Acompanhámos os testes privados da Alpine no AIA. “Estamos no WEC para vencer!”

Estivemos no AIA durante os testes privados da Alpine para o WEC com o Alpine A424, e entrevistámos o responsável da equipa, Philippe Sinault

A Alpine Endurance Team deslocou-se a Portimão para a última sessão de testes antes de iniciar a época Hypercar 2024. Esta foi a primeira sessão de testes com os dois Alpine A424 e os seis pilotos oficiais recentemente anunciados. Decorreu em dezembro, e o Escape Livre marcou presença no Autódromo Internacional do Algarve, onde entrevistou o responsável máximo da equipa, Philippe Sinault.

Criou a Signature Team que, mais tarde, se transformou na Signatech Alpine. Curiosamente, surgiu com o nome ARTA Signature, mas rapidamente abandonou o prefixo e passou a chamar-se apenas Signature. O palmarés da pequena equipa é excelente: três vitórias na categoria LMP2 nas 24 Horas de Le Mans (2016, 2018 e 2019) e dois títulos de campeã do mundo WEC LMP2 (2016 e 2019).

Desde 2021 que inscreve o Alpine A480 (ex-Rebellion R13) na categoria maior do WEC. A partir de agora é a equipa Alpine Elf Endurance Team. Chama-se Philippe Sinault. é Team Manager da Alpine no WEC, e estivemos à conversa com ele, durante os testes da equipa que vai disputar o mundial de resistência, e que decorreram no Autódromo Internacional do Algarve.

Testes de fiabilidade no AIA

Naturalmente que estando a equipa a testar os novos Alpine A424 no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), a primeira pergunta visou os testes. Philippe Sinault foi muito cauteloso. “Em primeiro lugar temos de considerar que somente há quatro meses começamos os testes. Depois, que passamos a ter dois carros este ano.”

Esta cautela passou, rapidamente, a elogio da estrutura da equipa. “Toda a equipa fez um enorme esforço durantes estes últimos quatro meses, com um programa, como imaginam, muito duro. É uma nova escala e um passo em frente para a equipa.”

Quando confrontado com os objetivos dos testes que decorriam no AIA, Philippe Sinault, foi claro: “Estes testes não são para avaliar a performance pura. São, sim, testes para percebermos se tomamos as decisões certas em termos técnicos. É hora de confirmar os dados dos túneis de vento nos Estados Unidos da América e na Sauber. Portanto, não é, ainda, hora de procurar os melhores tempos por volta.”

Queremos confirmar se fizemos as escolhas certas!

Philippe Sinault, Team Manager Alpine Motorsports

E pelo que viu, o responsável máximo da equipa mostrou-se otimista. “Claro que estou otimista. E também confiante nas nossas escolhas. Todos os dados do túnel de vento e do banco de ensaios foram confirmados na pista. Agora, temos de estar focados na fiabilidade e na homologação final do carro.”

Dois dias e mais de 3000 km de testes

O responsável pela equipa Alpine no WEC justificou ainda a escolha do AIA para estes testes com “o excelente traçado do AIA e claro, as condições meteorológicas que oferece. Com tantas coisas para testar, avaliar e definir, seria uma idiotice ir para outro lugar onde a chuva seria um problema. Além disso é uma pista que permite testar os dois pacotes aerodinâmicos para as diversas provas do WEC.”

No total, foram dois dias de corrida dedicados ao desenvolvimento com mais de 3000 km percorridos (1443 km para o carro #35 e 1562 km para o #36), sem problemas técnicos suficientemente significativos para atrasar a conclusão do programa de trabalho.

Os dois dias de testes foram uma excelente oportunidade para desenvolver o pacote aerodinâmico homologado, alternando entre trifectas curtos e longos, com cada piloto. O objetivo foi melhorar as configurações do carro e do motor, mas também a interação dos vários sistemas, bem como a gestão da energia e do combustível.

Para além disso, a sessão permitiu, também, continuar a trabalhar na gestão dos pneus e avaliar os diferentes compostos propostos pela Michelin.

Um programa oficial Alpine!

Philippe Sinault destacou, também, a excelente relação entre a Alpine, a Oreca e o departamento técnico da Alpine. “Temos carros que são totalmente novos e isso foi um enorme desafio, pois é uma situação bem diferente do que tínhamos anteriormente.”

O responsável afirmou ainda que “é difícil estabelecer números para a quantidade de trabalho e de colaboração de cada departamento. Por isso, prefiro sempre destacar a combinação de trabalho das três partes envolvidas e, no fundo, posso dizer que me sinto orgulhoso do que foi feito e pela excelente articulação entre a Alpine, o departamento técnico e a Oreca.”

A Alpine, a Oreca e o departamento técnico, trabalham em excelente colaboração!

Philippe Sinault, Team Manager Alpine Motorsports

Ainda assim, foi possível identificar o trabalho de cada parceiro envolvido neste projeto da Alpine no WEC. A Oreca cuida das suspensões e chassis com a ajuda do departamento técnico da Alpine, e a casa francesa está encarregue da mecânica híbrida. Uma mecânica “totalmente nova e mereceu atento cuidado da equipa de motores.”

O Escape Livre marcou presença nos testes no AIA

Durante os testes que o Escape Livre teve oportunidade de acompanhar no AIA no passado mês de dezembro, essa foi uma das particularidades que se destacou nos sucessivos arranques e paragens nas boxes, o funcionamento da mecânica híbrida.

E para que não fiquem dúvidas, este não é um projeto Signatech com o chassis Rebelion como aconteceu nos últimos anos. “Este é um programa oficial Alpine(!) que começou o seu desenvolvimento há 18 meses onde nasceu numa filha em branco. O caminho fez-se e estamos em testes há quatro meses. O resto, como a moldagem dos bancos e a posição de condução e testes nos simuladores, começaram há muito mais tempo, mais de um ano.”

Objetivos bem claros para o WEC 2024

Quando lhe perguntamos qual seria a expetativa da Alpine para a sua participação na categoria Hypercar, do mundial de resistência, Philippe Sinault foi claro. Estamos lá e é para ganhar!” O campeonato? “Claro! Temos de ser claros, queremos ganhar o campeonato. Porém, dêem-nos tempo, por favor. Tempo para conseguir chegar lá. Há quem esteja no campeonato já há mais de um ano e têm muito mais experiência. Temos de ser razoáveis e, primeiro, tornar o carro fiável. Depois, partir em busca do desempenho. Mas este primeiro ano será essencial para colocar tudo em ordem. Claro está que se tivermos oportunidade de fazer alguns bons resultados, lá estaremos, mas os nossos objetivos, para já, são terminar corridas e estarmos prontos para todas as eventualidades.”

Estamos lá para vencer!

Philippe Sinault, Team Manager Alpine Motorsports

Aliás, Sinault deixa claro que “se querem que seja totalmente honesto, este primeiro ano tem uma filosofia muito própria: queremos acumular experiência e conseguir estar prontos para a luta pelo campeonato o mais depressa possível. O nosso carro está pronto para conseguir bons resultados, mas temos de ser cautelosos.”

Por outro lado, e sendo uma equipa francesa, com toda a certeza vão apostar tudo em Le Mans. Qual a expectativa? “É, sem dúvida alguma, uma prova muito importante, baste ver que os bilhetes esgotam com dois anos de antecedência mas claro, é uma prova particularmente importante para a equipa e, sobretudo, para a marca.”

Alpine A424 testes WEC em Portimao AIA 37

O WEC atravessa um bom período

O Mundial de Endurance está a viver um período de grande euforia, concorda? “É verdade! É um período fantástico para nós, para o desporto automóvel, para a endurance. Nunca aconteceu ter 10 construtores envolvidos num campeonato. Nem na F1! Ainda por cima há dois anos que as 24 Horas de Le Mans estão com os bilhetes esgotados, é uma loucura! Todos nós temos vindo a contribuir para isto e por isso estamos muito orgulhosos do trabalho feito até agora.”

Este é um período fantástico no Mundial de Endurance!

Philippe Sinault, Team Manager Alpine Motorsports

A presença da Alpine no WEC gera pressão, como lidar com ela? “Claro que temos pressão, mas se não estivéssemos pressionados é porque ninguém estava a pensar em nós. É bom ter esta pressão!”

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Equipa renovada, e ambiciosa!

Quanto aos pilotos, com os quais também convivemos durante o dia de testes que acompanhámos no AIA, o responsável da equipa não podia estar mais satisfeito.

“A primeira palavra que me vem à cabeça é ‘orgulho’. Penso que fizemos as escolhas certas e tenho confiança nesta equipa, que é a ideal para a Alpine no Hypercar. Existe um equilíbrio interessante entre os pilotos mais experientes, federados e conhecidos da equipa e as caras novas que nos surpreenderam nos últimos anos. Como equipa francesa, estamos também particularmente entusiasmados por termos quatro pilotos franceses na equipa. Faltam menos de 100 dias para a primeira corrida da época de 2024. Os testes estão quase terminados e a equipa está agora completa: mal podemos esperar para ver os nossos belos Alpine A424 nas pistas em corrida.”

Pela primeira vez, a presença dos seis pilotos do alinhamento de 2024 permitiu às equipas técnicas trabalharem no cockpit, nos processos de reabastecimento, nas mudanças de piloto, nas boxes e nos procedimentos de garagem.

A primeira corrida do mundial de resistência 2024 (WEC), disputa-se no QATAR já no início do próximo mês de março, com 1812 km para percorrer. Entretanto, a Alpine apresentará as suas equipas e as cores oficiais do A424 no evento de lançamento, a 7 de fevereiro de 2024. Por aqui vamos acompanhar muito atentos a presença da Alpine no WEC.