O que vale ser o número 1 em vendas a nível mundial?

Ser o número um em vendas não significa ser o campeão no que diz respeito a lucros. A questão é? O que é que é mesmo mais importante?

Foi uma obsessão no passado para os responsáveis do grupo Volkswagen e homens como Martin Winterkorn não descansaram enquanto não roubaram o primeiro lugar das vendas mundiais à Toyota. Porém, a história revelou que essa busca foi amaldiçoada com a espuma dos dias a revelar esquemas e jogadas por baixo da mesa para conseguir o número mágico acima das 10 milhões de unidades vendidas.

A liderança foi sendo trocada de mãos entre o grupo VW e o grupo Toyota ao sabor de um mercado volátil, pequenos e grandes escândalos, mas desde 2016 que o gigante alemão carregava o facho da liderança das vendas globais.

Planos furados

O ano de 2020 foi um desafio constante para a indústria automóvel muito por culpa da pandemia de Covid-19 que fechou espaços de venda e forçou confinamentos que danificaram as perspetivas de vendas.

Ainda assim, a Toyota roubou a liderança à Volkswagen com 9,3 milhões de veículos vendidos em todo o mundo contra 9,1 milhões do gigante alemão. Resultados absolutamente fantásticos para um ano como o de 2020, até porque o terceiro classificado, a Aliança Renault Nissan Mitsubishi, ficou longe com “apenas” 7,9 milhões de veículos.

Fora do pódio ficaram a General Motors (6,8 milhões), o grupo Hyundai (6,4 milhões) e a Stellantis com 6,3 milhões de unidades vendidas. O grupo liderado por Carlos Tavares vendeu menos que a PSA e a Fiat Chrysler Automobiles em 2019 (7,9 milhões de veículos), um resultado que não afetou a sua rentabilidade.

Então ser o recordista de vendas a cada ano não é sinónimo de lucro e sucesso? Por vezes… não.

No caso da Toyota acaba por ser uma verdade, mas isto porque a casa japonesa é recordista de vendas em 2020 e no lucro. Desde 2009, ano em que registaram um prejuízo de perto de 500 milhões de ienes (3,8 milhões de euros) a Toyota tem vindo a registar lucros impressionantes e em 2020 isso não foi exceção com quase 19,5 mil milhões dólares (17,2 mil milhões de euros). Ou seja, uma margem de lucro operacional de 7,2%.

Olhando para a Volkswagen, vender quase 10 milhões de veículos traduziu-se em 4,3%, bem diferente daquilo que aconteceu com a Toyota. O lucro total foi de 9,7 mil milhões de euros.

Portanto, ser o número 1 em vendas no mundo não quer dizer lucro imediato ou contas bancárias mais recheadas. Veja-se a Stellantis. Vendeu 6,3 milhões de unidades, teve uma margem de lucro operacional que na PSA foi de 7%, na FCA foi de 4,3%, com, respetivamente, lucros de 3,4 mil milhões de euros e 3,7 mil milhões de euros.

Componentes como o preço dos automóveis, os custos com as redes de distribuição e a ocupação das fábricas, influi nos resultados e por isso, muitas vezes, menos é mais. E ser o número 1 nas vendas mundiais já deixou de ser um objetivo a perseguir.