Porsche em modo crise após tempestade perfeita

Como tudo mudou no espaço de 14 meses… para a Porsche. Com toda a certeza […]

Como tudo mudou no espaço de 14 meses… para a Porsche. Com toda a certeza que uma das marcas mais rentáveis do grupo Volkswagen – margem de lucro operacional de 14,4% – não estaria à espera de que uma tempestade perfeita se abatesse por cima de Weissach. Crise de vendas na China, vendas nos EUA impactadas pelas taxas de Trump e estratégia de eletrificação totalmente errada. Por tudo isto a Porsche entrou em modo crise.

Quando há pouco mais de um ano a Porsche anunciou que 80% dos novos modelos da marca vendidos a partir de 2030 seriam elétricos, franziram-se alguns sobrolhos. O Taycan foi o ponta de lança e, rapidamente, chegou o Macan elétrico e ficou a promessa de deixar, apenas, o 911 de fora desta sanha eletrificadora. Por outro lado, olhando a oriente, a China continuava a ser um paraíso. Mas… tudo mudou!

PORSCHE TAYCAN 2024 46

Porsche em modo crise com desfecho desconhecido

Todas as vezes que se tenta um movimento audaz, as probabilidades de problemas aumentam. E a verdade é que pouco mais de um ano depois, tudo mudou na Porsche. Por um lado, o objetivo de 50% das vendas em 2035 serem de carros 100% elétricos e híbridos Plug In foi atirada para o caixote do lixo. Em novembro a casa de Weissach anunciou o desenvolvimento de novos motores de combustão interna.

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Por outro lado, a Porsche deu valente trambolhão no mercado chinês ao passo que as vendas de modelos 100% elétricos entrou em colapso. Finalmente, as muitas queixas sobre o Taycan deixaram marca na imagem da Porsche.

PORSCHE 911 2024 CARRERA CARRERAGTS HYBRID 21

O que vai a casa alemã fazer?

De acordo com informações internas, a Porsche está a atrasar o lançamento do 718 Cayman e Boxster 100% elétrico (que está quase pronto) e de um novo SUV com sete lugares. Por outro lado, teve de atualizar a sua previsão de volume de vendas para um intervalo entre 37 e 39 mil milhões de euros, abaixo do intervalo anterior entre 39 e 40 mil milhões de euros.

Com toda a certeza que estas previsões estão dependentes daquilo que vai suceder nos EUA com as tarifas de Donald Trump. A Porsche conheceu um avanço nas vendas pela antecipação de compra dos consumidores, mas está a preparar-se para uma queda sensível até final do ano.

PORSCHE CAYENNE TURBO E HYBRID 2

Como é que a Porsche chegou a este modo crise?

A pergunta que todos fazemos é simples: como é que a Porsche chegou a este estado?! A mãe de todos os problemas está na estratégia de eletrificação. Dessa maneira, anunciar que toda a gama, exceção feita ao 911, seria 100% elétrica a partir de 2030. Mas, porquê?

O processo atrasou-se bastante e o Taycan não foi o sucesso que se esperaria. Por outro lado, a redução na procura na China e os custos com os atrasos dos modelos 100% elétricos são outra das causas. Os atrasos levaram a Porsche a ter de investir em novas motorizações de combustão interna.

Ou seja, a Porsche deveria ter seguido a abordagem menos holística e mais flexível entre modelos 100% elétricos e os de combustão interna com sistemas híbridos.

Medidas drásticas a caminho

De acordo com a imprensa alemã, a Porsche vai ter de tomar algumas medidas duras como já sucedeu com a Audi. Rumores indicam que a casa de Weissach vai acabar com oito mil postos de trabalho. Depois, terá de lidar com o recuo de 42% das vendas na China, num mercado cada vez mais competitivo e onde o Estado chinês, agora, incentiva a compra de produtos locais. E são cada vez mais as empresas que se começam a movimentar no mesmo andar da Porsche.

PORSCHE 911 SPIRIT 70 2025 12

Com toda a certeza que a casa alemã não vai entrar na onda dos descontos, pelo que terá de subir a fasquia do “value for money” oferecendo mais pelo mesmo dinheiro. Porque é isso mesmo que as marcas chinesas fazem… muito “value for Money”, ou seja, mais por pouco dinheiro.

Por outro lado, a Porsche implementou mudanças na gestão. Lutz Meschke (diretor financeiro) e Detlev von Platen (diretor de vendas), amplamente criticados dentro e fora da companhia, foram substituídos por Jochen Breckner e Matthias Becker, respetivamente. Nessa medida, Michael Steiner passou a ser o nº2 a seguir a Oliver Blume, deixando o seu papel de responsável pelo desenvolvimento do grupo VW. Joachim Scharnagl passou para o lugar de Barbara Frenkel como diretor do aprovisionamento. Finalmente, Vera Schalwig assumiu os recursos humanos no lugar de Andreas Haffner. Estas alterações são outro dado que indica as dificuldades pelas quais passa a Porsche neste momento.