Luca de Meo alerta! “O Euro7 vai trazer o fecho de fábricas”

Luca de Meo avisa que “Euro7 vai trazer fecho de fábricas” e tremendas dificuldades à indústria automóvel europeia.

Luca de Meo avisa que o “Euro7 vai trazer fecho de fábricas” e tremendas dificuldades à indústria automóvel europeia. O novo presidente da ACEA, Associação Europeia de Construtores Automóveis, deixou isso claro na sua primeira intervenção como substituto de Oliver Zipse (CEO da BMW). As diferenças de políticas de comércio da China e dos Estados Unidos levam a ACEA a pedir uma mudança na abordagem dos Governos.

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Luca de Meo avisa governos

Luca de Meo foi muito claro quando referiu que a proposta regulamentação Euro7 vai forçar os construtores a fechar fábricas, lembrando que o investimento que terá de ser feito para cumprir as regras deveria ser alocado ao desenvolvimento de veículos elétricos.

O italiano CEO da Renault discursou pela primeira vez como responsável pela ACEA, organismo que ainda lambe as feridas provocadas pelas saídas da Stellantis e da Volvo.

 Para Luca de Meo, a indústria está numa encruzilhada, pois, é pressionada pelos reguladores europeus a acabar com os motores de combustão interna em 2035, por um lado e do outro enfrentam rivais que vivem em geografias onde as politicas de comércio e de ambiente são muito mais favoráveis. Falamos de China e Estados Unidos da América.

O presidente da ACEA disse mesmo que “ele não estão a banir nada nem a regulamentar, preferem estimular de forma massiva as suas indústrias.” Aqui Luca de Meo apoiou-se no I.R.A. (Infration Reduction Act) plano de Joe Biden, presidente dos EUA, para apoiar a indústria automóvel com tecnologias limpas no valor de 370 mil milhões de dólares.

Não é uma escolha inocente por parte de Luca de Meo, pois, traria subsídios para as indústrias, que tanta falta fazem nesta ocasião. Curiosamente, os Governos europeus criticaram o I.R.A., apelidando-o de medida protecionista.

Políticas de comércio desfavoráveis aos europeus

Ora, Luca de Meo tocou na ferida ao dizer que os construtores europeus encaram um ambiente de negócio assimétrico onde os europeus são, sempre, os bonzinhos que são ultrapassados pelos realistas.

Deixando claro que os construtores europeus sempre estiveram disponíveis para acolher novos “players” no mercado – não deixando de alfinetar a União Europeia ao dizer que com isso perdem quota de mercado – mas deixa uma questão no ar. “Será que estamos a ter a mesma reciprocidade que deveria regular o comércio entre blocos económicos?”

MERCADOEUROPEU

Perante este cenário, a carta aberta enviada pela ACEA aos Governos do Velho Continente é muito clara.

ACEA quer nova política comercial

“Pedimos, urgentemente, que a Europa desenhe uma política ambiciosa e estruturada para a indústria automóvel que possa rivalizar com outras geografias mundiais, salvaguardando e promovendo o livre e gratuito comércio em todo o globo.”

Finalmente, a ACEA pede que o Euro7 seja alterado. Desde logo porque há estudos que dizem ser contraproducente querer reduzir tanto as partículas que vai impedir alcançar as metas de emissões de CO2. Depois, porque para ser implementado em 2025, não há tempo suficiente para homologar e equipar todos os modelos com as novas tecnologias.

Além disso, o custo por veículo iria aumentar 1000€ para o construtor e o dobro para o cliente. Por outro lado, Luca de Meo foi claro ao dizer que o aumento do preço dos veículos irá reduzir entre 7 a 10% as vendas num mercado já deprimido e que conduz ao fecho de fábricas. Deu ainda o exemplo da Renault. Não destapando o véu sobre que fabricas terão de fechar, deixou o número: quatro! Solução?

“Poderíamos alcançar uma relação custo-benefício muito melhor se reorientássemos o enorme investimento no Euro7 para a aceleração da eletrificação, tornando os veículos elétricos mais acessíveis ou reduzindo as emissões da frota atual através, por exemplo, de combustíveis com baixo teor de carbono.”

Luca de Meo está “otimista” na união da indústria (apesar da Stellantis e da Volvo terem saído da ACEA) porque “temos muito em comum”. Mas deixou claro que “temos de ter uma boa margem de lucro nos carros elétricos, pois, o investimento é enorme. Se assim não for, o negócio dos veículos elétricos não será muito saudável para a indústria.”