Elétricos da Renault bloqueados devido a suposta fraude em Portugal

Está em causa o contrato de aluguer de baterias. A empresa diz que o mesmo cessa quando o carro é exportado, mas parece que não é bem assim…

Ao adquirir um automóvel 100% elétrico é necessário ter algum cuidado, nomeadamente se for um daqueles casos de modelos que foram comercializados com um contrato de aluguer das baterias. Isto para não lhe acontecer o sucedido a dezenas de utilizadores que, de um momento para o outro, ficaram com o carro parado. Sem carga na bateria e sem a poderem carregar. Quem “levantou” a lebre foi o Jornal de Notícias que falou com várias pessoas lesadas neste esquema que pode ser uma burla.

Segundo noticiou o Jornal de Notícias e a CNN Portugal, parece haver um alegado esquema burlão de venda de viaturas elétricas. Depois de vendidas, acabam por parar quando surge no ecrã “Carga Bloqueada”.

O modelo alvo desta alegada burla é sempre o mesmo, Renault Zoe. Isto não quer dizer que a Renault tenha alguma coisa, diretamente, a ver com isto, até porque depois de percebermos o esquema podia acontecer com alguns outros. Mas vamos ao exemplo que a CNN Portugal refere.

Um exemplo entre muitos

Uma fisioterapeuta que vive em Fernão Ferro, margem sul do Tejo, comprou um Renault Zoe, a pronto, com apenas dois mil quilómetros. Tudo estava bem até ao dia em que o carro se recusou a trabalhar e surgiu a fatídica mensagem “Carga bloqueada”. O Zoe nunca mais funcionou.

Exatamente a mesma coisa sucedeu a muitos outros clientes utilizadores de modelos Zoe da Renault ligados, direta ou indiretamente, a um espaço de venda de veículos automóveis elétricos localizado em Vila do Conde. Entre os compradores estão inclusivamente duas Câmaras Municipais que adquiriram dois Renault Zoe cada uma delas. A E-Drive importa e vende veículos elétricos e passou fatura onde estava bem explicito ser uma viatura “sem aluguer de bateria”. E porque é isto importante?

Como sabem, a Renault teve a opção de comprar o Zoe sem comprar a bateria. Como? Alugando o componente mais caro do veículo elétrico. Em tempos a Nissan também praticou este modelo.

Ora, é aqui que entra a parte indireta da Renault nesta situação: a RCI, a financeira do grupo Renault, hoje conhecida como Mobile Financial Services, explicou o que se passou, mesmo não tendo nada a ver com a E-Drive que comercializou os Zoe usados.

Tudo aconteceu porque estes modelos tinham, no seu país de origem, contratos de aluguer das baterias aquando da primeira venda. E portanto, quando o carro é vendido ou exportado, o contrato passa para o novo proprietário. A E-Drive diz que não. Quando o carro é exportado, cessa o contrato. Se assim fosse, estamos a ver quem perderia dinheiro. Como a bateria pode ser bloqueada remotamente, temos aqui um busílis complicado e há quem esteja há mais de um ano sem carro, sem dinheiro e sem solução…

Assim, ao adquirir um destes modelos, tente certificar-se de que o mesmo não tem um contrato de aluguer de baterias ativo e claro, se a esmola for demais… desconfie! Lembre-se! Ninguém dá nada a ninguém! Um destes veículos 100% elétricos, em particular o Renault Zoe e o Nissan Leaf, com preços demasiado baixos, desconfie!