Com toda a certeza que muitos vão ficar de sobrolho levantado, exatamente da mesma maneira que ficaram quando foi lançado o Purosangue. O primeiro SUV da casa de Maranello é um sucesso e o Elettrica, o primeiro Ferrari 100% elétrico, também o será. Até porque tudo é feito à maneira da marca fundada por Enzo Ferrari. O Ferrari Elettrica terá 1000 cv, 530 km de autonomia e um comportamento… à Ferrari!
Antes de mais nada, o que é que, realmente, sabemos do novo Elettrica? Que está em adiantado estado de desenvolvimento. Que será revelado em 2026 tendo quatro motores, uma nova tecnologia no chassis, suspensão ativa emprestada pelo F80, quatro portas e quatro lugares. Ah! e não será um supercarro, antes um GT posicionando-se ao nível dos modelos equipados com motor V12 com o GTC4 Lusso.

Ferrari Elettrica será o sétimo modelo diferente
De acordo com a Ferrari, o novo modelo ainda não tem nome definido, mas ficará conhecido como Elettrica. Um nome que não ficaria mal olhando ao historial da marca que até tem um carro chamado Ferrari La Ferrari…

Com efeito, o tão aguardado Ferrari 100% elétrico vai chegar já em 2026. Porém, a Ferrari quer fazer render a expectativa em torno de mais um modelo inédito na história da marca.
Desse modo o novo modelo será revelado em três momentos. Em primeiro lugar a revelação das características técnicas. Em segundo lugar, já daqui a pouco meses, anunciará o nome do carro. Finalmente, a meio de 2026, revelará o modelo. Este que será o sétimo carro diferente da casa de Maranello.

Então como será o novo Ferrari Elettrica?
Todas as vezes que a Ferrari faz um automóvel novo, há grande expectativa e acredita-se que algo de diferente vai surgir. Só para exemplificar, o carro foi desenhado em parceria com o homem que desenhou o iPhone, Jony Ive (através da sua agência Lovefrom).
Por outro lado, tendo como ponto de partida os diversos protótipos “apanhados” – e descontando a forma da traseira – percebe-se que o modelo terá quatro portas. Que tem uma altura ao solo maior que um GT da Ferrari e que tem uma postura agressiva em cunha. Assim sendo, com um comprimento de cinco metros, assemelha-se ao Purosangue.

Inovação na plataforma e na propulsão
Nesse sentido, devemos olhar para a ficha técnica e perceber que do Purosangue não há nada exceto o tamanho. Em primeiro lugar pelo chassis dedicado e tecnologicamente avançado. Em segundo lugar pelos quatro motores elétricos, um por roda. Finalmente, pela enorme bateria com 122 kWh produzida pela Ferrari.
E o CEO da Ferrari, Benedetto Vigna, explica a razão para este cuidado na revelação do modelo. “É que é tanta inovação no caso do Elettrica que não podemos revelar tudo de uma só vez!”

Só para ilustrar, a plataforma do Elettrica é descrita como tendo avanços à frente e atrás curtos, uma distância entre eixos também curta e uma arrumação inspirada nos modelos de motor central traseiro.

Muita tecnologia na bateria feita em casa
Por outro lado, a posição de condução estará perto do eixo dianteiro para permitir que os modelo (cujo peso é de 2300 kg) ofereça “a mais dinâmica e pura sensação ao volante e facilitar o acesso, maximizando o conforto.”
Por baixo do piso está uma bateria com 122 kWh com tecnologia 800V que permite carregamento de 350 kW. A autonomia será superior a 530 km. Longe dos melhores, mas suficiente segundo a Ferrari. A bateria terá 13 módulos espalhadas num só bloco e mais dois blocos por cima alojados por baixo do banco traseiro.

Só assim foi possível manter a distância entre eixos curta e obter uma distribuição de peso otimizada: 47:53 (frente/trás). Por outro lado, esta arrumação coloca 85% da bateria no centro do carro e debaixo do piso, oferecendo um centro de gravidade 80 mm abaixo daquilo que acontece num modelo com motor de combustão.
Desenhada e produzida em Maranello (com células da SK On da Coreia do Sul) a bateria terá uma densidade energética de 195 Wh/kg, a maior de qualquer modelo 100% elétrico.

Quatro motores com mais de 1000 cv
Por outro lado, o Ferrari Elettrica terá quatro motores, um por roda. Dessa maneira, será o Ferrari de série mais potente. Com tecnologia vinda da Fórmula 1, estes motores são verdadeiras peças de ourivesaria tecnológica.
Os motores traseiros rodam até 25.000 rpm, os da frente chegam às 30.000 rpm. Os motores traseiros debitam 420 cv (total de 840 cv) enquanto os da frente contribuem com mais 290 cv. O valor combinado? A Ferrari diz que será acima dos 1000 cv.

Quanto ao binário a Ferrari fala em… 3498 Nm! Com esta disposição, a vectorização de binário é total, maximizando a agilidade e a estabilidade. Os motores dianteiros podem ser desligados, tornando o carro um tração traseira. Isso será útil em auto estrada, por exemplo.
Por outro lado, a Ferrari desenvolveu eixos específicos (e-axel) para esta utilização de um motor por roda. E tudo é fabricado em Maranello para que a qualidade de construção seja monitorizada de forma intensiva.

Ferrari Elettrica tem sub-chassis separados
Com toda a certeza que o novo Ferrari 100% elétrico tem muitas coisas inovadoras. Uma delas é a maior peça oca em alumínio, jamais fundida em Maranello, e que funciona como o sub-chassis traseiro. Tudo para permitir o maior isolamento de ruídos e vibrações. Por outro lado, as suspensões semi-ativas têm tecnologia 48V, controladas por computador que mede 200 vezes por segundo os parâmetros dinâmicos do chassis.

Dessa maneira, os amortecedores exteriores, numa curva apertada, por exemplo, mantêm a carroçaria direita, empurra cada roda para baixo ou para cima nas lombas e demais obstáculos da estrada. Dessa maneira, otimiza-se o contacto com a estrada, dento do carro não se sente o ressalto e a curvar, o carro é muito mais eficaz.

De acordo com a Ferrari, as molas helicoidais não seriam necessárias, mas estão instaladas para impedir que o carro assente no chão quando o carro está desligado. A direção é às quatro rodas (até 2,15 graus atrás) e, dessa maneira, a Ferrari pode dizer que “este é o primeiro Ferrari a ter controlo sobre as forças verticais, longitudinais e laterais em todas as condições dinâmicas.”
Em outras palavras, as rodas do Elettrica parecem esferas, podem ser movidas em qualquer direção e independentes umas das outras.

Sintetizador de som apurado
Porque estamos a falar da Ferrari, o Elettrica terá um inovador sistema de som para oferecer uma banda sonora inesquecível. Só para ilustrar, ao invés de bombar para dentro do carro o barulho de um V8 ou V12 ou até aumentar o zumbido dos motores elétricos, a Ferrari fez diferente.
Desenvolveu um sensor de alta precisão que capta vibrações dos componentes mecânicos e amplifica-os. Como sucede numa guitarra elétrica. Diz a Ferrari que só se ouvirá quando for, realmente, necessário. Em autoestrada não vale a pena estar a fazer barulho…

Um Ferrari elétrico agora… porquê?
Por certo que Benedetto Vigna sabe que o mercado de veículos elétricos desportivo e de topo está a passar tempos adversos. Não foi por acaso que Lamborghini, Porsche, Bentley e Aston Martin inverteram a sua estratégia para a mobilidade elétrica.
Porém, o CEO da Ferrari entende que este é o momento certo para a casa de Maranello lançar o seu primeiro modelo 100% elétrico. “As coisas são muto simples… temos de avançar rápido para desenvolver tecnologias inovadoras. Se não inovarmos não estamos a honrar a herança do fundador da marca, Enzo Ferrari!”
Benedetto Vigna sabe perfeitamente que “há uma nova forma de propulsão. E sim, é a propulsão elétrica, não podemos fugir disso. Também sabemos que há quem tenha problemas, mas não podemos parar de inovar e avançar. Temos de mostrar ao mundo que somos capazes de controlar a nova propulsão e as novas tecnologias. Fazendo isso, temos de mostrar que somos capazes de oferecer uma sensação de condução única… com baterias!”

Neutralidade da tecnologia é a chave
Para Benedetto Vigna, “a neutralidade da tecnologia é a chave. Se o fizermos podemos usar qualquer tecnologia para a satisfação do cliente.” Dessa maneira, o CEO da Ferrari deixou claro que os motores de combustão vão permanecer na gama da Ferrari, esperando que 20% das vendas serão de modelos 100% elétricos em 2030.
O CEO da Ferrari e GIanmaria Fulgenzi, o patrão do desenvolvimento de produto, deixaram claro que o carro será um GT de quatro lugares.
Porque para a Ferrari faz sentido o carro 100% elétrico para quatro pessoas, amplo espaço e bagageira. Não um carro de dois lugares superdesportivo, pois o peso, mesmo com valores de potência muito elevados, seria sempre um problema. Seja como for, como sublinharam Vigna e Fulgenzi, este é um carro elétrico, mas acima de tudo, é um Ferrari!



