O meme foi fácil: todos os pilotos devem retirar o apêndice para ganhar um Grande Prémio. Na F1 2024, à terceira corrida Verstappen não venceu e Carlos Sainz acabou no topo do pódio lado a lado com Charles Leclerc numa saborosa dobradinha para a Ferrari. Verstappen não venceu e mais preocupante para a Red Bull que o abandono do neerlandês é a competitividade da Ferrari.
Em 2023 foi a Ferrari e Carlos Sainz quem conseguiu derrotar a Red Bull. Foi episódico e numa prova específica (Singapura), a 15ª do campeonato. Desta feita, tudo aconteceu à terceira prova com a Red Bull a cair com estrondo: Max Verstappen abandonou e Sergio Perez esteve longe de ser protagonista fechando o Grande Prémio da Austrália no quinto lugar. Ganhou Carlos Sainz que, juntamente com Charles Leclerc, rubricaram a 86ª dobradinha da Ferrari. Curiosidade: a última tinha sido em 2022, no Bahrain, mas dessa vez com Leclerc à frente de Sainz. Por outro lado, Lando Norris ultrapassou Nick Heidfeld como o piloto com mais pódios (14) sem vitórias.
Sainz ganha e Verstappen mostra face irritada
Diz-se que o verdadeiro carácter vem ao de cima quando somos provados ou colocados sob pressão. Max Verstappen não foi feliz na Austrália. Por várias razões. Em primeiro lugar pela pressão da imprensa sobre o que se passa internamente na Red Bull e a passagem, ou não, para a Mercedes. Em segundo lugar soou as estopinhas para rubricar a 35ª pole position da carreira (terceira de 2024) vendo a Ferrari pressionar forte. Finalmente, foi ultrapassado em corrida com o recurso por parte de Carlos Sainz ao DRS.
A cereja no topo do bolo foi o abandono do neerlandês devido a problemas com os travões do seu carro. O que fez espoletar toda a justificada frustração do campeão do mundo. Porque foi batido, porque sentiu que a Ferrari poderia ganhar mesmo com ele em pista e porque registou o primeiro abandono em dois anos. Sim, a última vez que Verstappen abandonou uma corrida foi no GP da Austrália de 2022 com uma fuga de combustível. Não espanta, por isso, a sua fúria ao sair do carro.
Derrota episódica ou Red Bull com dificuldades?
Esta será, com toda a certeza, a pergunta do milhão de dólares! Olhemos a questão por diversos prismas. Em primeiro lugar, a Ferrari está muito melhor a controlar a degradação dos pneus ao colocá-los mais depressa na janela de funcionamento. Em segundo lugar, a Red Bull acertou à primeira, como sempre, no carro, mas a concorrência fez um excelente trabalho e após a primeira semana de paragem depois de duas provas consecutivas, mostraram trabalho. Finalmente, o DRS agora pode ser usado no final da primeira volta. E aqui está uma explicação para o facto de pensar que Sainz poderia ter ganho a Verstappen mesmo com este em pista.
Qual é a melhor forma de poupar pneus e não os fazer granular? Evitando deixar o carro escorregar lateralmente. Entendemos granulação a borracha que se acumula devido à temperatura e atrito. Ora, o que fez Verstappen na primeira volta? Aquilo que até agora não tem feito… andar muito depressa. Porque nas provas anteriores disparou na frente e no final da primeira volta já estava fora do DRS.
Parece ser conjuntural e não estrutural
Ora, desta feita tudo foi diferente e apesar de um erro de Carlos Sainz, o espanhol ficou com oportunidade de usar o DRS e passar Verstappen. E assim fez o espanhol. Porém, percebeu-se que a esmola era muita… o Red Bull tinha um problema nos travões e isso retirou velocidade ao Red Bull. O fumo saído da roda dizia, quase, tudo e quando foi ultrapassado, perdia velocidade de ponta face ao que tinha sido normal.
Ainda assim, Verstappen tentou recuperar a posição e parecia que tudo estava resolvido no RB20. Não estava e com pedaços de carbono do cubo da roda traseira a desfazerem-se o campeão do mundo encaminhou-se para as boxes, abandonando a corrida.
Tudo parece um episódio isolado de falta de fiabilidade do RB20, mas fica a noção que a Ferrai melhorou muito e que em corrida estariam em condições de bater Verstappen. Provar isso? Impossível!
Ferrari faz dobradinha e McLaren no pódio
Indiferente a tudo isso, Carlos Sainz fez a sua corrida com os altos e baixos provocados pelos incidentes durante a prova. E conquistou a sua terceira vitória que o levou até ao 4º lugar do campeonato de pilotos e a Ferrari a encostar-se à Red Bull no campeonato de construtores.
Por outro lado, Lando Norris deu muito que fazer a Charles Leclerc até que teve de ser ajudado pela equipa a chegar ao pódio, às custas de Oscar Piastri. Pensava a equipa de Zak Brown que apesar do erro nas boxes conseguiria o britânico chegar ao segundo lugar. Não conseguiu e registou o 14º pódio da carreira na frente do seu colega de equipa, australiano, que poderia ter chegado ao final no pódio.
Mercedes com muitos problemas
A temporada da Mercedes vai de mal a pior. Já está muito longe da Red Bull entre os construtores e os seus pilotos estão a quilómetros de Verstappen. Na Austrália voltaram a não ser competitivos e, pior, Toto Wolff viu Lewis Hamilton abandonar com problemas de motor e George Russell a ter um acidente. Ou seja, ambos ficaram de fora sem pontos. Vida difícil para a Mercedes que parece não atinar com o caminho para a vitória.
Aston Martin continua longe dos primeiros
Fernando Alonso continua a ser um dos melhores pilotos do mundo, mas pareeque atrai problemas. Desta feita, ao que parece, cometeu um ato de condução perigosa que provocou o despiste de George Russell. Dizem que foi um “brake test”. Não pareceu nada e foi mesmo o piloto da Mercedes que se despistou perante aquilo que o espanhol disse ser algo normal para quem problemas de acelerador no seu carro.
Ou seja, sacrificar a velocidade de entrada para ter potência à saída. Acabou penalizado e caiu para oitavo, promovendo Lance Stroll a sexta atrás de Sergio Perez – que se viu e desejou-se para afastar Alonso dos escapes do Red Bull – e à frente de Yuki Tsunoda, a dar pontos a VCARB, algo que Daniel Ricciardo continua a não conseguir fazer tornando o seu futuro na F1 cada vez mais sombrio. Os dois Haas fecharam o Top 10 com Nico Hulkenberg à frente de Kevin Magnussen.