Fiat Uno Turbo I.E. A raça italiana em formato de caixote

Quase 15 mil euros foi o valor de venda de um Fiat Uno Turbo i.e. nacional, e que acabou no estrangeiro. Um pocket-rocket de eleição!

16 800 dólares! Quase 15 mil euros. Foi por este valor que se ficou o leilão de um, muito português, Fiat Uno Turbo i.e., no site Bring a Trailer, nos Estados Unidos. Infelizmente, e à semelhança do que aconteceu com o Honda CRX que nunca circulou e vários outros, este é mais um interessante exemplar a sair de território nacional. O modelo nunca foi vendido no mercado norte americano, podendo agora ser legalizado ao abrigo das leis de importação de veículos históricos.

Na europa, por outro lado, cimentou a sua reputação como um dos mais icónicos (e perigosos) Pocket Rockets dos anos 80. A notícia deste leilão que terminou com uma quantia quase record, obriga-nos a olhar para trás e perceber o quão especial foi o Turbo i.e.

Iniezione Elettronica

Foi do sistema de injeção multiponto Bosch (injeção eletrónica) que este foguete italiano herdou o nome de Turbo i.e. (Iniezione Elettronica). Baseado no seu muito humilde primo citadino, o Uno Turbo i.e. apresentava-se em 1985 com uma carroçaria de três portas, caixa manual de cinco velocidade e um motor 1.3 l cheio de carácter e com um turbo lag que hoje está reservado apenas aos livros de história.

O sistema de ignição eletrónica Magneti Marelli e o intercooler, ajudavam a alcançar os 105 cv, que catapultavam os míseros 845 kg para velocidades respeitáveis. Mais tarde, a segunda geração do Turbo I.E. alcançaria os 118 cv.

A potência do motor Turbo, disponível apenas a partir das 3200 rpm, e o baixo peso do Uno permitia-lhe, com alguma facilidade, chegar aos 205 km/h de velocidade máxima… sem airbags, ABS, ESP, ou qualquer outra ajuda eletrónica… Mamma mia! A festa fazia-se até às 6000 rpm…

Não era por acaso que muitos lhe chamavam o “carro das viúvas”.

Já mais tarde na sua produção, foi introduzido um sistema de ABS rudimentar apenas para as rodas dianteiras, com a particularidade que apenas funcionava uma vez por ignição, ou seja, depois de cada percalço a travar, toca a desligar e ligar o carro para voltarmos a ter alguma (ínfima) ajuda eletrónica.

Um elegante caixote

Toda a estética foi também revista com jantes específicas de 13“, porta traseira em fibra de vidro com spoiler e vidros escurecidos. O para choques frontal redesenhado em torno dos faróis de nevoeiro, incorporava novas entradas de ar para fornecer ar fresco ao radiador do óleo e intercooler.

A suspensão tornou-se mais baixa e firme, oferecendo uma melhor e mais rápida resposta aos inputs do volante. Havia também novos travões frontais ventilados que garantiam uma afinação de chassis de “conduzir e chorar por mais”. Ainda assim, o Uno Turbo i.e. não era conhecido por ser exemplar na dinâmica, muito pelo contrário…

O interior era também ele inovador, sobretudo pela opção de ter um painel de instrumentos totalmente digital, com animações gráficas para a pressão do turbo e temperatura do motor entre outro. Nos restantes, ponteiros não faltavam. Contavam-se pelo menos oito! Para além disso, destacavam-se também os novos bancos desportivos e cintos de segurança vermelhos nos modelos de produção mais tardia.

Uma curiosidade… italiana!

Os modelos iniciais do Turbo i.e. contavam com um motor de 1299 cm3, no entanto e para aproveitar a legislação italiana que permitia limites de velocidade mais altos para automóveis com motores acima dos 1300 cm3, a Fiat reviu o bloco e o Turbo passou a apresentar 1301 cm3.

Mesma potência mas na letra da lei era mais rápido!