Antes de fazer a primeira grande viagem a bordo do Volvo XC40 P8 Recharge, tirámos alguns dias para ficar a conhecer melhor as prestações e os modos de condução do carro. Ou seja, vamos lá aprender a conduzir um elétrico! Como qualquer carro elétrico, dos muitos que já estão no mercado e que podes consultar aqui, a primeira coisa a fazer é experimentar como ele se comporta com o nosso estilo de condução. À medida que vamos fazendo quilómetros, ficamos a perceber como devemos ajustar a condução e qual é a autonomia real connosco ao comando. E, finalmente, termos a noção dos tempos de carregamento necessários para cada situação. Por isso, vem daí descobrir connosco.
O “nosso” Volvo XC40 P8 Recharge. Primeiras sensações ao volante
Como é viver durante um ano com um automóvel 100% elétrico? Contamos-lhe tudo neste diário de bordo, a começar pelo nosso companheiro nesta aventura.
One Pedal Drive
A primeira coisa de que devemos ter em conta para aprender a conduzir um elétrico, é o One Pedal Drive. Provavelmente, para quem nunca conduziu um carro elétrico, será a maior diferença no estilo de condução, ainda que nem todos os elétricos disponham de um sistema destes. Ele permite conduzir usando apenas o pedal do acelerador! Ao levantar o pé direito, o sistema de regeneração faz a travagem do carro, sem recurso ao pedal do travão. E, no caso deste Volvo, imobilizando completamente o veículo. É, sem dúvida alguma, uma mais valia na condução, principalmente em cidade, até porque com este sistema (One Pedal Drive) desligado, sente-se a falta de um sistema de auto-hold neste Volvo XC40 P8 Recharge.
Travagem Regenerativa
Todos os motores elétricos são também geradores. Se, ao pressionar o pedal do acelerador estamos a consumir eletricidade, ao levantar o pé estamos a gerar. O motor aproveita a energia cinética do movimento das rodas do carro para “girar” o motor e recarregar a bateria reduzindo a velocidade do veículo no processo sem recurso aos travões.
A travagem regenerativa aproveita o movimento do carro para gerar energia, nas travagens e desacelerações
Claro que a quantidade de energia que podemos gerar é limitada por vários fatores. Primeiro porque o fazemos quase sempre a baixas velocidades e por pouco tempo. A inclinação do terreno pode ajudar-nos neste sentido, podendo aproveitar melhor as descidas para recuperar alguma bateria. E, depois pela própria capacidade do acumulador. Se a bateria estiver totalmente carregada, a regeneração não é possível. Pense na bateria como um depósito de combustível que, quando está cheio, não tem capacidade para encher mais.
Duas grandes vantagens
As duas grandes vantagens deste sistema presente nos carros elétricos são a regeneração de bateria e a poupança dos travões a longo prazo. Na maioria das situações do dia-a-dia, pouca diferença faz na autonomia mas, a longo prazo, todos esses bocadinhos de energia que conseguimos regenerar fazem muita diferença no valor de “combustível” que podemos poupar.
Depois ajuda a evitar o desgaste dos travões, fazendo com que estes componentes durem muito mais tempo do que num automóvel a combustão sem qualquer eletrificação. Uma das razões que faz com que a manutenção de um automóvel elétrico seja tão mais em conta do que a de um a combustão. Mas sobre isso falaremos mais à frente no nosso diário de bordo.
É fácil habituar-se a conduzir assim?
Sim, muito embora este tipo de condução requeira alguma habituação. Compreender o sistema faz parte do processo de aprender a conduzir um elétrico. É preciso “sentir” a força da regeneração (travagem) a diferentes velocidades e com a diferente carga da bateria. Mas, aos poucos, vamos percebendo quando e quanto devemos levantar o pé em cada situação. Depois, é um estilo de condução que requer mais antecipação da estrada, dos cruzamentos e do trânsito para tirar o máximo partido da mecânica do carro. E, claro, o pedal do travão continua lá para quando for realmente preciso.
A condução com um só pedal rapidamente se torna intuitiva.
Ao princípio pode parecer estranho, mas rapidamente se vai tornar numa coisa intuitiva e que fazemos sem pensar. Neste modelo da marca sueca, o único senão é que para ativar ou desativar esta funcionalidade tenhamos de navegar pelos menus do ecrã no sistema de info-emtretenimento, não havendo uma forma imediata de, por vezes, deixar o carro rolar quando levantamos o pedal. Além disso, também a força da regeneração não pode ser regulada, através de patilhas do volante ou na caixa por exemplo, sendo tudo feito com a sensibilidade do pé do condutor.
Ou seja, com o sistema One Pedal Drive ativo temos a regeneração máxima, com ele desativado não temos qualquer regeneração, ficando o motor em “roda livre” quando deixamos de acelerar.
O Pilot Assist e outros sistemas de apoio à condução
Pilot Assist é isso mesmo: uma assistência ao “piloto” enquanto conduz. Utiliza o sistema de câmaras e sensores do carro para detetar as linhas da estrada, ajudando o condutor a manter a trajetória do veículo quando usamos o sistema de Cruise Control. É o início da condução autónoma que, por questões de segurança e de legislação, ainda requer que o condutor mantenha as mãos no volante. É por isso que, mesmo em longas retas, ainda somos forçados a dar uns toques no volante para manter o sistema ativo.
Contudo, e o contrário de outros modelos, neste Volvo XC40 Recharge é uma ajuda suave, nada invasiva e que ajuda a tornar as viagens longas, sobretudo em autoestrada, mais fáceis.
Outras ajudas à condução
Além dos sistemas já referidos e de outros já mais comuns nos carros modernos, queremos destacar duas ajudas que funcionam especialmente bem neste Volvo. Em primeiro lugar o Assistente de Travagem Automática em caso de perigo. Este sistema trava o veículo em situações de perigo quando o carro deteta um objeto à frente ou atrás e perigo de colisão. Muito útil, por exemplo, quando estamos a estacionar ou a sair de um estacionamento de traseira.
Depois, destaque também para o sistema de Máximos Automáticos. Talvez o mais eficaz e de rápida resposta que já vi num automóvel. Na condução noturna, com os máximos automáticos ligados, o carro alterna entre médios e máximos automaticamente consoante o que tem pela frente. No teste que fiz, experimentei ligar o sensor mas tentar reagir também eu próprio em simultâneo. A surpresa veio quando, em quase todas as situações, o sistema automático foi tão (ou mais) rápido que a minha intervenção. Um descanso garantido em longas viagens noturnas.
O sistema de máximos automáticos funciona a velocidades quase humanas!
Claro que, todas estas funcionalidades dependem de vários sensores, pelo que podem ser ligeiramente influenciados por grandes sujidades. Mais um bom motivo para termos sempre o carro bem limpinho!
A primeira carga
Depois de darmos voltas e voltas com o carro, chegou a altura de fazer a primeira carga. Até porque se é preciso recuperar bateria para nos fazermos à nossa primeira grande viagem rumo à cidade da Guarda.
Para carregar em casa, é preciso escolher a melhor solução.
Tão importante como aprender a conduzir um elétrico, é aprender a carregá-lo. O cabo de carregamento doméstico que vem com o Volvo XC40 Recharge permite carregar até 2,3 kW. Contudo, em situações reais, é mais comum fazer uma carga de 1,5kW. Isto significa que, por exemplo, com uma tarifa bi-horária onde carregar o carro entre as 22h e as 8h é mais barato, ele seja capaz de recuperar 20% da bateria numa noite. Mais do que suficiente para uma utilização diária dita normal. Mas já não tanto para recuperar de viagens mais longas.
Mas, como nas atividades do Escape Livre comemos quilómetros ao pequeno-almoço, optámos por ter à mão uma das soluções do nosso parceiro ADNEnergy. Vamos usar um carregador doméstico que nos permite carregar até 3,7 kW em tomada doméstica normal (e até 11 kW em trifásico, o máximo permitido pela maioria dos carros elétricos nesta situação) carregando 40% da bateria no mesmo período. Além disso, esta alternativa às Wallboxs Domésticas também nos permite levá-la para qualquer lado connosco! Uma vantagem inegável já que nos permite utilizá-lo por exemplo em hotéis, e outras instalações, em especial onde encontramos uma tomada trifásica.
Tempos de carregamento
Há três coisas que precisamos saber aqui. A primeira é que a eletricidade é só uma, mas pode chegar até nós de várias formas. Para além da corrente alternada (a que temos em casa), e que pode ser monofásica, ou trifásica, existe a corrente contínua (a que encontramos nos postos de carregamento rápido). Depois há diferentes tipos de carregadores, com diferentes potências que, naturalmente, carregam o carro a velocidades diferentes. E por fim e menos óbvio para muitos, é que o carro carrega a velocidades diferentes consoante a carga de bateria que ainda tem.
A velocidade da carga varia com a potência do carregador, que por sua vez depende da potência disponível na instalação
No primeiro ponto, temos os carregadores domésticos, normalmente entre 1,8 kW e 3,7 kW. Depois os carregamentos públicos lentos, até 11 kW (ou 22 kW em alguns carros como o Renault ZOE). A seguir os carregadores públicos rápidos de utilização mais comum, de 50 kW. E, finalmente os ultrarrápidos, que podem carregar a mais de 300 kW. Aqui, na maioria dos casos, o limite é o do carro, no nosso caso 100 kW.
Consoante o tipo de carregador onde está, a velocidade de carregamento será diferente. No nosso caso, em casa, o Volvo demora 13 horas para carregar de 20 a 80% da bateria, aos tais 3,7 kW, ou 4 horas à velocidade de 11 kW. Do mesmo modo, uma hora num posto de 50 kW ou ainda 40 minutos num posto ultrarrápido de 100 kW. Tudo isto cenários para carregar de 20% a 80%.
A partir dos 80% de carga, a performance de carregamento diminui bastante
Felizmente, podemos controlar tudo isto através da aplicação no nosso telemóvel, verificando se está tudo ok com a carga do carro e obtendo uma estimativa de quando está pronto para seguir viagem.
Os 80% que devemos sempre ter em mente
Importa também referir que, a partir dos 80% de bateria, em carregadores com mais 50kW de potência, a velocidade de carregamento diminuiu substancialmente. Isto porque à medida que a bateria fica “mais cheia” é mais difícil encher de energia e também devido ao aquecimento da bateria. É por isso que, numa viagem longa, até pode sair com 100% da bateria no início mas, pelo caminho, é mais eficaz ir carregando apenas até 80% em cada paragem.
Dos 80% até aos 100%, a velocidade de carregamento vai diminuir substancialmente, pelo que poderá demorar o mesmo tempo (ou mais) que demorou a carregar dos 20% aos 80%, para carregar os restantes 20%, até atingir os 100%. Do mesmo modo, numa utilização diária em que a totalidade da carga não lhe seja imprescindível, a recomendação é sempre carregar apenas até aos 80% para aumentar a vida útil da bateria.
Vamos até à Guarda?
Tudo isto é importante ter em mente para aprender a conduzir um elétrico. Agora, vamos carregar o nosso Volvo XC40 e preparar-nos para a primeira grande viagem. Próxima paragem – Guarda e 326 km de autoestrada pela frente. A subir! Fique desse lado e acompanhe este Ano Elétrico.