Portugueses não gostam dos preços dos elétricos e, por isso, não compram…

8 em cada 10 condutores confessa mesmo ter desistido da compra de um carro 100% elétrico devido ao elevado preço do mesmo.

Os Portugueses não gostam do preço dos elétricos e, por isso, 81% dos condutores nacionais desistem de comprar um automóvel alimentado a baterias. Esta é uma conclusão do inquérito Observador Cetelem que vem plasmada no mais recente relatório Observador Cetelem Automóvel 2023. Um relatório que tem ligação ao estudo feito em 2022 e que mostra que apenas 7% dos portugueses afirmava ter um híbrido ou elétrico. Portugal é, assim, um dos países europeus com menos proprietários de veículos elétricos.

Os portugueses não gostam dos preços dos elétricos e por isso há poucos particulares a utilizá-los. Isto numa altura em que a Comissão Europeia aprovou a proibição da venda de automóveis novos com motor a combustão a partir de 2035 e muitas marcas já anteciparam a transição para a mobilidade elétrica para antes dessa data.

STELLANTIS TREMERY FABRICAMOTORES ELETRICOS

Para piorar o cenário, após uma pandemia que paralisou o mundo e uma guerra que veio atirar ao chão o que se tinha recuperado graças a uma inflação desmedida e gananciosa que espoletou um aumento das taxas de juro, comprar carro novo é um desafio. Um carro elétrico nem se fala!

Ora, todas estas preocupações passaram pela cabeça dos inquiridos questionados por este estudo “Ter carro, quanto custa?”, num total de 16 600 em 18 países diferentes.

Portugueses não gostam do preço dos elétricos

Curiosamente, o comunicado do Observador Cetelem diz que “à medida que a crise ambiental se torna mais concreta para os cidadãos, tudo parece indicar que chegou o momento dos veículos elétricos.

Isto seria uma enorme verdade se as condições económicas e os preços fossem compatíveis. E os dados disponíveis mostram que há um longo caminho a percorrer para que esta transição se cumpra, pelo menos, em Portugal. E, dificilmente, se fará numa década, ou seja, até 2033. Pelo menos entre nós. O Observador Cetelem mostra que 81% dos condutores portugueses desiste da compra de um elétrico quando esbarra nos preços atuais.

Não gostam do preço, mas até compravam…

Voltando aos dados do Observador Cetelem Automóvel 2023, verificamos que apenas 7% dos condutores portugueses, em 2022, tinha um carro híbrido ou elétrico. Pior só mesmo a Polónia com 3%. Já em países como o Japão (23%), China (22%) e a Noruega (23%) essa penetração é bem maior. Mas mais de 50% dizem que não se importariam de ter um carro elétrico.

Curiosamente, em África e na América do Sul, carros elétricos é algo que quase não existe. Dois países são a referência: África do Sul e México têm percentagens abaixo dos 1%. Paralelamente, o mercado de usados também não tem melhor cara, pois apenas 4% disseram ter adquirido um veículo híbrido ou elétrico.

O preço é entrave à compra

Não há volta a dar: o preço é um problema. E se é verdade que em 2022 a procura por carros elétricos subiu bastante e que o objetivo de vender mais de duas mil unidades em três meses consecutivos tenha sido ultrapassada, isso não chega para cumprir os objetivos.

Mas o que mais preocupa nesta altura é que 8 em cada 10 condutores entrevistados confessou que desistiu de comprar um elétrico devido ao preço elevado, optando por adquirir um modelo a gasolina ou a gasóleo.

Contas feitas, somos o segundo país europeu e o terceiro a nível mundial onde o preço é o critério mais sensível para a compra de um veículo elétrico. Na Noruega (49%) e na China (46%) este critério não é esgrimido pela maioria.

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O que quer isto dizer? Bom, que está tudo á espera de incentivos para a compra, incentivos para o abate de viaturas poluentes e uma baixa de preços generalizada. Os compradores só vão aderir à compra de veículos elétricos se os preços baixarem e as ambiciosas metas da União Europeia podem estar comprometidas por este movimento.

Alguns construtores escutaram a mensagem e estão a fazer cortas nos preços, mas fica por saber até quando vão resistir estes “saldos” fora de época.

E esta é a conclusão do estudo Observador Cetelem Automóvel 2023. “Os consumidores parecem indicar que, para apostarem na mobilidade elétrica, aguardam que as viaturas passem a ser financeiramente acessíveis. Se tal não ocorrer, poderão estar em causa as metas estabelecidas em todo o continente europeu. Uma mensagem que algumas marcas parecem ter já compreendido, fazendo promessas de viaturas com preços mais baixos nos próximos tempos” pode ler-se no comunicado do Observador Cetelem.