Mazda MX-5. As 4 gerações do roadster mais vendido do mundo!

Faz 34 anos que conhecemos o primeiro Mazda MX-5. Com quatro gerações, e mais de 1 milhão de unidades vendidas, continua um roadster incrível!

Faz hoje precisamente 34 anos que o primeiro Mazda MX-5 foi revelado oficialmente ao mundo. Foi no Salão Automóvel de Chicago e na altura a Mazda estava longe de imaginar que, não só este viria a ser o roadster mais vendido em todo o mundo, como também o seu modelo mais icónico e conhecido além fronteiras. Já lá vão mais de 1 milhão de unidades vendidas mundialmente! É obra!

Muitas foram as unidades que já me passaram pelas mãos, principalmente no que à última geração diz respeito. Contudo, o encanto do modelo está na sua filosofia desde a primeira geração, em 1989. Geração essa que também já tive o privilégio de conduzir em 2014, num trabalho para o canal de YouTube do Escape Livre. Tive oportunidade de juntar a primeira geração (NA) com a edição especial de aniversário dos 25 anos do modelo. Foi um dia muito bem passado!

MX vem de “Mazda Experimental”, “5” porque era o número sequencial na série de projetos concept da Mazda. E assim nasceu o Mazda MX-5, um nome que iria marcar a história do automóvel.

Desde 9 de fevereiro de 1989 até hoje, o modelo conheceu quatro gerações, denominadas por códigos de duas letras, a primeira NA (1989-1997), seguida pelas gerações NB (1998-2005), NC (2005-2015) e a atual ND (2015-Presente). Entre elas várias edições especiais, algumas limitadas, mas todas com o mesmo em comum. Uma posição de condução baixa, pernas quase esticadas, comando da caixa de velocidades acima da cintura e a tradicional tração traseira. Tudo isto com uma mecânica que, bem tratada, é infinita! Um cocktail que tem funcionado particularmente bem durante estes 34 anos.

NA (1989-1997)

Para muitos puristas do modelo o NA é, e sempre será, o “melhor” Mazda MX-5 de sempre. Chegou até nós em 1989, mas foi pensado muito tempo antes, mais concretamente em 1976. Eu ainda não tinha nascido, mas o Escape Livre já falava sobre automóveis na rádio. Aliás, o Programa Escape Livre comemora este ano os seus 50 anos!

Pensado sobre várias premissas como ter de ser acessível, ter de ter tração traseira e mais importante do que isso, cumprir com o conceito japonês Jinba ittai, que significa “cavalo e cavaleiro num só”. Ou seja, um automóvel capaz de transmitir uma relação homem/máquina forte. Quanto mais conheço a história do modelo, mais acho que todos os compromissos foram cumpridos.

O Mazda MX-5 NA tinha algumas particularidades, umas boas outras nem por isso. A sua grande particularidade face às restantes três gerações mais modernas são os faróis escamoteáveis, tal como os do nosso Porsche 944. Tinha uma distribuição de pesos perfeita, assim como a posição de condução, e um baixo peso (980kg) que lhe permitiam um bom equilíbrio de chassis. Para o conseguir, a primeira versão não tinha vidros elétricos, ar condicionado ou direção assistida. A direção, as suspensões e os travões cumpriam com o que se lhe exigia e permitiam muita diversão ao volante, mesmo sem grandes dotes de condução.

Ao longo dos nove anos que teve em comercialização conheceu várias versões de motor, 1.6l e 1.8l, e chegou a ter um diferencial autoblocante

Contudo, a sua utilização mais quotidiana revelava-se pouco prática, o interior era demasiado claustrofóbico (de capota fechada), e a carroçaria sofria facilmente de corrosão. Já o túnel central aquecia demasiado, o que para um roadster que se quer usufruir em dias de verão não era muito agradável.

O Mazda MX-5 NA vendeu mais de 400 000 unidades e chegou a ser eleito carro do ano pela revista Automobile Magazine em 1990. Para além disso esteve entre os 10 melhores carros da revista Car and Driver de 1990 até 1992.

NB (1998-2005)

Foi apresentado no Salão de Tóquio ainda em 1997, mas só iniciou produção em 1998. Prometia manter todas as características do seu antecessor, mas perdia os faróis escamoteáveis devido a legislações e segurança. Conseguiu manter praticamente as mesmas dimensões embora tenha aumentado ligeiramente o peso, ultrapassando os 1000 kg. O para-brisas da capota passou a ser de vidro e atrás dos bancos ganhou-se um defletor de vento.

Ao nível das motorizações não houve inicialmente grandes alterações. A mais significativa foi a introdução de um coletor de admissão variável. Em maio de 2000 foram celebradas as 531 890 unidades produzidas. Um ano depois, em 2001, o Mazda MX-5 NB conheceu um facelift que lhe trouxe novos bancos, um novo painel de instrumentos e mais alguns upgrades como um chassis mais rígido e melhorias ao nível da mecânica.

Dizem os fãs, e alguns colegas de profissão, que o Mazda MX-5 NB é o mais interessante. Porquê? Em primeiro lugar porque é melhor em tudo face ao seu anterior (NA). É mais prático, mais utilizável no dia-a-dia e mais confortável, mas mais importante que tudo isso, muito mais efusivo nas emoções que é capaz de transmitir a quem vai ao volante. É mais eficiente e mais eficaz a soltar a traseira algo que, como viram no meu último ensaio ao Mazda MX-5 numa semana de alerta vermelho em Lisboa, é irresistível quando temos um destes roadster nas mãos.

Curiosamente é a geração que conheço pior. Agora que falo nisso nem me recordo de ter conduzido um Mazda MX-5 NB! Que falha! Se calhar ainda vou a tempo de corrigir isso…

NC (2005-2015)

Mais uma vez a Mazda escolhia um Salão Automóvel para dar a conhecer o novo Mazda MX-5. No caso do NC foi no Salão Automóvel de Genebra de 2005. Diz-se por aí que foi a versão que mais se afastou das origens. É um facto que foi o primeiro a ousar determinados itens como uma capota rígida e até uma capota automática, e até uma caixa de velocidades automática. Ao contrário dos dois antecessores que partilhavam entre si muita coisa, o Mazda MX-5 NC foi um automóvel totalmente novo. Curiosamente foi aproveitado o pisca lateral redondo. Mais largo, mais musculado e com um aspeto mais desportivo. Houve, uma vez mais, um aumento de peso, agora para superar os 1100 kg.

A condução é mais filtrada, o que não é necessariamente mau. Se o objetivo for dar um passeio tranquilamente por umas estradas nacionais é naturalmente mais equilibrado do que os anteriores. Tem mais equipamento e acaba por se revelar ainda mais prático do que o NB. Para os mais receosos, para o inverno, ou ainda para viagens mais longas, a capota rígida é uma mais-valia. Mas um MX-5 é para se conduzir com ela para trás das costas(!), e nesse caso a capota de lona poupa peso e algum dinheiro. Pede menos diversão revelando-se mais certinho. Se a ideia não é apenas dar umas voltas de fim de semana, mas fazer longas viagens, vale a pena o upgrade face ao NB.

Foi comercializado com dois motores, ambos de quatro cilindros e 16 válvulas. Um 2.0l com 160cv e um 1.8l com cerca de 128cv.

Em 2008 houve uma ligeira atualização do modelo com aplicação de novos faróis e para-choques. Os motores também receberam um ligeiro upgrade de potência. Em 2009 o Mazda MX-5 comemorou o seu 20º aniversário, pleno de saúde e vitalidade, criando-se uma edição comemorativa, comercializada nos vários mercados mundiais onde o modelo está à venda.

A 4 de fevereiro de 2011 produziu-se no Japão a unidade número 900.000 do MX-5, um feito conseguido em apenas 21 anos e 10 meses desde que teve início a produção em massa da primeira geração do MX-5, em abril de 1989.

Em 2014, mesmo no fim de produção do Mazda MX-5 NC, ainda foi produzida uma versão a comemorar os 25 anos do modelo.

ND (2015-presente)

A muito aguardada quarta geração do Mazda MX-5 foi revelada em 2014. Chegou ao mercado em 2015, e em 2016 já era “World Car of the Year” e ainda “World Car Design of the Year”. Com esta última geração a Mazda quis fazer um “regresso às origens” e sujeitou o seu roadster bestseller a uma dieta rigorosa que terminou em cerca de 1058 kg. Se até aqui o peso tinha sido sempre a subir, com o Mazda MX-5 ND isso acabou. Para além disso, ficou mais curto. De resto no exterior a mudança foi radical. Sem perder a identidade da marca que lhe deu vida, passou a apresentar faróis muito rasgados na frente e também bastante distintos na traseira.

No interior era inevitável uma atualização significativa também. Para além de mais equipamento ainda face ao NC, passando a incluir um sistema de info-entretenimento com navegação e outros itens de conforto, recebeu já várias ajudas à condução. Escrevi há uns anos, num dos já muitos ensaios que fiz a esta última geração, que as desligo todas. O MX-5 é daqueles automóveis para conduzir, e não para ser conduzido.


Mazda MX 5 2.0 RF 30

Ao invés de uma viagem cansativa, como inicialmente previa, acabei a descomprimir ao volante, numa viagem onde o prazer de condução se sobrepôs a tudo o resto, mas muito por culpa do MX-5.”

Nuno Antunes

As motorizações mudaram completamente para as da nova família Skyactiv, mas mantiveram-se duas versões, um 1.5l com 130 cv e um 2.0l com 160 cv, ambos disponíveis com caixa manual e automática, esta última completamente dispensável para o modelo em questão. A direção passou a ter assistência elétrica.

A versão RF permite maior conforto em viagem, tanto de capota aberta, como de capota fechada, mas a experiência a céu aberto não é tão pura.

Nesta última geração também já passou por algumas atualizações, conheceu várias edições, e até uma versão tipo Targa em 2016 a que a marca chama de “RF” (retractable fastback), e que se por um lado lhe acrescenta peso, por outro confere-lhe outra versatilidade e até conforto em viagens a “céu aberto”.

Uma das edições especiais desta geração foi a 30th Anniversary Edition que, tal como o nome indica, pretendeu celebrar os 30 anos do modelo. Foi também ela revelada no Salão Automóvel de Chicago. Disponível nos dois tipos de carroçaria, mas sempre numa cor exclusiva Racing Orange, as 3000 unidades esgotaram rápido. É a única versão numerada.

Houve ainda alterações em 2019 com a potência do motor 2.0l a subir para 180cv e, mais recentemente, outras modificações mecânicas e de interior. Em 2022 chegaram também novas cores de carroçaria e de interiores. O último modelo que conduzi, debaixo de um temporal, já tinha uma capota em lona azul tipo ganga.

Mazda MX-5. Puro prazer de condução!

O Mazda MX-5 dispensa apresentações, no entanto a maior parte das atualizações de que foi alvo recentemente, contribuem para elevar o prazer de condução.

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Entretanto fala-se de uma possível eletrificação para a próxima geração. Com ou sem eletrificação, a boa notícia é aquela que recebemos recentemente por parte do CEO da Mazda Europa, Martjin ten Brink. “O Mazda MX-5 nunca desaparecerá!”.

Uma legião de fãs em todo o mundo!

Em todo o mundo existe uma legião de fãs do modelo, o que leva a que sejam organizados eventos, encontros e até já houve mais do que um recorde mundial para o livro do Guinness. O último foi no dia 8 de setembro do ano passado, em Modena, Itália. Foi a maior concentração de automóveis Mazda do planeta e reuniu 707 Mazda MX-5, de todas as quatro gerações.

O Club MX-5 de Portugal é uma das mais activas e divulgadas entidades dedicadas à promoção e divulgação de um modelo automóvel

Portugal não é exceção. O Club MX-5 Portugal organiza cerca de seis eventos anuais onde os proprietários e fãs do roadster japonês podem não só conviver uns com os outros, como desfrutar dos seus MX-5 num passeio usufruindo das belíssimas estradas do nosso país, e não só. Nem mesmo as visitas às pistas como o Autódromo Internacional do Algarve (AIA) ou o Kartódromo Internacional de Palmela (KIP) ficam de fora, entre outros.

Na lista de eventos dos últimos anos, publicada no site do Club, já é possível constatar eventos com destino aos Picos da Europa, Andaluzia e, imaginem só, Marrocos! Este último prova que apesar de tudo, não existem limitações para este bestseller da Mazda. Um dia destes vamos marcar presença!