Foi o GTI que deu nome aos desportivos da Peugeot. Depois chegou uma nova era com os PSE (Peugeot Sport Engineered) que, na realidade, foi apenas o 508 PSE e sem nenhum sucesso. Rasgadas as vestes dos puristas, estes tiveram um assomo de felicidade ao escutarem que a Peugeot ia lançar um novo GTI. As discussões nas redes sociais apontavam para o 208 e já se falava de Mundial de Ralis e tudo. Com toda a certeza que agora o balde de água fria sentiu-se gelado… o GTI regressa à Peugeot com o e-208…
Podemos olhar para isto de duas formas. Em primeiro lugar, o copo meio cheio. Por outras palavras, temos de saudar o regresso da sigla GTI à Peugeot! E verdade que o e-208 GTI é um modelo 100% elétrico, mas temos de pensar positivo. Em segundo lugar, o copo meio vazio. Nessa medida, voltar a rasgar as vestes porque o GTI deve ser a gasolina, no limite, um híbrido. Digamos apenas que o GTI regressa à Peugeot com o e-208…
Despareceu o GTI… viva o PSE!
Antes de mais nada, dizer que é sempre um sinal positivo um construtor generalista desejar ter um modelo desportivo. Já falamos sobre ser elétrico. Todas as vezes que falamos de Peugeot e de desportivos lembramos o… 205 GTI. E depois o 306 GTI e o 106 GTI… recorda-se de mais algum? Os mais antigos vão lembrar o 505 GTI, outros lembram o 206 GTI, o 207 GTI, o 309 GTI e 308 GTI…. Porque há quatro anos desapareceu o 308 GTI e no seu lugar foi prometida uma gama de produtos desportivos PSE. PSE?! Peugeot Sport Engineered, uma coisa “fancy” a que se juntou uma pandemia que atirou o 508 PSE (o único desta nova saga) para as mãos de alguns rapazes, poucos. Naturalmente o seu fim chegou em 2024, apenas três anos depois do seu lançamento e com vendas quase confidenciais.
GTI regressa à Peugeot com ambições
No entanto, muita coisa mudou e o novo CEO da Peugeot, Alain Favey, decidiu recuperar alguns projetos engavetados. Com toda a certeza que a orientação em termos de gastos e de lançamentos de produtos de nicho foi alterada.
Por conseguinte, foi fácil ir à prateleira de projetos em espera e recuperar aquilo que a Stellantis Motorsport já tinha avançado. Nessa medida, o e-208 GTI não é um produto totalmente novo. Partilha quase tudo com o Alfa Romeo Junior e, sobretudo, com o excelente Abarth 600e. E como não há uma sem duas, depois do Lancia Ypsilon Rally4 (que mais não é que o 208 Rally 4 com outra roupa) o Ypsilon HF será exatamente o mesmo que este e-208 GTI. E, claro, a ambição é grande de fazer regressar o nome GTI (até as letras são as mesmas do passado!) e conhecer o sucesso.
Motor potente e comportamento acompanha
De acordo com Christophe Auriault, o homem da Stellantis Motorsport que esteve à frente do projeto, tudo foi feito para dar ao e-208 GTI o direito a usar esse sufixo.
Desde logo o motor passou para 280 cv, sendo um trabalho de “calçadeira” encaixar o motor com mais 7 cm de comprimento e sendo capaz de rodar 10% mais depressa, foi necessário algum trabalho.
Por outro lado, a bateria de 54 kWh recebeu um arrefecimento melhorado. Mesmo assim, a autonomia é menor e situa-se nos 350 km. Seja como for, o sistema está preparado para enfrentar uma condução desportiva em circuito.
Chassis e travagem com profunda revisão
Nessa medida, para conseguir “encaixar” os 280 cv e os 345 Nm de binário, os homens da Stellantis Motorsport tiveram de mexer em várias zonas. Em primeiro lugar com a junção de um diferencial autoblocante. Em segundo lugar, todos os apoios da suspensão e uma nova barra estabilizadora foram usados, sendo esta última mais grossa. O chassis foi rebaixado dois centímetros e as vias foram, claramente, alargadas. Os amortecedores têm duplo limitador hidráulico.
Finalmente, a travagem foi amplamente melhorada com discos de 345 mm à frente. E com um detalhe precioso: no modo Sport desliga-se a regeneração da travagem o que oferece uma resposta mais natural. Por outro lado, o ESP terá uma função libertina que permite aos condutores mais ousados fazer aquilo que era possível nos antigos Peugeot GTI. Andar com a traseira solta! Infelizmente, dentro dos limites da sociedade atual conforme disse François Wales, o patrão da competição na Stellantis.
Mudanças no estilo
Com toda a certeza que os homens do estilo da Peugeot não quiseram modernizar em demasia o GTI nem fazer dele uma caricatura. Dessa maneira, o filamento vermelho nas cavas das rodas está de regresso tal como no símbolo, nas orlas da grelha e no interior dos faróis. Infelizmente, não colocaram o logótipo GTI no pilar C como no 205 GTI, por exemplo.
Mas nas jantes de 18 polegadas especificas do modelo lá está o logótipo GTI. No interior os bancos dianteiros são “baquets” forradas a tecido e a Alcantara. E para fazer ligação ao passado, os dois tecidos são separados por um friso vermelho. Merece este e208 GTI o nome? Veremos quando houver possibilidade de o ensaiar.
