Ricardo Teodósio é bi-campeão nacional após prova imprópria para cardíacos

O Campeonato de Portugal de Rali decidiu-se no Rali de Mortágua. Ricardo Teodósio ao volante do Skoda Fabia Rally2 Evo conquistou o título de 2021.

O Campeonato de Portugal de Rali decidiu-se na derradeira prova, o Rali de Mortágua, e nos derradeiros metros com Ricardo Teodósio, acompanhado por José Teixeira e ao volante de um Skoda Fabia Rally2 Evo, a conquistar o título de 2021 na última classificativa.

Apesar de ter ganho de forma clara e enfática o Rali Vidreiro, as contas do campeonato para Ricardo Teodósio eram amplamente desfavoráveis. O piloto da ARC Sport chegava a Mortágua com sete pontos de atraso para Armindo Araújo e com a necessidade de deitar fora o pior resultado, ou seja, um dos quartos lugares registados (Vinho Madeira e Alto Tâmega).

A vitória era exigida ao piloto algarvio para ter aspirações a ser bi-campeão. Fácil? Não! Até porque Bruno Magalhães queria dar a primeira vitória ao novo Hyundai i20 Rally2 e José Pedro Fontes gostava de fechar o ano com um sucesso.

Para complicar mais a situação, Miguel Correia estava presente com um Skoda Fabia Rally2 Evo para lá do VW Polo GTI de Paulo Meireles, todos com legítimas aspirações aos primeiros lugares.

Ingredientes mais que suficientes para um rali em piso de terra cuja estrutura tinha 107,92 km de troços num total de 188,75 km com as ligações. A prova especial de classificação mais longa era Felgueira, com 18 quilómetros, o mais curto os 7,78 km de Moitinhal-C.Calvos.

Quatro troços repetidos duas vezes divididos em duas rondas por uma passagem pelo parque de assistências formavam a estrutura deste Rali de Mortágua, pronto para decidir o título de 2021.

No ”Shakedown”, Ricardo Teodósio explicou ao que vinha e fez o melhor tempo, que repetiu na Qualificação. No primeiro caso bateu Miguel Correia, no segundo superiorizou-se a Bruno Magalhães.

Prova dramática com reviravoltas constantes

Manhã cedo a prova foi para a estrada e logo o primeiro drama da prova: devido a um furo, Armindo Araújo acetou em cheio numa árvore! Os danos no Skoda foram significativos e impediram que o campeão de 2020 pudesse regressar à estrada e acabou, mesmo, por espoletar o cancelamento da primeira classificativa.

Com um atraso de meia hora, a prova foi reatada com os pilotos a começaram, efetivamente, o rali na segunda classificativa, Santuário – Palheiros com 12,93 km. Quando se esperava que Ricardo Teodósio ganhasse motivação com o abandono do seu maior rival na luta pelo título, eis que nasce o segundo drama do Rali de Mortágua: a alavanca da caixa do Fabia Rally2 Evo da ARC Sport deu dores de cabeça ao piloto e a afinação do carro não estava perfeita. Resultado? Apenas o sexto tempo na classificativa perdendo 18,9 segundos para o mais rápido e primeiro líder do rali, José Pedro Fontes. Atrás do piloto do Citroen C3 Rally2 ficaram Bruno Magalhães (Hyundai i20 Rally2), Miguel Correia (Skoda Fabia Rally2 Evo), Pedro Meireles (VW Polo GTI R5) e Manuel Castro (Skoda Fabia R5).

Azar para José Pedro Fontes

Terceira classificativa do rali, terceiro drama: José Pedro Fontes ia embalado para mais uma vitória em troços e a bateria decidiu abandonar a contenda, imobilizando o Citroen C3 Rally2 e deixando Fontes e Inês Ponte apeados, fora de prova.

Contas feitas, vitória para Bruno Magalhães na frente de Miguel Correia, Pedro Meireles e um desapontado Ricardo Teodósio que perdeu mais 13 segundos e em pouco mais de 26 quilómetros de troços tinha deixado ficar 38,7 segundos.

E para juntar insulto ao prejuízo, Teodósio penalizou 10 segundos por chegar atrasado ao troço, aumentando a desvantagem e ficando o piloto com a sensação da taça de campeão a escorregar das mãos.

A primeira ronda de troços acabou com mais uma vitória de Bruno Magalhães, cujo ritmo impressionante oferecia, à entrada do parque de assistências, uma robusta vantagem de 18,9 segundos para um excelente Miguel Correia e 28,9 segundos para Pedro Meireles. Para Ricardo Teodósio, a manhã tinha sido de sofrimento e estava já a 51,4 segundos do líder.

Teodósio renascido chega ao título

Para chegar ao segundo lugar, o algarvio tinha de passar por Pedro Meireles, 22,5 segundos á sua frente e, depois, ultrapassar Miguel Correia, seu colega de equipa na ARC Sport que estava a 32,5 segundos. E o jovem piloto avisou na paragem a meio da prova que “não vou facilitar a vida ao Ricardo”.

Os técnicos da ARC Sport voltaram a destacar-se e a formação de Aguiar da Beira deu uma resposta demolidora na segunda ronda.

Ricardo Teodósio e entrou a todo o gás e com os problemas do Skoda Fabia Rally2 Evo resolvidos, venceu o primeiro troço da tarde Moitinhal-C.Calvos (7,78 km), reduzindo a desvantagem para Pedro Meireles em gordos 10,2 segundos, mas magros 0,8 segundos para Miguel Correia.

Na segunda passagem por Santuário-Palheiros (12,93 km), Bruno Magalhães puxou dos galões e colocou um ponto final na luta pela vitória ao ganhar 10,6 segundos a Miguel Correia, colocando a diferença em 30 segundos. O segundo tempo foi para Teodósio que escovou mais 4,1 segundos da vantagem de Meireles e 9,9 segundos ao avanço de Miguel Correia.

A tensão era de cortar à faca e não havia mais unhas para roer, mais café para beber nem calmantes para tomar. Tudo se iria decidir em pouco mais de 31 quilómetros.

Nos 13,25 km de Laceiras-Tojeira, Ricardo Teodósio brindou Pedro Meireles com 9,1 segundos e chegava ao terceiro lugar. Com 13,1 segundos ganhos a Miguel Correia, o título de 2021 estava, agora, a 8,7 segundos que o algarvio tinha de encontrar nos 18 quilómetros de Felgueira, o troço mais longo da prova e a “Power Stage”.

Para o piloto algarvio da ARC Sport as contas eram simples: tinha de ganhar o troço e os 3 pontos entregues ao vencedor e subir ao segundo lugar passando por Miguel Correia.

Ricardo Teodósio esteve verdadeiramente endiabrado e com uma média de 86,1 km/h num troço difícil e complicado, venceu a “Power Stage” encaixando os 3 pontos vitais. Pedro Meireles registou o segundo melhor tempo, mas perdeu 13,3 segundos, ficando na frente de Miguel Correia que perdeu para Teodósio 15,6 segundos e o segundo lugar. Bruno Magalhães levou ao colo o Hyundai i20 Rally2 até final, perdendo 19.4 segundos para Teodósio.

Contas feitas, Magalhães venceu pela primeira vez com o novo Hyundai i20 Rally2 e Ricardo Teodósio sagrou-se campeão nacional 2021, o seu segundo título nacional aos 46 anos e depois de uma longa carreira na velocidade e nos ralis.

Um segundo lugar que soube a vitória para Ricardo Teodósio e José Teixeira, depois de uma prova onde a meio do dia tudo parecia perdido apesar do abandono do seu mais direto rival, Armindo Araújo.

“Tive de gerir a prova de uma forma diferente” lembrou no final Ricardo Teodósio, sustentando que “estava a pensar ter de fazer uma prova toda ao ataque, e tive de me acalmar e também de resolver um problema com o carro. Depois de ter resolvido o problema na assistência, conseguimos chegar ao 2º lugar, ganhar a Power Stage e alcançar o título. Quero agradecer a todos os meus patrocinadores e à ARC Sport, porque sem eles nada disto era possível. Agradecer também o trabalho do José Teixeira, com uma evolução constante nas notas e dar os parabéns ao Bruno Magalhães pela vitória na prova. Não podia estar mais feliz”

Ricardo Teodósio, bi-campeão nacional de ralis

“foi um dia complicado. Um daqueles dias muito compridos, em que de manhã tivemos uma guerra de nervos para poder chegar à assistência, que fez um trabalho exemplar, e depois da parte da tarde atacar para chegar ao 2º lugar e vencer a ‘Power Stage’. Felizmente conseguimos alcançar o nosso objetivo e ser de novos campeões de ralis.”

José Teixeira, navegador de Ricardo Teodósio

ARC Sport ganha mais um título de equipas

Mas o trabalho feito pela equipa ARC Sport no Skoda Fabia Rally2 Evo revelou-se certeiro e entregou ao piloto algarvio um carro excelente que lhe permitiu uma recuperação fantástica. O trabalho da equipa de Aguiar da Beira, liderada por Augusto Ramiro destacou-se, ainda, com o terceiro lugar de Miguel Correia que conseguiu suster os ataques de Pedro Meireles que ficou fora do pódio devido à recuperação de Ricardo Teodósio. Pena o abandono de Paulo Neto ao volante de um Skoda Fabia R5 igualmente preparado pela ARC Sport.

Contas feitas, a ARC Sport venceu entre as equipas, mais um título, o terceiro da equipa beirã, que deixou muito satisfeito Augusto Ramiro.

“Só posso fazer um balanço muito positivo desta prova e também do campeonato. Tudo isto só foi possível devido ao empenho e dedicação de toda a nossa equipa que, uma vez mais, se mostrou fantástica. Quero deixar os meus parabéns ao Ricardo Teodósio e ao José Teixeira, pelo segundo título que alcançaram hoje, na última prova do ano e no último troço do rali. Foi um campeonato discutido mesmo até ao fim. Para esta equipa fabulosa, ficam os meus parabéns e também os meus agradecimentos”

Augusto Ramiro, ARC Sport

Palavra final para a vitória nos Rally3 e um excelente 5º lugar à geral para Daniel Nunes e Nuno Mota Ribeiro ao volante do Ford Fiesta Rally3, Carlos Fernandes e Valter Cardoso nos Rally4 com um Peugeot 208 Rally4 e, finalmente, Gil Antunes e Diogo Correia com o Dacia Sandero R4Kit.

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Classificação final

  • 1º Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai i20 Rally2), 1h05,48,2s;
  • 2º Ricardo Teodósio/José Teixeira (Skoda Fabia Rally2 Evo), a 27,9s;
  • 3º Miguel Correia/Mário Castro (Skoda Fabia Rally2 Evo), a 34,8s;
  • 4º Pedro Meireles/Pedro Alves (Volkswagen Polo GTI R5), a 41,2s;
  • 5º Daniel Nunes/Nuno Mota Ribeiro (Ford Fiesta Rally3), a 3m53,7s; etc.

(17 equipas classificadas)

Fotos: FPAK