GP F1 do Bahrain foi um passeio para Verstappen com surpresa de Alonso

O GP do Bahrain foi um passeio para Max Verstappen. “Foi bastante simples” disse o neerlandês bicampeão do mundo após 57 voltas onde não conheceu contestação.

O GP do Bahrain foi um passeio para Max Verstappen. “Foi bastante simples” disse o neerlandês bicampeão do mundo após 57 voltas onde não conheceu contestação rumo à sua 36ª vitória na Fórmula 1. Se há um ano tinha sido a Ferrari a impor o belo SF-75 com a Red Bull a sair de Sahkir com o rabo entre as pernas vergada a dois abandonos, a equipa de Milton Keynes “vingou-se” com a 23ª dobradinha da sua história. E já está sentada no primeiro lugar de equipas e pilotos.

E pelo que se viu… vai ser um 2023 muito longo para os adversários.

O GP do Bahrein foi um passeio para Max Verstappen. “Aqui estivemos particularmente, mas para a Arábia Saudita espero mais concorrência porque é um circuito com muitas retas e curvas rápidas. Por isso acredito que estaremos todos mais perto.”

A Fórmula 1 assim deseja, porque em Sahkir a diferença foi abismal! O terceiro classificado ficou a quase 30 segundos e ambos os Red Bull andaram a gerir os carros porque não houve a mais pequena possibilidade de perderem as duas primeiras posições.

GP do Bahrain foi um passeio com dobradinha

Max Verstappen (Red Bull) assinou a “pole position” e, rapidamente, consolidou a posição na frente de Charles Leclerc (Ferrari) que bateu à saída dos blocos um menos assertivo Sergio Perez (Red Bull). Lewis Hamilton (Mercedes) fez um excelente arranque e ganhou duas posições, sendo o grande perdedor da primeira volta o espanhol Fernando Alonso (Aston Martin) que foi vítima de um desastrado Lance Stroll, seu companheiro de equipa, que quase o levava para um pião.

GP Bahrain foi um passeio

Talvez pela inferioridade física o canadiano tenha cometido este pequeno erro, que acabou por abrir a porta a George Russell (Mercedes) que chega ao sexto posto.

Abrindo uma boa vantagem para os adversários sem necessitar de forçar o andamento, Max Verstappen parou à volta 15 (voltou aos macios) deixando a liderança, por momentos, a Sergio Perez. Tudo tranquilo e quando o mexicano parou, o bicampeão do mundo recuperou a primeira posição.

Com o Red Bull a “mimar” os pneus como nenhum outro chassis, Verstappen caminhou impávido e sereno parando à 36ª volta para colocar os duros que o levaram até final sem nenhuma dificuldades ou oposição.

Para Perez, a estratégia foi igual e a dobradinha começou a ser desenhada aqui: os dois Red Bull montaram segundo jogo de pneus macios, os Ferrari não podiam fazer o mesmo. Perez rapidamente apanhou o Ferrari com pneus duros de Leclerc – Sainz nem estava perto desta luta – passou-o e percebeu que estava feita a sua corrida. Verstappen estava a mais de uma quinzena de segundos e a ordem natural das coisas estava instalada.

Uma boa surpresa de Fernando Alonso na Aston Martin

Não foi uma enorme surpresa, mas há que convir que o terceiro lugar de Fernando Alonso na estreia do Aston Martin feito por Dan Fellows, ex-red Bull, deixou alguns boquiabertos. O espanhol, com 41 anos rubricou o seu 99ª pódio como se acabasse de ganhar uma corrida, algo que ele não faz desde o GP da Espanha de 2013, ou seja, há 10 anos! Ele que é o único piloto que completou 20 anos de carreira na F1 e que é, também, o único na era híbrida a ter experimentado todos os motores disponíveis (Ferrari, Honda, Mercedes e Renault), fez uma corrida extraordinária.

GP Bahrain foi um passeio

Perdeu lugares no arranque, comprometeu a sua estratégia ao ficar muito tempo em pista com pneus duros – perdendo o quinto lugar para Lewis Hamilton – mas… depois, que corridaço de Fernando Alonso.

Primeiro foi o duelo com Hamilton com um primeiro episódio na curva 4 da volta 37. Uma escorregadela vistosa impediu a concretização da ultrapassagem. Mas na volta 39 e na curva 10, a classe de Alonso apanhou de surpresa o britânico e estava ganho o quinto lugar.

GP Bahrain foi um passeio

O abandono de Charles Leclerc à volta 41 deu-lhe o quarto posto e ao anular os três segundos de desvantagem para Carlos Sainz, estava a caminho do pódio. Não deu chances ao seu amigo e conterrâneo e depois de um “passo doble” a “faena” acabou com uma ultrapassagem, sem mácula na curva 10. O pódio estava ali à mão de semear e ficará para sempre a dúvida: se Stroll não tem tocado no carro e se a estratégia de pneus fosse igual á da Red Bull, teria a Red Bull alcançado a dobradinha? Teria Verstappen ganho com tanto à-vontade? Não sabemos, mas que o espanhol está de volta é verdade e se a Aston Martin conseguir desenvolver o AMR23, o “velhote” ainda vai ser uma bela dor de cabeça para os restantes.

Destaque, ainda, para Lance Stroll que com um pulso partido, reparado em menos de uma semana, conseguiu um excelente sexto posto que poderia ser melhor não fosse aquele toque em Alonso e as dores na parte final que, naturalmente, o abrandaram.

Mercedes e Ferrari com muito trabalho pela frente

Os dados estão lançados e Ferrari e Mercedes estão em maus lençois. Os italianos viram sair Mattia Binotto e Inaki Rueda, os cabeças de turco que foram decepadas para criar novas chances de vitória com Frederic Vasseur.

Houve uma mudança de estratégia: na qualificação a Ferrari abdicou da “pole position” para ter um segundo jogo de pneus macios novo para Leclerc. Na largada tudo funcionou bem e Perez perdeu o segundo lugar para o monegasco. Porém, não era aí que a estratégia deveria funcionar. Porque a Ferrari voltou a ser surpreendida pela Red Bull quando estes saíram para a pista com pneus macios e os carros vermelhos com pneus… duros!

Uma estratégia que não se percebeu e no final Frederic Vasseur era um impotente chefe de equipa. “O facto dos Red Bull terem conseguido usar duas vezes os pneus macios e uma só vez os pneus duros contra uma vez os macios e duas vezes os duros, claro que acabou com a disputa” palavras do responsável máximo da Ferrari.

Para piorar as coisas, o carro de Leclerc decidiu desligar-se na parte final da corrida, levando o monegasco ao abandono, o 18º da sua carreira na Fórmula 1. Algo relacionado com as baterias, pois a Ferrari foi forçada a mudar esse componente para a corrida.

Quanto à Mercedes, voltou a não ter ritmo e, desta feita, Lewis Hamilton foi quem mais lutou para chegar longe. Não foi além do quinto lugar atrás de Carlos Sainz (Ferrari) numa hierarquia que poucos esperavam.

O desespero na casa liderada por Toto Wolff levou este a dizer que terão de fazer um carro novo, Hamilton a soltar um desabafo “estamos a milhas deles” e George Russell fez uma previsão catastrófica. “Eles têm o campeonato no bolso, não acredito que alguém consiga chegar perto. A minha aposta é que vão ganhar todas as corridas esta temporada. Podem não fazer todas as ‘pole position’, mas com o ritmo de corrida que têm, vão ganhar tudo.” Como motivação… 10 estrelas!

O resto do pelotão liderado pela Alfa Romeo, McLaren em apuros

O GP do Bahrain foi um passeio para alguns. Para a Alfa Romeo nem por isso, mas liderou o segundo pelotão, graças a Valtteri Bottas a rubricar um oitavo lugar fruto de um “undercut” bem-sucedido na primeira paragem nas boxes. Zhou Guanyu não foi tão feliz ao ficar preso num comboio de DRS, mas a equipa ofereceu-lhe a chance de rubricar a volta mais rápida, a segunda da sua carreira (a outra foi no GP do Japão de 2022).

A Alpine confirmou que tem muito trabalho pela frente e salvou a corrida com o 9º lugar de Pierre Gasly depois de ver abandonar o Esteban Ocon, enquanto a Williams se colocou à frente da Alpha Tauri (Tsunoda foi 11º e de Vries foi 14º), Haas (Kevin Magnussen foi 13º e Nico Hulkenberg ficou em 15º) e… McLaren! Alexander Albon ficou em 10ª e o estreante norte americano Logan Sargeant no 12º posto.

A equipa de Zak Brown comprovou que o MCL36 é um desastre – como Andrea Stella, o novo responsável da formação de Woking já tinha revelado nos testes – ficando Lando Norris no 17º posto e Oscar Piastri a terminar fora de prova com um problema eletrónico no carro e sem mostrar ainda nada daquilo que todos esperam do australiano. Para a McLaren o GP do Bahrain foi um passeio… dos tristes!

Classificação final do GP do Bahrain

  1. Max Verstappen (Red Bull RB 19 – RBPT), 57 voltas em 1h33m56,736s (196,862 km/h);
  2. Sergio Perez (Red Bull RB 19 – RBPT), a 11,987s;
  3. Fernando Alonso (Aston Martin AMR23 – Mercedes) a 38,637s;
  4. Carlos Sainz (Ferrari SF-23), a 48,052s;
  5. Lewis Hamilton (Mercedes W14), a 50,977s;
  6. Lance Stroll (Aston Martin AMR 23 – Mercedes), a 54,502s;
  7. George Russell (Mercedes W14), a55,873s;
  8. Valtteri Bottas (Alfa Romeo C43 – Ferrari), a 1m12,647s;
  9. Pierre Gasly (Alpine A523 – Renault), a 1m13,753s;
  10. Alexander Albon (Williams FW 45 – Mercedes), a 1m30,870s;

Classificação Campeonato de Pilotos

  1. Max Verstappen, 25 pontos
  2. Sergio Perez, 18 pts;
  3. Fernando Alonso, 15 pts;
  4. Car,los Sainz, 12 pts;
  5. Lewis Hamilton, 10 pts;
  6. Lance Stroll, 8 pts;
  7. George Russell, 6 pts;
  8. Valtteri Bottas, 4 pts;
  9. Pierre Gasly, 2 pts;
  10. Alexander Albon, 1 pt.

Classificação Campeonato Construtores

  1. Red Bull Honda RBPT, 43 pontos;
  2. Aston Martin Mercedes, 23 pts;
  3. Mercedes, 16 pts;
  4. Ferrari, 12 pts;
  5. Alfa Romeo Ferrari, 4 pts;
  6. Alpine Renault, 2pts;
  7. Williams Mercedes, 1 pt.