A cidade de Lisboa com sucessivos alertas devido ao mau tempo, e o ensaio marcado para esta semana era um Mazda MX-5! Nem queria acreditar! Peguei no carro debaixo de um temporal quase inimaginável. Assim que saio com ele para o exterior, o ruído ensurdecedor da chuva na capota de lona fez-me pensar. “O que vou eu fazer esta semana com um roadster de dois lugares debaixo deste temporal?“. Acabo de ter este pensamento e estão os vidros todos embaciados. O pequeno casulo que é o cockpit do MX-5 não perdoa. Trato do desembaciamento e lá estou eu, parado no meio do trânsito, debaixo de chuva intensa. “Vai ser bonito!“, pensei eu… E não é que foi mesmo?
Assim que o trânsito ficou ligeiramente desimpedido já todos os meus pensamentos se tinham desvanecido. Depressa me veio à memória o quão gratificante é a condução do Mazda MX-5, um roadster que já me passou pelas mãos várias vezes, tanto nesta versão soft-top, como na versão RF com capota metálica e elétrica. Da típica posição de condução de pernas esticadas e bem colado ao chão, à caixa de velocidades manual muito precisa de curso e comando bem curtinhos, passando pela direção direta e a subida de rotação bem linear devido à ausência de turbo, tudo isto no tal habitáculo bem acolhedor! São estes atributos, em conjunto com a facilidade com que abrimos horizontes e nos colocamos a céu aberto, que fazem do Mazda MX-5 um verdadeiro bestseller!
O Mazda MX-5, nascido em 1989, é o roadster de dois lugares mais vendido em todo o mundo com mais de 1 milhão de unidades vendidas.
E se por momentos ainda pensei que teria de abrir a capota e esticar os remos durante a semana em que tive o Mazda MX-5 ao meu dispor, depressa percebi que desta vez podia deixar de parte a abertura da capota, e aproveitar de melhor forma outras potencialidades do Mazda MX-5, nomeadamente… a tração traseira!
É mais forte do que eu, confesso. Se um dos encantos do Mazda MX-5 é poder andar relaxadamente a céu aberto com uma conexão ímpar entre nós e o automóvel, outro é sem dúvida o de desafiar o eixo traseiro a sair do lugar. Se é que me faço entender… O motor atmosférico não facilita muito a tarefa, ainda mais nesta versão 1.5 Skyactiv-G de 132 cv, a mais comum de se ver. E não é por acaso. Na verdade a potência é mais do que suficiente para tirar partido do chassis e permitir bons andamentos. Para além disso a diferença para a versão 2.0 Skyactiv-G de 184 cv situa-se sempre entre os 3 e os 4 mil euros, com consequente aumento também do IUC, o que não me parece compensar.
O motor 1.5 Skyactiv-G de 132 cv é suficiente para bons andamentos ainda que sendo atmosférico exija ser bem espremido
Dizia eu… provocar o eixo traseiro é outro dos encantos do Mazda MX-5 e ao qual eu não consigo resistir. Isto, apesar do bom comportamento e estabilidade do modelo. Aliás, uma das novidades desta nova geração, é a tecnologia Kinematic Posture Control (KPC). Esta reconhece a diferença de velocidades entre as rodas traseiras em curva, e aplica ajustes de travagem na roda interior. Assim, aumenta a segurança e estabilidade, mesmo quando se abusa dos limites em estrada.
Ora desta vez, e tendo feito todo o ensaio com o piso predominantemente molhado, consegui tirar melhor partido deste outro lado do pequeno roadster, e tudo sem grandes exageros, esforços ou desgastes consideráveis. É nestas situações que percebemos melhor ainda o equilíbrio do chassis do MX-5. É também ele o responsável pelo encanto que é sempre conduzi-lo, ao ponto de custar cada vez mais devolvê-lo após os dias de ensaio.
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E assim, o ensaio que parecia à partida “condenado” pelo mau tempo, acabou por se transformar em momentos de maior cumplicidade e atrevimento ao volante do Mazda MX-5. Gosto mesmo disto caramba!
E a cereja no topo do bolo foram as horinhas de sol em que ainda pude atirar para trás das costas a capota manual em lona azul. Mais uma novidade e que é exclusiva da cor da unidade ensaiada, e desfrutar um pouco do MX-5 a céu aberto. Além disso, esta foi também a estreia do meu filho num roadster, depois de ter feito a sua primeira viagem num SUV 100% elétrico. Um dia vou-lhe contar como também ele gostou de ir para a creche debaixo de chuva num roadster de dois lugares!
Por fim, e sempre que termino um ensaio ao Mazda MX-5 dou por mim num qualquer site de classificados… Feliz ou infelizmente que nessa altura não tem aparecido um bom negócio. Enquanto esse dia não chegar, faça chuva ou faça sol, todos os motivos são bons para mais um ensaio a este simples, mas apaixonante roadster japonês.