Tesla regista recorde após corte de preços, mas nem tudo são boas notícias…

Tesla registou recorde de vendas no primeiro trimestre de 2023. O crescimento foi de 36% e o Model Y acabou o mês de março com o carro mais vendido na Europa.

A marca norte-americana de Elon Musk registou um recorde de vendas no primeiro trimestre de 2023. O crescimento foi de 36% e o Model Y acabou o mês de março com o carro mais vendido na Europa, feito que já tinha acontecido no passado mês de novembro. Nada de muito estranho dada a baixa de preços agressiva que a marca norte americana impôs. Ainda assim foi um crescimento longe daquilo que a marca esperava, culpando a cada vez mais aguerrida concorrência e as perspetivas pouco animadoras da economia.

A Tesla registou recorde de vendas ao entregar nos primeiros três meses de 2023 nada menos que 422 875 unidades, um crescimento de 4% face a último trimestre de 2022 e 36% mais que em igual período do ano passado.

As vendas do Model 3 e do Model Y avançaram 6%, mas as do Model S e do Model X recuaram bastante, 38%. E o sintoma de que as vendas, apesar do recorde alcançado, não subiram como o esperado, está na produção deste primeiro trimestre: 440 808 unidades. Ou seja, quase 18 mil unidades ficaram sem proprietário.

Tudo isto sucedeu porque a Tesla aumentou, significativamente, os esforços de produção nas fábricas novas situadas nos EUA (Texas) e Europa (Alemanha) e também na China, onde recupera da política de confinamento devido à Covid-19.

Tesla registou recorde de vendas… e produção a mais!

Na guerra da comunicação, a Tesla afirmou nas redes sociais que no Texas foram produzidas 4000 unidades do Model Y na última semana de março e que na Alemanha o ritmo de produção semanal é semelhante.

Depois de falhar as suas previsões anteriores de produção e vendas, Elon Musk, CEO da Tesla, voltou a atirar números faustosos para cima da mesa em janeiro deste ano: vendas em 2023 de 2 milhões de unidades, mais 700 mil que em 2022 (total de 1,3 milhões de unidades).

Porém, Musk atravessou-se com esses números e rapidamente percebeu que os investidores perceberam ser uma antevisão ousada e com pouco realismo. Deitou mão de um trunfo que pode ser uma espada de dois gumes: a baixa de preços!

TESLA FABRICA BERLIM 2

Logo depois daquelas declarações de Elon Musk, a Tesla cortou 20% aos preços dos seus veículos em todo o mundo, espoletando uma guerra de preços depois de voltar a não conseguir cumprir com os objetivos declarados em Wall Street.

A verdade é que sem o corte severo – que Elon Musk queria ainda mais profundo! – os números teriam sido muito negativos para a Tesla. Mesmo assim ficaram aquém das expectativas de 432 mil unidades para o primeiro trimestre.

Tesla com mais baixas de preços?

Não se sabe se estão a caminho mais cortes e se a economia vai, ou não, deteriorar-se nos próximos meses. Na China, a guerra de preços foi aceite pelos construtores locais e o efeito acabou por se esbater. Tanto assim é que a Tesla tem uma quota de mercado de 8% nos automóveis de novas energias, ao passo que a BYD tem, por exemplo, 41%.

Na Europa a resposta foi diferente, mas também não deixou de impactar a Tesla. As expectativas de recessão devido à manutenção das taxas de juro em valores elevados para controlar a inflação, podem ser o argumento que Musk precisa para baixar ainda mais os preços.

Mas o sul-africano precisa de mais que isso para conseguir recuperar o valor bolsista da Tesla. Desde 1 de março, dia do investidor Tesla, que as ações da empresa mergulharam. É que Musk, por muito ousado que seja e por vezes com pouca adesão à verdade, não conseguiu dizer nada sobre o futuro Tesla acessível capaz de combater o VW ID.2All e outros modelos que se anunciam dos construtores convencionais.

E também por isso é que o valor bolsista da Tesla está, ainda, 50% abaixo do valor que exibiam no final de 2021. E já subiram 68%! Isto permite perceber como Elon Musk e a Tesla estão numa encruzilhada que parece estar a ser mais complicada de resolver do que o homem que criou o PayPal pensava.