dólares. As vendas recuaram 2,9% para 3,35 milhões de unidades. No meio de um oceano de problemas, uma boa notícia: as vendas nos EUA subiram 2,9% para 1,3 milhões de unidades. Mas as taxas de Donald Trump podem acabar com esse sucesso. E a previsão para o ano fiscal de 2025 diz que as vendas vão voltar a contrair para 3.25 milhões de unidades.

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O que se segue?

A tarefa de Espinosa, o antigo responsável pelo planeamento da Nissan, é dantesca! Em primeiro lugar terá de reajustar a produção para uma escala mais compatível com as vendas. Nessa medida, abaixo das 3 milhões de unidades. Em segundo lugar tem de recuperar uma gama que está envelhecida. Finalmente, terá de encontrar forma de cortar, muito, os custos fixos e variáveis.

Por outro lado, terá de fazer face a dívidas montanhosas e com serviço demasiado caro. E nesse sentido, trazer de restaurar a nota de crédito da Nissan (atualmente de lixo) e tirar a casa japonesa de um mar de calamidade. Demasiadas coisas para o mexicano conseguir fazer?

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Recuperar a ligação à Honda

Desde que foi tentada a fusão com a Honda que ficou a ideia de que a Nissan ficou no meio da ponte. De um lado a Renault, do outro a Nissan. Não esboroando a aliança com a casa francesa, até porque as sinergias serão importantes para a recuperação, Ivan Espinosa terá de recuperar a cooperação tecnológica com a Honda.

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Aumentar a produção nos EUA

O Nissan Rogue é um dos modelos mais vendidos nos EUA, mercado importantíssimo para a casa japonesa. Dessa maneira, as fábricas norte americanas vão ser muito importantes. Isto porque a Nissan importa quase 100 mil unidades do Rogue do Japão para os EUA. E só fez 143.802 unidades do Rogue nas fábricas de Smyrna no Tennesse, tendo outra unidade no Mississippi em Canton.

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Onde está o problema? É que tirar produção do Japão é assunto sensível em termos sociais e políticos. E nestas coisas há sempre promessas que se viram contra nós: durante muito tempo a promessa era manter cerca de 1 milhão de veículos produzidos no Japão. Em 2024 foram apenas 656.990 e com esta necessidade de fazer o Rogue nos EUA, poderá cair para menos de meio milhão de unidades.

Paralelamente a tudo isto, Ivan Espinosa terá de tentar aumentar as sinergias com a Renault. Porque as que existem atualmente não chegam para mitigar as perdas. É que a liquidez da Nissan (dinheiro no banco) não aguenta perdas desta grandeza durante muito mais tempo.

Fica, para já, a nova estratégia: lançar 10 novos modelos nos próximos dois anos com foco na China e na Europa. Regressa o Micra com base no Renault 5 e um estilo que… veremos!