Chama-se “realinhamento estratégico” e vai custar quase 2 mil milhões de euros. Assim sendo, a Porsche inverte estratégia e regressa para os braços dos motores de combustão. A revisão, em baixa, dos lucros para 2025, a perspetiva pouco animadora de crescimento do mercado elétrico e a possibilidade de mudança do entendimento político sobre o fim dos motores de combustão, ajudaram nesta decisão.

Por vezes tomamos decisões precipitadas pelos amanhãs que cantam e pelas promessas ocas de sucesso. A mobilidade elétrica prometia um sucesso maravilhoso e a maioria dos construtores “comprou” a ideia. O que levou a investimentos massivos que, sabemos agora, dificilmente serão recuperados. Perante este cenário, Oliver Blume, CEO da Porsche (e do grupo VW) decidiu um novo “realinhamento estratégico”.

Porsche inverte estratégia e encaixa perdas significativas
Com o fim de explicar a sua decisão, Oliver Blume reuniu com os acionistas da Porsche e lançou a “bomba”. A casa de Weissach vai prescindir da sua estratégia elétrica e todos os modelos novos vão ter opção de motor de combustão interna!

Em primeiro lugar, os novos 718 Cayman e Boxster não serão, exclusivamente, elétricos. Versões topo de gama utilizarão motores a gasolina. Em segundo lugar, o Cayenne e o Panamera vão conhecer maiores alterações com a permanência dos motores de combustão e sistemas híbridos Plug In. E, segundo Oliver Blume, são modelos que vão continuar bem depois de 2030.

Finalmente, foi tomada a decisão de parar o desenvolvimento da versão Sport da plataforma SSP do grupo Volkswagen. Plataforma que seria a base para um SUV maior que o Cayenne e que, claro, seria 100% elétrico. Esta plataforma foi adiada para lá de 2030 e esta decisão terá um impacto negativo de 1.8 mil milhões de euros.
Recordamos que a plataforma SSP Sport deriva da base utilizada em modelos como o VW Golf ou o Skoda Octavia. O seu desenvolvimento fica, assim, adiado para lá de 2030.

Novos modelos multienergias
De acordo com os planos da Porsche, o D-SUV (o SUV K1) continua em marcha, mas agora com motores a gasolina e versões híbridas Plug. Apesar disso, a Porsche não anunciou datas de lançamento. Recordamos que foi anunciado em 2022 lado a lado com os planos para a terceira geração do Panamera e a segunda geração do Taycan.

Desde que anunciou esses planos, Oliver Blume reconheceu algo importante. É que, ao contrário do que se acreditava, “há uma clara quebra na procura de carros de topo 100% elétricos. E estamos a levar isso em conta.”

Margem de lucro encurtada
Dessa forma, a Porsche teve de lançar uma revisão, em baixa, dos lucros operacionais de 2025. O valor final não deverá ficar acima dos 2%, um valor muito abaixo daquilo que é hábito na casa alemã. Porém, Oliver Blume antevê que a médio prazo as margens de lucro acima dos 10% estejam de regresso à boleia dos novos modelos.

Porém, apesar de todas estas vicissitudes, Oliver Blume deixa claro que a Porsche continua a pensar na mobilidade 100% elétrica. E, exemplo disso, é o novo Cayenne Electric, baseado na plataforma PPE do grupo VW com tecnologia de 800V. E o Macan Electric continua à venda.






